Ou demite, ou atrasa salários: o dilema de Aurélio Goiano para demitir 2 mil até agosto

Primeiro susto vai ser para pagar férias dos professores em julho, mas não é só isso. Entre janeiro e abril, prefeito inflou folha em 14,5%, entupindo-a de assessores, cujos cargos foram majorados para que gestor tivesse legião de puxa-sacos para aplaudir os malfeitos e rebater críticas nas redes sociais

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Se você for ao Portal da Transparência da Prefeitura de Parauapebas agora e visualizar a indicação de 11.145 nomes na folha (apenas da prefeitura, sem contar os 579 nomes na folha do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parauapebas – Saaep), não se iluda: tem muito mais gente que isso. E essa “galera” vai aparecer no final do mês.

A prefeitura tem dezenas de servidores trabalhando há um ou dois meses sem receber, e que, por isso, ainda não têm o nome lançado no portal. E é esse número cada vez crescente de servidores na folha que vai já já trazer dor de cabeça ao prefeito Aurélio Goiano. Será que ele vai conseguir pagar todo mundo em dia, sem precisar demitir, até agosto?

O Blog do Zé Dudu já havia alertado em diversas ocasiões que o projeto bestial de majoração de assessorias especiais e jurídicas feito por Goiano seria um abacaxi para ele próprio, na tentativa de distribuir cargos a vereadores de sua base e mantê-los aliados. A cada dia que passa, a folha está ficando impagável. O prefeito vai ter de demitir, pelo menos, 2 mil pessoas no meio do ano para ajustar as contas públicas.

Tomando por base a folha de março e o reajuste salarial (correção inflacionária mais ganho real), a despesa com pessoal do Poder Executivo municipal seria de R$ 1.191.673.806,86 em 2025. Já a despesa com vale-alimentação seria de R$ 170.025.953,46 ao longo deste ano. Somando tudo, pelo menos, R$ 1.361.699.760,32 devem parar no bolso dos servidores. Porém, com tanta gente entrando na folha mensalmente, o cálculo feito com dados de março ficou defasado, e é provável que a despesa com pessoal do ano se aproxime de R$ 1,4 bilhão, caso não haja demissões em massa.

O Poder Executivo municipal só não vai, por enquanto, romper os limites de alerta (46,6%) e prudencial (51,3%) previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) porque o desembolso da administração com vale-alimentação não é computado como despesa de pessoal. O vale tem natureza indenizatória. Mas se ele entrasse no cálculo, a governo de Aurélio Goiano teria um problemão à vista, já que os pagamentos aos servidores estão projetados para consumir 51,5% da receita líquida do município.

Despesa subiu 14,5%

Não precisa ser Nobel em matemática ou ter dons proféticos para saber que a prefeitura de Parauapebas gasta muito com a folha, especialmente depois que o prefeito Aurélio Goiano resolveu inflá-la com assessores puxa-saco e servidores temporários sem ingresso por processo seletivo – principalmente na Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), onde, sozinha, a folha de abril disparou 20,5% em relação a abril do ano passado.

Mesmo que a arrecadação líquida deste ano encerre em R$ 2,65 bilhões, conforme expectativa da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz) em relatórios de impacto financeiro, considerável parte dessa receita não pode ser utilizada para pagar pessoal, como é o caso dos royalties de mineração. Pelo desenho da produção mineral em Carajás nos quatro primeiros meses de ano, Parauapebas deve receber cerca de R$ 650 milhões em royalties até o último dia de 2025.

Sobram, assim, R$ 2 bilhões para manusear, mas mesmo dentro dessa receita há recursos vinculados, como os da Educação e Saúde, que só podem ser usados para pagar pessoal das respectivas áreas.

A folha de pagamento da prefeitura de Parauapebas, sem contar o Saaep, vem numa onda crescente sob comando de Aurélio Goiano: R$ 77,876 milhões em janeiro; R$ 84,38 milhões em fevereiro; R$ 86,338 milhões em março; e R$ 89,173 milhões em abril, tendo expandido 14,5% dentro da própria gestão de Goiano sem que uma alma viva o alerte dos riscos e o faça acordar do sonho tresloucado de colocar novos servidores diariamente sem o mínimo critério.

Salário só até agosto

Nessa marcha voraz, Aurélio consumiu 44% da arrecadação com salários no primeiro quadrimestre deste ano e a outra parte evaporou com dezenas de dispensas de licitação que ele fez, sem falar dos contratos que já firmou e pagou na calada da noite, sem qualquer transparência ou com retardo desta. Até agosto, quando precisar quitar compromissos já assumidos com empreiteiros, fornecedores e prestadores de serviços diversos, o recurso para pagar a folha vai começar a ficar escasso, e ela, a folha, é o maior dos compromissos do município porque é despesa corrente.

Em julho, quando tiver de pagar as férias dos professores, a prefeitura vai sentir o primeiro baque. Será um mês de muitos desligamentos de servidores temporários que tiveram contratos firmados em janeiro. Mas os temporários que têm função certa e definida por lei, além de remuneração mais baixa, são mais úteis no quadro da prefeitura que os assessores, cujas atribuições são genéricas e, em sua maioria, ganham só para aplaudir o prefeito e defendê-lo da enxurrada de críticas nas redes sociais, já que nem local de trabalho estes têm.

Ainda assim, há um fosso entre quem precisa trabalhar, quem é realmente útil para o município e quem o prefeito quer que esteja na folha, a bel-prazer, por capricho e vaidade. Resta saber se ele terá peito para encarar a ira até mesmo de seus puxa-sacos se e quando estes perderem a “bocada” ou tiverem os salários atrasados pela falta de sensibilidade do chefe maior em reconhecer que a folha deu o que tinha que dar.

8 comentários em “Ou demite, ou atrasa salários: o dilema de Aurélio Goiano para demitir 2 mil até agosto

  1. Antonio Silva Responder

    a secretária mauranja deve cair no meio do ano . o prefake quer nomear uma nova vítima pra assinar as loucuras e improbidade dele . vai tarde , e q leve seu comboio de incompetentes !

  2. Fábio Pinheiro Responder

    Um verdadeiro desastre essa gestão e tantas medidas imorais e com suspeitas de fraudes, a impressão que se tem é que já tem 2 anos desse governo, mas tudo isso já aconteceu inacreditavelmente em apenas 5 meses de gestão.
    A queda desse prefeito é eminente….

    • Vasconcelos Responder

      sem contar o descrédito da OAB por ter se enfiado na gestão do doido e tá afundando junto com ela …. a presença de meio mundo de advogado na SEMED virou piada até mesmo entre o secretariado ….. e o pior : parece q selecionaram só os piores, os quem não entendem nada de direito , e menos de direito publico e direito administrativo ….. do contrário a própria secretária já teria pedido pra cagar e saído …..

  3. Raimunda Melo Cardoso Ferreira Responder

    Porque só professor , na fila de demissão e culpado por falta de dinheiro. Faça uma varredura na câmara municipal, pq que cada vereador tem mais de 10 acessores? Deixe só 1, como secretário do vereador. E ponha mais auxiliares de turma nas escolas, pq na sal de aula sim, o professor precisa se ajuda.

    • Neide cornelio Responder

      Pq ele está tão preocupado com o atraso de salários por falta de verba se foi ele mesmo que criou está situação criando mais de 600 cargos de assessores ??

  4. Pedro Responder

    Não tem transparência nem nos carros oficiais. Esse desgoverno condenado ao fracasso tá levado a cidade para um buraco sem fundo.

  5. Leila Parsifal Responder

    A gestão de Aurélio Goiano em Parauapebas virou um manual prático de como não cumprir o que se promete. Entre cargos comissionados a rodo, contratos sem licitação e brigas com servidores, sobra discurso e falta coerência. Transparência? Só se for a do vidro do carro oficial. Enquanto isso, a população assiste de camarote ao espetáculo, esperando – quem sabe – que um dia a administração governe de fato para o povo.

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