Cumprimento a Senghor *

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Por Chico Brito

Ritmo de tambor, Senghor, tan-tãs.
compasso fundo de meu coração.
Tudo são evidências de existir, de amar.
Não tenho riquezas,
não tenho medos,
não tenho segredos,
A não ser
este singelo sol interior,
e a volúpia de meus pés desnudos
se enraizando no chão.
O meu passado engrossa minhas veias
como lôdo,
vertiginoso, perigoso, puro.
E este fio fino
é o que detém ainda
a invasão da loucura.

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* – Senghor, escritor e político senegalês, nasceu em 1906 na cidade costeira de Joal. Seu pai, Basile Diogoye Senghor, era um comerciante da etnia serer, minoritária no Senegal. Sua mãe, Gnilane Ndiémé Bakhou, era muçulmana de etnia peul. O sobrenome de seu pai, Senghor deriva da palavra portuguesa “senhor”

Em 1928 foi estudar em Paris, onde entrou para a Sorbonne, lá permanecendo entre 1935 e 1939, tornando-se o primeiro africano a completar uma licenciatura nesta universidade parisiense.

Como escritor, desenvolveu a Négritude (movimento literario que exaltava a identidade negra, lamentando o impacto negativo que a cultura europeia teve junto das tradições africanas). Nas suas obras, as mais engrandecidas são Chants d’ombre(1945), Hosties noires (1948), Ethiopiques (1956), Nocturnes (1961) e Elegies majeures (1979).

Durante a II Guerra Mundial esteve preso por dois anos num campo de concentração nazista e só depois é que os seus ensaios e poemas seriam publicados.

Entre 1948 e 1958 foi deputado senegalês na Assembleia Nacional Francesa.

Quando o Senegal foi proclamado independente, em 1960, Senghor foi eleito por uma unanimidade presidente da nova República, vindo a desempenhar o cargo ate final de 1980, graças a reeleições sucessivas.

Defensor do socialismo aplicado à realidade africana, tentou desenvolver a agricultura, combater a corrupção e manter uma politica de cooperação com a França, país onde faleceu em 20 de dezembro de 2001.

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