MT propõe e chineses querem construir ferrovia para transportar commodities ao porto de Santarém

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A cidade de Santarém fica à margem direita do Tapajós

Uma ferrovia ligando Mato Grosso ao Pará. O protocolo de intenções firmado recentemente em Pequim pelo governador Silval Barbosa e a estatal China Railway Engineering Corporation (Crec) é um sonho que pode se realizar.

Esse trajeto é considerado viável porque atende interesses da China e brasileiros. Na tentativa de tirá-lo do papel o quanto antes, Silval inicia amanhã uma viagem de carro a Santarém liderando empresários, autoridades federais do setor de transporte, políticos e sindicalistas que terão como companheiros de percurso uma delegação chinesa que estará de olhos bem abertos ao longo do caminho nos dois estados.
Os chineses estão dispostos a construir uma ferrovia entre Cuiabá e Santarém para atender às demandas regionais, exportação para os quatro cantos do mundo, mas, sobretudo, para servir de escoamento ao seu país da safra de soja do médio norte e Nortão que é imprescindível à política de segurança alimentar que garante o pão de cada dia para um bilhão e trezentos e trinta e oito milhões de pares de olhos puxados.

Não há trajeto definido para o trem e mais difícil que a construção da ferrovia é derrubar as barreiras ambientais para a obra, que até o momento os chineses ainda não estimaram o custo, mas que seguramente terá valor balizado no mercado internacional do setor ferroviário.

Pequim tem o maior interesse na construção dessa ferrovia, porque depende da soja de Mato Grosso. A china é a maior economia mundial (PIB de US$ 28,1 trilhões) e tem possibilidade de continuar crescendo no setor industrial num ritmo que supera as demais potências. Porém, sua produção agrícola chegou ao teto, mas sem alcançar o equilíbrio entre demanda e oferta, o que leva o governo comunista do presidente Hu Jintao a importar alimentos.

Com mais de 9,5 milhões de quilômetros quadrados – o equivalente ao Brasil mais uma área igual a do Pará – os chineses enfrentam problemas com deserto, neve, topografia acidentada e adversa ao cultivo mecanizado e não conseguem colher duas safras anuais cheias como acontece em Mato Grosso onde a safra de verão e a safrinha registram volume de produção e de produtividade invejáveis.

A China tem pressa em todos os projetos de segurança alimentar e a ferrovia de Cuiabá para Santarém é um deles. A correria é porque a fome ronda os estômagos chineses. Por isso, será preciso objetividade institucional brasileira nessa questão para que o trem apite o quanto antes em Santarém e que suas cargas sejam embarcadas em navios para o outro lado do mundo.

Se construída essa ferrovia ocupará o vazio de uma das partes abandonadas pela América Latina Logística (ALL) da concessão ferroviária de São Paulo a Cuiabá e desta cidade para Santarém e Porto Velho (RO). A ALL somente se interessa pelo trecho até Rondonópolis e, sem apresentar justificativa contundente abriu mão do direito de construir e explorar o restante da malha.

O trem da ALL apita neste mês em Itiquira distante 112 km de Alto Araguaia que é o atual ponto mais ao norte da ferrovia (e que dista 1.410 km de Santos). Mesmo antes da chegada dos trilhos ao terminal de embarque de grãos em obra naquele município a obra avança rumo a Rondonópolis, 138 km ao norte.

O trecho ferroviário em construção entre Rondonópolis a Cuiabá (em torno de 240 km) desafia Brasília e não atrai empresários. A China não se interessa por essa questão. Para ela o que conta é o porto de Santarém, porque ao norte de Mato Grosso estão as lavouras de soja que são importantes para a segurança alimentar direta e indireta (com a ração suína, bovina, de aves e pequenos animais) de sua população.

Fonte: Diário de Cuiabá

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