A máxima pessimista da Lei de Murphy de que nada é tão ruim que não possa piorar parece estar abraçando, e com força, a economia de Parauapebas. Dados recém-divulgados da balança comercial revelam que, em março, a Capital do Minério registrou o pior volume de exportações dos últimos sete anos, com embarques que totalizaram 300,99 milhões de dólares, queda de 25% em relação aos 402,99 milhões de dólares transacionados no mesmo mês do ano passado.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu e trazem um alerta chocante, mas que talvez não seja mais novidade para quem lê o Blog frequentemente: pela primeira vez desde que se ergueu como município, em 1988, Parauapebas deixa de ser um dos dez maiores exportadores de commodities do Brasil em dois meses consecutivos (fevereiro e março).
E tem mais: pela primeira vez em um trimestre, o município foi superado por não apenas um, mas por dois municípios paraenses na balança comercial, Canaã dos Carajás e Barcarena, cena em relação à qual muitos parauapebenses sempre preferiram fazer vista grossa e desacreditar.
O que o ranqueamento traz nas entrelinhas, para além de troca de posições entre um município e outro, é muito simples de entender: a produção mineral está definhando e, por consequência, os impactos nas finanças do município no médio prazo serão avassaladores.
Todo mundo em Parauapebas sabe que no início de cada ano a extração do principal produto da pauta econômica local, o minério de ferro, cai. Isso se deve às chuvas abundantes que se abatem sobre a Serra Norte de Carajás, e está tudo certo. O problema é que, de 2017 para cá, a estratégia de negócios da mineradora multinacional Vale, que extrai o ferro, é realmente reduzir a lavra do minério para compensar o aumento da produção na Serra Sul, em Canaã dos Carajás.
Sim, a jogada que faz a produção física de minério de ferro diminuir vai além das chuvas. A Vale age de forma estratégica pensando em si, e tão somente em si, e Parauapebas vai precisar a aprender a se acostumar com isso, uma vez que cada passo da mineradora, para bem ou para mal, afeta o dia a dia da Capital do Minério — que, aliás, já pode repassar esse título à vizinha Canaã, que acaba de se tornar a maior produtora de minério de ferro do país em definitivo.
Impacto da queda das exportações
Quando a produção de minério cai em Parauapebas, desaba também a cota dos royalties de mineração. A produção que entrou na balança comercial de março, por exemplo, vai gerar a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) de maio, e o Blog do Zé Dudu é líder nacional em antecipar os cálculos dessa receita patrimonial.
Para o mês que vem, a Cfem de Parauapebas vai ficar na faixa entre R$ 35 milhões e R$ 40 milhões, enquanto a compensação de Canaã dos Carajás ficará na casa dos R$ 60 milhões. No caso de Parauapebas, o valor estimado para maio é superior à cota deste mês de abril, mas muito abaixo dos padrões de “consumo” do município, cujas despesas, principalmente com pessoal, têm se elevado sobremaneira.
Em 2024, considerado um ano ruim quanto ao recolhimento de royalties, a prefeitura de Parauapebas recebeu R$ 48,24 milhões. Em 2021, auge da arrecadação, o município viu os cofres serem abarrotados com impressionantes R$ 114,75 milhões em maio.
Agora, a situação é dramática, e a administração municipal precisa conter o ímpeto de gastar. Nos primeiros três meses completos deste ano, o governo de Aurélio Goiano empenhou R$ 848,02 milhões em despesas, mais de um terço dos R$ 2,254 bilhões de orçamento autorizados. Foram empenhados, em média, R$ 282,67 milhões por mês, muito acima da efetiva capacidade de pagamentos da prefeitura de Parauapebas, cuja receita líquida, atualmente, é de R$ 220 milhões em média.
A conta não fecha, e a se manter nesse pique de gastança nunca antes visto na história do município, o orçamento municipal será estourado em agosto. Para piorar, o município ainda não começou a pagar as contas graúdas que o prefeito fez por meio de dispensas de licitação a torto e a direito e adesões a atas de origem duvidosa, tudo com empresários de fora. Se ele não abrir os olhos, os recursos de Parauapebas vão, mais uma vez, irrigar as contas de forasteiros e deixar um buraco maior que o de Carajás no colo da população.
4 comentários em “Minério de Parauapebas tem pior março em 7 anos e vai derrubar Cfem de maio”
Com esse desgoverno dos incompetentes, Parauapebas vai pro buraco de vez!
Lembrando que estamos com queda das exportações por conta da diminuição da demanda e queda também dos preços !
Será daqui para frente assim a lavra e beneficiamento de mi nerio no S11D e imbativel aliado ao custo baixíssimo !!! Que venha outros investimentos da Vale para amenizar ( cimenteira) será q ajudara?
O Paranaense incompetente deichou o buraco feito,e se o goiano não vigiar cai dentro.
Certo estava o ex-veriador Adelson que pregava, vamos gastar com responsabilidade que o nosso minério está acabando.