Investigações sobre a Guerrilha do Araguaia serão reabertas

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O governo vai tentar encontrar, até 2014, restos mortais de desaparecidos durante a Guerrilha do Araguaia. Uma portaria dos ministérios da Defesa e da Justiça, além da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, reativou o grupo de trabalho. A equipe atuará na região norte de Tocantins e em parte do estado do Pará.  O Grupo de Trabalho Araguaia (GTA) foi criado em 2009, por meio da Portaria do Ministério da Defesa n° 567.

Além de representantes dos governos de Tocantins e Pará, o grupo será formado por peritos das polícias Federal e Civil do Distrito Federal, membros do Ministério Público e especialistas no tema. “Os trabalhos do  GTA possibilitarão a resolução de questões relativas aos direitos dos familiares das vítimas e ao resgate da história recente do País, cumprindo assim com um dos deveres da democracia, que é condenar violações aos direitos humanos, ainda que no passado”, considera o professor da Universidade Federal do Pará, Durbens M. Nascimento, pesquisador da Guerrilha do Araguaia.

O professor explica que, segundo a Portaria, “cabe à União informar a localização e identificação dos corpos dos que atuaram no Movimento, usando as informações sigilosas, mantidas sob a guarda das Forças Armadas, assim como  depoimentos dos pesquisadores, que se debruçaram sobre o assunto, e de integrantes das outras versões do Grupo, sob a denominação de Grupo de Trabalho Tocantins (GTT) e, finalmente, o GTA espera contar com os depoimentos de moradores da região.”

“As escavações têm o objetivo de localizar e identificar os restos mortais dos militantes do Partido Comunista do Brasil, camponeses e militares que se envolveram na Guerrilha do Araguaia, durante as décadas de 60 e 70. Bergson Gurjão Farias e Maria Lúcia Petit, por exemplo, foram guerrilheiros que já tiveram seus corpos encontrados”, comenta o pesquisador.

Região – Situada entre os Estados do Pará, Tocantins e Maranhão e conhecida como “Bico do Papagaio”, a região onde ocorreu a Guerrilha é de grande importância histórica para o Brasil. Durante as primeiras buscas do GTA, iniciadas em 2009, foram localizadas três ossadas, que podem ser de vítimas do confronto entre os militares e integrantes do PCdoB.

Revolução socialista – A Guerrilha do Araguaia foi um movimento existente ao longo do rio Araguaia, entre as décadas de 60 e 70. Criado pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B), tinha como objetivo realizar uma revolução socialista, que seria iniciada no campo, usando como exemplo as revoluções ocorridas em Cuba e na China.

O governo da ditadura brasileira combateu os guerrilheiros a partir de 1972, quando vários dos integrantes já haviam se estabelecido na região há pelo menos seis anos. O confronto aconteceu na divisa dos estados de Goiás, Pará e Maranhão, próximo às cidades de São Geraldo do Araguaia e Marabá, no Pará, e Xambioá, em Tocantins.

Atualmente, o Governo Federal estima que o movimento era composto por cerca de oitenta guerrilheiros, sendo que destes, menos de vinte sobreviveram. A maior parte dos combatentes era formada por estudantes universitários e profissionais liberais, a maioria foi morta em combate na selva ou executada após sua captura pelos militares, durante as operações finais, entre 1973 e 1974, dezenas deles são consideradas ainda hoje como desaparecidos políticos.

Texto: Yuri Coelho – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos:  Grupo de Trabalho Araguaia (GTA)

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