Marabá: Colonos clamam por infraestrutura em estradas vicinais

Pequenos produtores rurais vivem, literalmente, na corda bamba e reclamam da ausência do poder público

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Pequenos e médios produtores rurais que vivem no Projeto de Assentamento (PA) Tamboril, na região da Vila Santa Fé, zona rural de Marabá, sudeste do Pará, estão tendo muitas dificuldades para escoar suas produções agrícolas. As estradas vicinais são de péssima qualidade, e, onde são cortadas por algum rio ou igarapé, a situação fica ainda pior. Não há pontes. Essas áreas são servidas pelas famosas “pinguelas”, muito comuns no interior.

Esta semana o repórter foi procurado por alguns moradores do PA Tamboril, quando relataram o verdadeiro drama que vivem na época da colheita. Sem estradas adequadas e sem pontes seguras, quem se arrisca corre o risco de sofrer acidentes. Muitos já tiveram enormes prejuízos, pela falta de condições de escoar seus produtos para os centros de consumo.

O agricultor Leônidas Vicente é um dos que sente na pele o drama de trabalhar nessa, segundo ele, “parte esquecida pelo poder público do município”. Leônidas tem na produção de leite uma de suas principais atividades. É o que garante o sustento da família. Mas as dificuldades, segundo ele, são muitas para colocar o produto junto ao mercado consumidor.

Alfredo Silva, vizinho de Leônidas, corrobora do sentimento de abandono que ele e outros produtores da região sentem. “O ano todo é de sofrimento. No inverno é o lameiro e no verão, como está agora, é poeira e ‘puaca’ para infernizar nossas vidas”, reclama o colono.

Tanto Leônidas Vicente quanto Alfredo Silva reclamam também das “pinguelas”, aquelas pranchas de madeira que servem, de forma paliativa, de pontes nos locais cortados por rios e igarapés. E que não são poucos. Ambos já presenciaram acidentes nessas verdadeiras “armadilhas”. “Teve companheiro que já tombou em um desses rios e perdeu toda a produção que estava carregando”, conta Leônidas. Sem falar no prejuízo do próprio veículo. “Escapou com vida por milagre”, lembra.

Para Sezostrys Alves, ex-vereador de Palestina do Pará, é inadmissível que em pleno ano de 2023 ainda se presencie situações tão caóticas, segundo ele, como a vivida pelos moradores do PA Carajás Tamboril. Aliás, lembra ele, uma realidade que se repete também por outros assentamentos e vilas da zona rural de Marabá.

Sezostrys diz que isso é “uma visível falta de compromisso para com o homem do campo, que tanto produz e contribui com a arrecadação municipal”. O político, que tem profunda afinidade com a Vila Santa Fé, já que também possui terras naquela região, lembra que o volume de produção agrícola que sai daquela área, bem já merece pontes decentes de concreto armado.

“Por aqui passam carretas e mais carretas carregadas de gado, minério, cargas de açaí, produção de leite, entre outros produtos. Está mais que na hora de garantir mais segurança para os usuários dessa região”, reivindica Sezostrys.

Recesso

O repórter tentou contato com o presidente da Câmara Municipal de Marabá (CMM), vereador Alécio Stringari, para saber de algum posicionamento do Poder Legislativo em relação ao problema, bastante recorrente, vivido por centenas de moradores da região da Vila Santa Fé e outras zonas rurais do município. Por conta do recesso parlamentar, não foi possível estabelecer comunicação. Alécio Stringari tem estreita relação com a Vila Santa Fé, entre outras comunidades daquele eixo de produção agrícola e mineral.

(Colaboração do jornalista Nilson Santos, de Marabá)