A competência médica não foi o suficiente para o ortopedista Marcus Vinícius Santos se manter na cadeira titular da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) de Parauapebas. Nesta sexta-feira (13), ele anunciou oficialmente a sua exoneração do cargo, sob a justificativa de que precisa se dedicar à família.
“Hoje encerro meu ciclo como secretário municipal de Saúde com o coração grato e a certeza de dever cumprido. Foram seis meses de muito trabalho, com conquistas históricas para Parauapebas,” despediu-se Marcus Vinícius, que agradeceu ao prefeito Aurélio Goiano e “à equipe que esteve ao meu lado com lealdade, competência e compromisso”.
Na verdade, o agora ex-secretário sequer completou seis meses na função, e a sua queda não chegou a ser surpresa para quem acompanha os bastidores da política parauapebense. Outros secretários tendem a tomar o mesmo rumo. A aposta é de que a advogada Maura Paulino, titular da Secretaria de Educação (Semed), seja a próxima.
Como técnicos – e não políticos –, vários gestores se mostram insatisfeitos com a forma nada republicana de Aurélio Goiano conduzir o município. Também não estariam aguentando a pressão advinda de todos os lados, inclusive de vereadores e assessores selecionados pelo próprio prefeito para ocupar cargos estratégicos nas pastas.
O resultado é muita tensão nas secretarias entre os servidores efetivos, muitos dos quais votaram em Goiano diante da promessa de campanha de que a categoria seria respeitada e valorizada. A denúncia agora é de que o assédio moral e a perseguição aos efetivos tomaram conta de muitas repartições públicas, mais ainda na Semsa.

No caso de Marcus Vinícius, apontado como ótimo profissional ortopedista, ele teria sido omisso frente a várias denúncias de falta ou de péssimo atendimento na rede pública de Saúde, especialmente na atenção básica, e ainda sobre o esquema batizado de “fura fila na Saúde de Parauapebas”. Repercutido amplamente pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Pará (SindSaúde), o próprio prefeito, o secretário e vereadores mandavam parentes e amigos furarem fila na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), nas consultas especializadas e cirurgias eletivas.
Repúdio e falta de diálogo
Em suas redes sociais, o coordenador do SindSaúde em Parauapebas, Marden Lima, deseja sucesso ao ex-secretário, mas não esconde o alívio pela saída: “Já vai é tarde porque Parauapebas estava agonizando na Saúde pela falta de pulso, falta de condução administrativa, de competência na pasta da Saúde”.
Lima aponta a falta de diálogo de Marcus Vinícius como um grande problema enfrentado pelos servidores da Saúde. “Infelizmente, ele não teve a capacidade e a humildade sequer de abrir o diálogo para avançar nas pautas,” afirma o sindicalista.
O SindSaúde vai esperar agora a nomeação do novo titular da Semsa para “imediatamente” solicitar uma reunião. A expectativa, diz o coordenador do sindicato, é que o prefeito escolha alguém “com capacidade técnica e de diálogo para atender as demandas da população e dos servidores”.
Na 5ª Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Pará, realizada em Belém no início deste mês, a plenária aprovou moção de repúdio, tanto a Marcus Vinícius quanto a Aurélio Goiano, “pelos desmontes das políticas públicas de Saúde e pela perseguição sistemática aos servidores públicos de carreira lotados na Semsa”.
No documento, estava listada uma série de denúncias contra o ex-secretário, que se recusou a assinar a resolução da convocação da 5ª Conferência Municipal de Saúde Pública de Parauapebas, bem como das eleições para o novo Conselho de Saúde, marcadas para o dia 3 deste mês, deixando o município sem fiscalização do controle social.
Na ausência do conselho, acusa a moção de repúdio, o então secretário “realizou a maior dispensa de licitação da história de Parauapebas em compra de medicação”. Foram mais de R$ 20 milhões usados “sem a devida transparência”.
Marcus Vinícius é o segundo secretário a cair no governo Aurélio Goiano. O primeiro foi Hallison Gomes Pinheiro, então secretário municipal da Juventude, acusado de abuso sexual por uma servidora da pasta, no final de março deste ano. Hallison e o assessor Ricardo Delmiro, que teria acompanhado o abuso, foram exonerados no último dia 1º de abril. A Secretaria Municipal da Juventude (Sejuv) é agora comandada pela chefe de Gabinete, Joelma Leite.
Texto: Hanny Amoras (Jornalista – MTb/1.294)
2 comentários em “Cai segundo secretário de Aurélio Goiano”
Sem contar que grande parte dos internados são transferidos por falta de especialidades, procedimentos. Saúde de Parauapebas ainda é artesanal. Só fazem o básico.
Tem morrido muita gente no HGP/Sesp ultimamente.