Coluna do Frede:

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Por Frede Silveira – Marabá

fred_thumb Chegou a hora: basta!!!

Particularmente não creio que Sua Excelência, o Governador do Estado do Pará, tenha imaginado que com a adoção do chamado Governo Itinerante, irá desviar o povo de Marabá e região sul-sudeste paraense de seu caminhar rumo ao Estado do Carajás.

Do ponto de vista da estratégia política serve mais como uma jogada de marketing buscando mostrar o que está fazendo. Ou tentando fazer. Infelizmente o Governador não tem lá muita coisa a nos oferecer, independentemente de sua boa vontade. Irá fazer apenas o que a própria denominação de sua empreitada já traduz: viajar. Aliás, coincidentemente, Marabá é a segunda Cidade a ser visitada, tendo Santarém sido a primeira. Ambas, pelo menos em tese, cotadas para serem capitais dos futuros Estados do Tapajós e Carajás, respectivamente.

O de que esta abandonada região sempre necessitou foi de Governo presente e atuante atendendo as demandas cada vez mais avultadas pelo fantástico crescimento demográfico ocorrido principalmente a partir dos anos 80.

O Povo sempre clamou, às vezes quase desesperadamente, pela presença do Estado, mas um Estado permanente, não itinerante, diferente do que sempre tivemos, baseado no porto seguro de Belém e Região Metropolitana.

Hoje somos uma gente totalmente descrente da ação estatal traduzida em serviços públicos essenciais. Nós, mães e pais, vivemos uma eterna expectativa de não ver a hora em que perderemos nossos filhos que, à falta da mais elementar escola pública superior, migra para lugares distantes deixando por aqui apenas saudade e esperança, velhas companheiras deste povo que teimou até o último instante em acreditar nos sucessivos Governos que desfilaram ao longo de décadas prometendo mundos e fundos. Ao final não veio o mundo prometido; veio, isto sim, o fundo, o fundo do poço. E chegou a hora de dizer um definitivo basta!

É inconcebível imaginar que uma cidade do porte de Marabá não disponha de uma simples que seja Escola Superior de Medicina. Ou uma Faculdade de Engenharia, dispondo apenas de um único curso de Engenharia mantido às custas de uma empresa privada, a Vale. Isso sem falar na quase absoluta falta de Segurança Pública que nos coloca sempre exposto na vitrine brasileira como a região mais violenta do País.

Quando a carência pende para a área da Saúde, aí então a situação se assemelha, em alguns casos, às dos países mais pobres do mundo, como a Etiópia, na África. A ponto de ser voz corrente em Marabá dizer-se que o melhor hospital daqui é o aeroporto, onde se apanha um avião para deslocar-se ao vizinho Estado do Tocantins em busca de melhor serviço médico e hospitais, esta, sim, a mais perfeita e cruel prática separatista. E o pior de tudo é que são raríssimos os que podem se dar a este luxo. A maioria arrisca a vida já debilitada em longas viagens por estradas assassinas. Alguns nem chegam ao seu destino. O próprio destino os colhem em meio a viagem e as torna a última de suas vidas.

Assim, em que pese acreditar, repito, na boa vontade do atual Governador, me é impossível crer que ele possa dar cabo ao secular sofrimento desta gente que largou tudo que tinha e veio para cá em busca de dias melhores. Gente que, pejorativamente chamada de forasteiros por felizes moradores de Belém e arredores, construiu com suor e sangue tudo que tem de melhor, ou menos pior, por aqui. E que não mais acreditando em governos, nenhum governo, decidiu que chegou a hora de traçar seu próprio destino. E que
seja assim.

5 comentários em “Coluna do Frede:

  1. Nilvan Oliveira Responder

    Ô, luis, que os cursos da UFPA são de competência da União, sabemos. Mas sabemos também o quanto é importante que o governo estadual pressione, peça e às vezes implore à União para conseguir que tais cursos sejam implantados. A isso chamemos de peso e vontade política. Discordo do Sr. Harold, também. Haverá, sim, a divisão para o alvorecer de um novo tempo para o povo desta região. No mais, se os políticos que aí estão não corresponderem ao que quer a sociedade deste lugar, um investimento maior em educação, saúde e segurança pública, poderá fazer com que a próxima geração invada os lugares reservados aos verdadeiros líderes, nascidos nos “bolsões de pobreza”, e que decidem sair da zona de conforto para extirpar a banda podre da política, para a torná-la, de fato, a Arte de Governar a Cidade. Parabéns, Frede.

  2. Harold Lisboa Responder

    Largou o que:::??Mas um discurso vazio. Quem vai pagar a conta do novo estado??? As prefeitura de Maraba e Parauapebas enfiam onde a Montanha de dinheiro que a Vale despeja em seus colos????

    Seu Fred poe a viola no saco e se conforme..N vai haver repartimento algum.
    Nao pq os de Belem nao querem, mas sim por ser um movimento que foi formado por um bando de aloprados.
    As minas ai existentes ao que parece foram trazidas em seus bolsos.

  3. Luis Responder

    Meus caros, pelo texto a única culpa pelo abandono da região é do governador, o que não é verdade, quem representa o povo? OS DEPUTADOS. Os mesmos incompetentes que irão governar o novo e dispendioso estado. Então, meus amigos, vocês acham mesmo que alguma coisa vai mudar?

    As reclamações apresentadas pelo senhor Frede não são exclusivas da região sul do Pará, são problemas que ocorrem em todo o país, inclusive em Belém. Quanto ao Curso da UFPA, não vale a pena comentar pois é de competência da união. Temos problemas, sim, mas no interior de estados emancipados como Tocantins, onde 52% dos habitantes vive na miséria, está bem pior. Por falar nisso, qual o interesse do governador do Tocantins na divisão do Pará? Comprou terras aqui e pretende desmatar tudo como em seu estado?

  4. Guilherme Responder

    Assim como esse governo estadual atual, um fracasso de público em Marabá para assistir o tal Terruá Pará, que por sinal é pago com o nosso parco dinheiro, e dizem, com cifras bem gordas!

  5. Nina Responder

    Francamente, chega a ser um desrespeito que somente agora, às vésperas do plebiscito, o governo invente esta maobra de governo itinerante para, mais uma vez, ludibriar o povo da região do Carajás e do Tapajós. Digo e repito que o maior incentivo para o ideal separatista veio justamente dos governos omissos, que insistiram em tratar os cidadãos destas regiões como “forasteiros”, cidadãos de segunda classe que não mereceram atenção nem mesmo após a luta pela criação dos novos estados ter começado. Espero, sinceramente, que o povo do Carajás e do Tapajós não se deixem enganar por esta manobra politiqueira. Carajás e Tapajós agora!!!!

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