Chuvas aumentam, mas Marabá ainda está longe de enchente

Quase 6.500 famílias da cidade moram nos arredores dos dois rios, em 36 localidades alagáveis de bairros periféricos
Nível de chuvas na região da Bacia do Itacaiunas aumentou, mas ameaça de enchente para desabrigar famílias ainda está longe

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Os mais de 190 milímetros de chuvas registrados nos primeiros sete dias de 2024 parecem muito, perto do que choveu em dezembro todo: 380mm. Mesmo que os primeiros dias do ano sejam animadores, o volume de chuva não chega a impactar tanto os rios Tocantins e Itacaiunas, que nesta época do ano geralmente já ameaçam inundar as áreas mais baixas de Marabá.

Enquanto as chuvas começam a aumentar, a Defesa Civil Municipal já monitora 6.480 famílias que residem em áreas alagáveis, a maior parte às proximidades do Rio Itacaiunas. E é a mesma entidade  que tem em mãos um Plano de Contingência e de Ação para o período em que as cheias afetam várias áreas habitadas em Marabá. 

“Em 2022, tivemos um banco de dados bem elaborado, de porta a porta, para conhecer a vivência das pessoas que moram nas áreas alagadas dos dois rios. Com esse levantamento, conhecemos praticamente todas as pessoas que moram na área alagada, via satélite, bem como toda a vida social delas, como por exemplo quantas pessoas são Pessoas com Deficiências, quantas estão estudando, bem como as séries, ou seja, temos um levantamento completo da vida social dessas famílias,” explica o diretor da Defesa Civil de Marabá, Marcos Andrade. “Agora nós estamos fazendo outro levantamento para saber se o morador permanece naquele local ou se ele mudou de endereço, ou seja, teremos um panorama geral das pessoas que vivem nessas regiões”.

Segundo ele, com os levantamentos, percebeu-se que as áreas mais alagadas concentram-se nas margens do Rio Itacaiunas, por conta de novos bairros instalados, como Carajás 1, 2, 3 e Taboquinha, além de áreas de ocupação irregular no bairro Amapá. O fenômeno fez o número de atingidos pela cheia do Rio Itacaiúnas ser maior que o do Rio Tocantins. “Atualmente, nós temos 36 localidades que são atingidas pelos rios, tanto na Marabá Pioneira, Cidade Nova, Nova Marabá e São Félix,” reitera.

Há 16 locais reservados para a construção de abrigos, além de mais nove em fase de conclusão, caso haja necessidade de deslocamento de mais famílias. Dessa forma, a Defesa Civil pretende alcançar 24 locais de abrigo em Marabá.

“Nós já tivemos, por exemplo, em 2022 e 2023, 21 pontos de abrigos. Mas não são apenas lugares onde as famílias ficam. Nesses locais, sempre temos parcerias com várias secretarias para assegurar o saneamento, a saúde, o transporte escolar para os estudantes etc,” complementa Andrade.

De acordo com o chefe de Gabinete da prefeitura, Walmor Costa, os planos de contingência e de ação preparados pela Defesa Civil sempre estão integrados à Defesa Civil Nacional, a qual monitora o nível dos rios, desde as nascentes, e mantém seu braço local sempre informado, principalmente no inverno amazônico.

“Por exemplo, se a Defesa Civil de Brasília nos repassar que o rio vai encher, nós naturalmente iremos nos preparar para organizar os locais e abrigos, construir alojamentos e ver a estrutura de apoio para a quantidade de famílias que vão ser desabrigadas,” explana. “Em 2020, fizemos um relatório que nos permite saber, de acordo com a subida dos rios, a quantidade de pessoas que serão desabrigadas. Dessa forma, estamos sempre em alerta para agir conforme o monitoramento integrado entre as Defesas Civis”.

As ações da Defesa Civil marabaense têm parceria com a Defesa Civil do estado, Exército Brasileiro e a prefeitura.