Em coletiva, Lula faz balanço do G20 e da COP30, e destaca vitalidade do multilateralismo

Presidente apontou que, nos últimos 15 meses, o Brasil recebeu três eventos de importância internacional, demonstrando o peso geopolítico do país

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista coletiva à imprensa neste domingo (23), em Joanesburgo, na África do Sul, após o encerramento da Cúpula de Líderes do G20. Bem-humorado, ele abriu a conversa em tom descontraído, brincando com o fotógrafo oficial da Presidência, Ricardo Stuckert, dizendo que a coletiva de imprensa estava mal organizada e comentando, ao receber o fone de tradução, que “não gosta de sussurro no ouvido, só da Janja”.

Durante a coletiva, o presidente apresentou um amplo balanço dos resultados do G20 e da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), encerrada no sábado (22), e afirmou que ambos os eventos comprovam a força e a relevância do multilateralismo no cenário internacional.

“Se alguém imaginou que poderia enfraquecer o multilateralismo, esses eventos, tanto da COP quanto do G20, demonstram que o multilateralismo está mais do que vivo”, declarou. Ele também anunciou que o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul deverá ser assinado no dia 20 de dezembro.

Multilateralismo, desigualdades e transição energética

O presidente destacou que as discussões do G20 abordaram temas prioritários da agenda global, como combate às desigualdades, segurança alimentar, inteligência artificial, transição energética, minerais críticos e trabalho decente. Sobre a questão climática, Lula citou a necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

“Se é verdade que os combustíveis fósseis são responsáveis por mais de 80% das emissões de gases de efeito estufa, também é verdade que precisamos dar solução a isso,” disse. “O Brasil está fazendo sua parte, com 15% de biodiesel no diesel e 30% de etanol na gasolina”.

COP30: “Um sucesso extraordinário”

Lula comemorou o resultado da COP30, realizada em Belém, que aprovou por consenso o texto final e recebeu novos compromissos climáticos (NDCs) de 122 nações. “Aqueles que imaginavam que Belém não estava preparada se enganaram. A COP foi um sucesso extraordinário, e tenho certeza de que quem conheceu a cidade voltou maravilhado”, enfatizou.

Ele também afirmou que a abertura do debate sobre o Mapa do Caminho para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis representa um avanço histórico.

Três grandes eventos no Brasil

O presidente ressaltou que o Brasil protagonizou, em apenas 15 meses, três grandes eventos internacionais – G20 do Rio de Janeiro, Cúpula do BRICS e COP30 em Belém – e destacou que estes resultados demonstram a capacidade organizacional e o peso geopolítico do Brasil.

O jornalista canaense Carlos Magno participou da cobertura jornalística dos três eventos, devidamente credenciado.

Ausência dos EUA no G20

Questionado sobre a ausência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula minimizou: “Não é a primeira vez que falta um líder importante. Os Estados Unidos continuam sendo a maior economia do mundo, mas o G20 existe mesmo quando eles não participam”.

Ele também mencionou que Trump presidirá o G20 em 2026.

Preocupação com presença militar dos EUA no Caribe

O presidente brasileiro demonstrou preocupação com a presença crescente de forças militares norte-americanas no Mar do Caribe: “A América do Sul é uma zona de paz; não temos armas nucleares. Pretendo conversar com o presidente Trump. Não podemos repetir erros como o da guerra na Ucrânia”.

Acordo União Europeia–Mercosul

Lula confirmou que o acordo comercial será assinado ainda este ano: “Posso garantir que no dia 20 de dezembro estaremos assinando o acordo. Ele envolve 722 milhões de habitantes e um PIB de 22 trilhões de dólares. Possivelmente, será o maior acordo comercial do mundo”.

Viagem a Moçambique

Após o G20, Lula segue para Maputo, capital de Moçambique, onde será recebido com honras de chefe de Estado pelo presidente Daniel Francisco Chapo, que esteve recentemente em Belém durante a COP30.

Carlos Magno, com informações do Palácio do Planalto
Jornalista – DRT/PA 2627