Lya Luft: a idade e a mudança

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"A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos". Lya Luft

Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher. Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades. E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.

Foi um momento inesquecível…a platéia inteira fez um ‘oooohh’ de descrédito. Aí fiquei pensando:

Pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho?

Onde é que nós estamos? Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado ‘juventude eterna’. Estão todos em busca da reversão do tempo. Mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.

Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.A fonte da juventude chama-se "mudança".

De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.

A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas. Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.   ( ??? )

Mudança, o que vem a ser tal coisa?

Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho. Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.

Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos. Rejuvenesceu.

Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol. Rejuvenesceu.

Toda mudança cobra um alto preço emocional. Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza. Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.

Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna. Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

Olhe-se no espelho…

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8 comentários em “Lya Luft: a idade e a mudança

  1. Wdson Magalhães Responder

    poxa vida! Concordo Plenamente com você luz do dia, foi uma das melhores postagens do blog, desde quando acompanho.

    Sempre acreditei que as mudanças na vida são sempre necessárias… fazem parte do ciclo normal da vida. Uns se desesperam com as alterações que sofremos dia-a-dia, com a mudança de aparência (envelhecimento). Tentam desesperadamente conter ou reverter esse quadro inevitável, pois todos, desde o Presidente dos EUA até o mendigo que dorme na rua agora, vai envelhecer. O que se esquecem é que a verdadeira mudança nunca será a de “fora” e sim a de “dentro”, plásticas, cremes, roupas…mudam tudo, menos ele mesmo! O agir, o pensar, o fazer ainda esta igual, só de casca nova.

    Para mim a verdadeira mudança começa com pensamentos, evolui para atitudes, amadurece em hábitos e colhe resultados…

    Mudar faz você ver fatos, decisões e atitudes que você tomou ou irá tomar por outra pesperctiva; mudar nos faz crescer, seja no âmbito físico, como profissional, como sentimental, como também espiritual, digo isso por experiência própria. No entanto, há sempre algum entrave de mudar, sendo o principal: MEDO. É intrínseco da natureza humana temer o desconhecido, por isso o medo de mudar, pois nunca saberemos plenamente o que virá, não podemos controlar plenamente as consequências, porém poderemos passar o resto da vida nos lamentando por não ter mudado, poderemos estar deixando oportunidades, ou “a oportunidade” por temer e não arriscar.

    “Crescimento significa mudança, e toda mudança implica o risco de passar do conhecido ao desconhecido.”

    George Shinn

    Aqueles que se ousaram a mudar… no meu humilde ponto de vista (Sou apenas um jovem cidadão), sugiro que resistam ao medo do novo, vejo isso como o primeiro passo para a mudança real, o resto virá naturalmente.

    Wdson Magalhães

  2. Fermina Daza Responder

    Querido Zé,
    Você escolheu muito bem o texto. Eu quase não li nada da Lya Luft, mas agora, depois deste escrito, uma curiosidade está me dando beliscões pelo corpo.
    As mudanças sempre serão dolorosas, sempre cortarão um pedaço de nós. Nos levará as pessoas, os empregos, as casas, as roupas, os brinquedos e só deixarão um rastro incômodo de saudade e vazios. Infelizmente a ânsia pela permanência nos fez construir um arsenal de prisões pra que continuemos os mesmos o tempo todo. Desse arsenal, os mais daninhos são os remédios. Remédios que usamos pra dormir e não viver a dor da perda de alguém amado. Remédios que usamos pra esquecer que vivemos uma vida sem sonhos. Remédios que usamos pra emagrecer sem ter que mudar de hábitos alimentares e nem aceitar-se a si mesmo.
    A indústria farmacêutica, percebendo a nossa enorme vontade de parar o tempo, mostrou-se pródiga em promessas. Ela nos fez acreditar que as rugas eram motivos de vergonha e não de orgulho, e nos deu os cremes e poções. Nos fez acreditar que os cabelos brancos não são sinais de uma vida de trabalho e dedicação, e sim o prêmio triste por uma derrota, a derrota de ter envelhecido. Nos fez acreditar, enfim, que o importante é parecer jovem, e não sentir-se jovem em qualquer idade. Então, passamos a ver senhoras com peitos duros, saradas, mas com preconceitos e atitudes de anciãos de 80 anos.
    A mim, uma jovem senhora mãe de uma filha quase adolescente, me preocupa mais aceitar as mudanças dessa fase na vida da pequena do que quantidade de rugas que eu posso evitar não me envolvendo com a criação dela.
    Passo então a um chamado: vamos, senhoras, não tentem parecer com os jovens, pois assim vocês só conseguem diminuir o respeito que eles têm pela vossa experiência de vida. Mostrem que a beleza está além da pele e do corpo e que sim ela, a beleza, pode ser sua companheira em qualquer momento da vida.
    Sinceramente,

    Fermina Daza

  3. Nome (obrigatório) Responder

    Daqui a sete dias vou sair da casa dos meus pais pra fazer faculdade em Gurupi TO “morar só” tenho 18 anos…. Essa é uma mudança que nao gostaria de fazer. Isso nao seria necessario se Parauabas tivece um polo universitario. Sao atitudes de um individuo q ferram todo um coletivo

  4. Nome francisco das chagas bentes Responder

    Sempre muito inteligente as crônicas dessa gaúcha formidável! Uma de suas de suas últimas abordagens foi o que ela chama de “efeito manada”, ou seja, a massificação de comportamento das pessoas através da influência midiática. Aqui no Peba a coqueluche são as lipos, etc.

  5. MARIA Responder

    NUNCA É TARDE PRA RECOMEÇAR UMA NOVA VIDA E SER FELIZ. SE FOR PRA MUDAR, VC PRECISA COMEÇAR POR DENTRO, PRA DEPOIS MUDAR POR FORA. ÀS VEZES NA VIDA, PRECISAMOS DAR UM PASSO PRA TRÁS, PRA DEPOIS DAR DOIS PRA FRENTE. ESSA É PARA AS MULHERES QUE VIVEM INFELIZES COM UM ORDINÁRIO AO LADO. APANHANDO, CHORANDO E SENDO MASSACRADA. COM TRAIÇÕES, XINGAMENTOS E DESPRESO. QUEM VAI PERDER É ELE. PENSE NISSO!

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