Pará é campeão em produtos derivados de extrativismo vegetal

Municípios socialmente pobres, como Portel e Limoeiro do Ajuru, são riquíssimos em commodities apreciadas no resto do país e exterior. Infelizmente, riquezas da terra não se tornam progresso social.

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Além de liderar a extração mineral no país, o Pará também está na dianteira da extração de produtos derivados de florestas. Quem atesta é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou ontem (15) o levantamento consolidado para o ano de 2019 da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), no qual a maior economia da Região Norte aparece com R$ 1,535 bilhão em commodities decorrentes do extrativismo vegetal.

As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que observou que o segundo lugar no ranking, o estado do Mato Grosso, não produziu sequer metade, com seus R$ 672,8 milhões movimentados ao longo do ano passado. Só o que o Pará opera em toras de madeira, R$ 908,7 milhões por ano, já é suficiente para carregar o Brasil nas costas. Além disso, a produção de açaí silvestre sozinha, no total de R$ 465,4 milhões, também ocuparia o 3º lugar no ranking.

No quesito extrativismo vegetal, dois municípios paraenses lideram a produtividade brasileira. Portel, com R$ 255,4 milhões movimentados por ano, e Limoeiro do Ajuru, com R$ 165,9 milhões, são imbatíveis. Por outro lado, eles estão entre os lugares mais pobres do país, ambos com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado baixo. É a mais clara demonstração de que as riquezas da terra não conseguem ser transformadas em desenvolvimento social para essas populações.

Das dez localidades do país com maior peso no extrativismo vegetal, sete são do Pará — além dos dois municípios citados, estão presentes Oeiras do Pará (R$ 117,7 milhões), Santarém (R$ 106,9 milhões), Juruti (R$ 60 milhões), Prainha (R$ 59,6 milhões) e Baião (R$ 58,8 milhões). Municípios economicamente importantes do Pará, do ponto de vista da mineração, como Marabá (R$ 11,8 milhões), Parauapebas (R$ 1,27 milhão) e Canaã dos Carajás (R$ 445 mil), não têm contribuição expressiva no extrativismo vegetal.

Produtos da selva plantada

No quesito silvicultura, o Pará é apenas o 11º do ranking nacional, com contribuição de R$ 213,1 milhões. Na lista, liderada por Minas Gerais (R$ 4,39 bilhões) e Paraná (R$ 3,11 bilhões), a maior parte da produção paraense é de toras de madeira plantada, que movimentam R$ 175 milhões. Em silvicultura, os municípios do estado que mais se destacam são Santa Maria das Barreiras (R$ 42 milhões), Breu Branco (R$ 41,8 milhões), Almeirim (R$ 35 milhões), Paragominas (R$ 34,6 milhões), Dom Eliseu (R$ 12 milhões) e Goianésia do Pará (R$ 10,5 milhões).

Segundo o IBGE, na produção da extração vegetal é investigada toda formação florestal natural e espontânea existente no município, da qual são coletados produtos. Na silvicultura é investigada toda a produção da formação florestal existente no município que tenha sido plantada e conduzida até a colheita pela ação do homem.

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