Em torno da causa gay

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Por Ruy Fabiano *
Toda a campanha em favor da causa gay, e que orienta a aprovação do projeto de lei 122, em tramitação no Senado, parte de uma mesma premissa: haveria, no Brasil, um surto de homofobia – isto é, hostilidade e ameaça física aos gays.

A premissa não se sustenta estatisticamente. Os números, comparativamente aos casos gerais de homicídios anuais no país – cerca de 50 mil! -, são irrelevantes.

Segundo o Grupo Gay da Bahia, de 1980 a 2009, foram documentados 3.196 homicídios de homossexuais no Brasil, média de 110 por ano.

Mais: não se sabe se essas pessoas foram mortas por essa razão específica ou se o crime se deu entre elas próprias, por razões passionais, ou pelas razões gerais que vitimam os outros 49 mil e tantos infelizes, vítimas do surto de insegurança que abala há décadas o país.

Se a lógica for a dos números, então o que há é o contrário: um surto de heterofobia, já que a quase totalidade dos assassinatos se dá contra pessoas de conduta hetero.

O que se constata é que há duas coisas distintas em pauta, que se confundem propositalmente e geram toda a confusão que envolve o tema.

Uma coisa é o movimento gay, que busca criar espaço político, com suas ONGs e verbas públicas, ocupando áreas de influência, com o objetivo de obter estatuto próprio, como se opção de conduta sexual representasse uma categoria social.

Outra é o homossexualismo propriamente dito, que não acrescenta nem retira direitos de cidadania de ninguém.

Se alguém é agredido ou ameaçado, já há legislação específica para tratar do assunto, independentemente dos motivos alegados pelo agressor. Não seria, pois, necessário criar legislação própria.

Comparar essa questão com o racismo, como tem sido feito, é absolutamente impróprio. Não se escolhe a raça que se tem e ver-se privado de algum direito por essa razão, ou previamente classificado numa categoria humana inferior, é uma barbárie.

Não é o que se dá com o homossexualismo. As condutas sexuais podem, sim, ser objeto de avaliação de ordem moral e existencial, tarefa inerente, por exemplo (mas não apenas), às religiões.

Elas – e segue-as quem quer – avaliam, desde que existem, não apenas condutas sexuais (aí incluída inclusive a dos heterossexuais), mas diversas outras, que envolvem questões como usura, intemperança, promiscuidade, infidelidade, honestidade etc.

E não é um direito apenas delas continuar sua pregação em torno do comportamento moral humano, mas de todos os que, mesmo agnósticos, se ocupam do tema, que é também filosófico, político e existencial.

Assim como o indivíduo, dentro de seu livre arbítrio, tem a liberdade de opções de conduta íntima, há também o direito de que essa prática seja avaliada à luz de outros valores, sem que importe em crime ou discriminação. A filosofia faz isso há milênios.

Crime seria incitar a violência contra aqueles que são objeto dessa crítica. E isso inexiste como fenômeno social no Brasil. Ninguém discute o direito legal de o homossexual exercer sua opção. E a lei lhe garante esse direito, que é exercido amplamente.

O que não é possível é querer dar-lhe dimensão que não tem: de portador de direitos diferenciados, delírio que chega ao extremo de se cogitar da criação de cotas nas empresas, universidades e partidos políticos a quem fez tal opção de vida.

Mesmo a nomenclatura que se pretende estabelecer é falsa. A união de dois homossexuais não cria uma família, entendida esta como uma unidade social estabelecida para gerar descendência e permitir a continuidade da vida humana no planeta.

Casamento é instituição concebida para organizar socialmente, mediante estatuto próprio, com compromissos recíprocos, a geração e criação de filhos.

Como aplicá-lo a outro tipo de união que não possibilita o que está na essência do matrimônio? Que se busque então outro nome, não apenas para evitar confusões conceituais, mas até para que se permita estabelecer uma legislação que garanta direitos e estabeleça deveres específicos às partes.

Há dias, num artigo na Folha de S. Paulo, um líder de uma das muitas ONGs gays do país chegou a afirmar que a heterossexualidade não resultaria da natureza, mas de mero (e, pelo que entendi, nefasto) condicionamento cultural, que começaria já com a criança no ventre materno.

Esqueceu-se de observar que, para que haja uma criança no ventre materno, foi necessária uma relação heterossexual, sem a qual nem ele mesmo, que escrevia o artigo, existiria.

Portanto, a defesa de um direito que não está sendo contestado – a opção pelo homossexualismo – chegou ao paroxismo de questionar a normalidade (e o próprio mérito moral) da relação heterossexual, origem única e insubstituível da vida. Não há dúvida de que está em cena um capítulo psicótico da história.

* – Ruy Fabiano é jornalista

13 comentários em “Em torno da causa gay

  1. Elton Responder

    Bem Sou gay assumido e sinto na pele todos os dias o preconceito das pessoas, assistindo ao programa CQC na Band pode ver o quanto a nossa sociedade è Hipócrita no reportagem do programa perguntava – se as pessoas eram a favor da União Estavel de Gays, Na frente da Camera todos dizem que sim mais, o Rafinho antes de Gravar fazia a pergunta com a Camara ligada sem que as pessoas percebecem que a camara tava gravando, e ai todas falam coisas do tipo ” Sou Contra por é muita falta de vergonha ” e outra coisas que eu prefiro não comentar, conclusão as pessoas são cinicas quem de vocês que comentaram aqui neste blog, que não conhece um gay não temos culpa de sermos gays alias se todo mundo escolhecer seu destino não tinha nimguem pobre, e assim como as profissionais do Sexo existem desde de os tempos de Jesus os gays tambem é sô pesquisar antes de falar qualquer besteira, Não vou julgar todos mais a maioria dos heteros ja tiveram algum envolvimento com gays, fato é esses mesmos pais de familia que nos condenam quando estão precisamdo suprir suas necessidades precuram os gays falo isso por que conheço gays que ja me retaram isso, mais é meio estranho ne em um mundo de hipócrisia a onde os mais errados querem mudar o mundo, ja vi tanta coisa Ze dudu de pais que dizem: ” Prefiro ver meu filho morto do que um Gay ” Ou ” Se meu filho for Gay eu mato” Acho tão estranho um pai dizer isso pro um filho, qual é o problema de ser gay, somos pessoas, pagamos impostos, não somos diferentes dos demais somos apenas diferentes na forma como amamos, Não somos tristes estamos sempre alegres e olha Ze Dudu que nos temos motivos para não sermos felizes com tanto preconceito mais mesmo assim nos não abaixamos a cabeça e seguirmos em frente.
    O que me causa mais irritação e que as pessoas sempre utilizam a religião para nos maltratar e falar que somos estranhos e que estamos doentes mais eu digo que doente são aqueles que não se curam de uma doença chamada ” Preconceito “, Ao longo de meus 20 anos de vida eu sei bem o que é ser gay não é facil mais eu me amo do jeito que eu sou alias a minha familia me adora pelo que eu sou. Quanto a religião acho que so cabe aos deus Julgar os outros por que eu digo quem es tu para me julgar pelo que eu sou, tambem tem aquela frase que diz deus fez o homen para mulher bla bla bla, se ele fez é então por que nos existimos em ? deixo essa pergunta no ar para que todos deste forum estudem.

    Ps: Ze dudu perdoe os erros que escreivir com pressa.

    Sugestão: Ze Já pensou em criar junto com este blog um forum de discusão seria bem legal e cada dia você escreveria um artigo e joga no forum para as pessoas discutirem.

    A Homosexulidade Humana existe desde de os tempos de Jesus.

  2. Hebber Kennady Responder

    Gilvan,

    Quem deveria ser caso de saúde pública é a sua doença: o preconceito.

    Só para constar aos demais: é Homossexualidade e não “Homossexualismo”. Não é “Opção Sexual” e sim “Orientação Sexual”. Ninguém escolhe ser gay, bi, trans ou lésbica. Por isto, aconselho aos preconceituosos de plantão:

    Vão ler mais gente…pára de preconceito…tem o google aí, hoje em dia, há livros de graça para baixar da internet. Um pouco mais de informação não faz mais a ninguém, evita ficar comentando coisa da qual não tem conhecimento.

    Quanto aos comentários “dar a bunda”. Porque alguns heteros, aqui nestes comentários, se julgam tão melhores que os homossexuais? usam palavras “chulas” para remeter a um comportamento sexual, como se algumas mulheres também não fizesse sexo anal e alguns deles não gostassem de praticar com elas tal ato entre quatro paredes. Alguém aí, já ouviu esta palavra: “Heteronormalidade” ?? Pois, pronto se alguns não sabem… deveria conhecer, ao mínimo, antes de falar bobagens. http://www.google.com

    Uma vez, com um desconhecido hétero no bar, ele estava mostrando e esboçando com palavras e gestos todo o seu pensamento preconceituoso em relação aos homossexuais. Daí, eu perguntei:

    – Você gosta de ver duas mulheres transando, neh?
    – Sim. Ele respondeu.

    Aí, fui analisando. Quer dizer que duas mulheres transando na tua cama…não é homossexualidade? Mas, 2 homens transando seria caso de doença e deveriam tomar vergonha na cara? é isto?

    Enfim, ele ficou calado. Deste modo, antes de falar asneiras, bobagens, etc. Procurem olhar para seu próprio umbigo. O comportamento hétero não difere muito dos homossexuais. Contudo, a figura do masculino remete ao conceito machista do homem que deve ser macho e tal comportamento sexual não pode ser tolerado. Pq?

    Sempre existirão heteros, bi e homossexuais. Para que ter tanto medo? Afinal, a homossexualidade e a heterossexualidade sempre fizeram historicamente parte do cotidiano das relações humanas. Quem condenou as práticas homossexuais foi a Igreja. (Recomendo ler a sociedade grega e romana, etc.)

    Sou a favor da diversidade e o respeito à dignidade humana. Vamos acabar com este preconceito!!! basta!!

    PS: Este jornalista realmente precisa ler mais para que possa realizar uma abordagem mais profunda em relação à sexualidade humana e à violência existente contra os homossexuais. Não me convenceu!

  3. Gilvan da Van Responder

    Gays deveriam ser tratados pelo Estado como caso de saúde pública. Aceitar tal situação como normal é fugir dos principios básicos da igreja e de todas as religiões.

  4. Zilda da Conceição Responder

    Eu concordo com o jornalista. Até mesmo os posicionamentos de quem concorda não são consistentes, são vazios e pparece mesmo palanque político. Os gays viraram um filão de conquista política; que coisa triste. Não deveria ser assim. Hoje em dia tudo o que se faz tem que ver a política em primeiro lugar, se o posicionamento vai ferir alguém ou se vai trazer prejuízo. Muito disso é porque quem é contrário ao homossexualismo e seus pretensos direitos não sabem fazê-lo como o jornalista Ruy fez, sem discriminar nem ofender. Aí eles ficam com os chavões criados sem que nem pra que: ah, não é homossexualçismo, é homossexualidade. Ah, não é opção sexual, é orientação sexual; cuidado, isso é homofobia! que bobagem. É anomalia sim. É anormalidade sim. Se 90% deles pudessem escolher, não seriam gays. Sendo gays, tem que se adequar a um mundo que nunca verá como normal uma DUPLA querendo ser um CASAL.Não tem movimento GLS nenhum que irá mudar isso. É da natureza humana o homem formar uma família com uma mulher. Ah, e sou radicalmente contra qualquer violência contra qualquer pessoa, incluindo os homossexuais, que já são tão sofridos por serem como são. Mas não posso nem quero ser favorável ao que alguns deles querem.

  5. Nome Antonio Pedro Cunha Responder

    O problema é que a defesa dos homossexuais não é legítima. ‘Algumas pessoas’ somente o fazem ( e enfaticamente) para angariar dividendos políticos. Estamos reféns do “politicamente correto”. CRIOU-SE UM FALSO MITO DE NÃO SE PODE FALAR DO QUE NÃO É ‘POLITICAMENTE CORRETO’. So quem tem coragem é que fala o que pensa mesmo. E o que eu penso é que não existe o espaço que os homossexuais querem, nunca haverá. Não há ninguém em sã consciência capaz de achar correto o homossexualismo. Ninguem quer ter filho gay. POrque ele sofre, a sociedade exclui, rotula, desrespeita. A defesa disso virou uma praga, como uma ‘religião’. Corre-se o risco de ficarmos reféns desse povo; até o STF teve medo deles, tudo por culpa da mídia, da televisão, que estabelece o ‘anormal’ como correto. Essa novela “insensato coração” ( eta nome sugestivo para ela) tem cinco nucleos com homossexuais. Porque? O tal Gilberto Braga é “casado” com um homossexual. O Aguinaldo Silva é gay, o Walcyr carrasco é gay. nada contra a opção sexual deles mas vir querer ensinar aos nossos filhos que isso é bom, é normal, já é demais! Até mesmo a Globo tá achando fora do ponto tanta ‘bichice’. E o que mais me deixa triste é a defesa vazia do “idealismo” gay por conta de ganhar a simpatia deles. Dizer que o mundo vive um surto de conservadorismo é curioso. Nunca se viu tanto desrespeito, tanta devassidão, tanta falta de limites como a que existe hoje. Agora, o fato de eu não permitir que minhas filhas vejam novelas da globo é conservadorismo meu? Não mesmo! Eu quero defendê-las porque sou pai e quero o melhor para elas. É, no mínimo, coerente, que se mostre as coisas como elas realmente são. Falei?

  6. Kid80@hotmail.com Responder

    Quanta servegonhisse, antigamente as familias eram valorizadas, hoje em dia qualquer viado q quer passar a vida dando a bunda p outro, ja pode se considerar um casal como pái de familia….

  7. Jorge Clésio Responder

    Muito boa análise do Jornalista, porém foi uma retrospectiva da realidade atual, que é uma pouca vergonha, já o comentário do Srº Cláudio feitosa limita-se a opiniões de muitas pessoas pobre mentais sobre o desenvolvimento de uma sociedade, que sendo visionário, qualquer pessoa percebe que acabará em nada com certas opiniões que defendem, essas pessoas que só sabem dizer que são felizes em sua defesa.

    * Fico impressionado quando vejo um debare desse mesmo segmento onde o idealizador sempre traz uma pessoa conhecedora de assuntos convincentes e contra ele trazem um Gay que só sabe dar a buda e dizer somos felizes daí todos levantam e aplaudem. esse tipo de pessoa não traz futuro nenhum.

  8. claudio feitosa Responder

    O jornalista se equivoca em todos os preceitos: chama de opção sexual o que se constitui como condição; repele uma suposta comparação da questão sexual com a racial (sic), indo por um viés ultrapassado, já que a ciência moderna fez cair por terra o conceito de raça e, por último, vai às raias da ignorância quando diz que o casamento existe para a procriação, esquecendo-se que tanto a biologia – nos casos de infertilidade de um dos cônjuges – quanto a ciência – que deu solução ao problema da infertilidade – estão aí para desmentir tal tese.

    A família existe porque as pessoas se amam e querem ficar juntas. Além disso, há determinantes econômicas e sociais que são anteriores e mais profundas que as questões de caráter religioso.

    Além de todas essas incongruências, o jornalista mistifica quando tenta desmistificar: analisando os números de assassinatos chega à conclusão simplória, quando não busca estatísticas retiradas dos boletins de ocorrência e dos inquéritos policiais cujos dados poderiam dar-lhe mostra sobre motivação dos crimes ocorridos com homossexuais. Só então poderia escrever sobre o assunto com propriedade.

    Seguindo a lógica do jornalista, podemos dizer o seguinte: a segunda guerra mundial, pelos números, não pode sofrer a acusação de ter sido um momento de particular expressão do preconceito contra judeus. Por quê? Simples. Pela frieza dos números, os cerca de seis milhões de judeus mortos pode ser diluído se comparados aos quase 50 milhões que morreram e professavam outras religiões, ou ainda, se levarmos em conta os quase trinta milhões de soviéticos mortos na guerra. Neste mundo dos números, o anti-semitismo hitlerista pode até perder a força enquanto fenômeno sócio cultural.

    Não há dúvida que o mundo vive um surto de crescimento do pensamento ultraconservador. A homofobia, o recrudescimento do anti-semitismo, o sionismo e o anti-islamismo, além do nacionalismo europeu, que vive a produzir notícias de violência contra imigrantes africanos, fazem parte do mesmo caldo cultural da intolerância.

    Esse debate sobre união civil de homossexuais insere-se neste mesmo contexto, e precisa ser defendido por aqueles que amam a democracia e a liberdade de expressão.

    O resto é o resto!

    Cláudio Feitosa

    • paulo césar gonçalves Responder

      belas palavras claudio!mas não me convence um grupo querer direitos especiais só para si.ninguém pode agora falar nada contra homosexual neste país que é taxado de homofóbico que bela ditadura gay não!os direitos de todo cidadão,seja ele negro,branco,hetero,homo,gordo,magro está na constituição.o que deve-se é apenas cumprir o que está na nossa constituição.

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