Banco Central lançará cédula de R$ 200 reais

A nova cédula deverá entrar em circulação a partir do final de agosto
Sede do Banco Central/Divulgação

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Brasília – O Banco Central anunciou nesta quarta (29), por meio de nota à Imprensa, que lançará cédulas de R$ 200 no Brasil. A nova cédula terá como personagem o lobo-guará. A previsão é de que a nota entre em circulação a partir do fim de agosto.

A nova cédula foi aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que conta com representantes da autarquia e do Ministério da Economia. A diretora de Administração do banco, Carolina de Assis Barros, concedeu entrevista coletiva virtual a respeito da nota.

Na manhã de hoje, o Banco Central informou que de fevereiro – antes da pandemia – para junho, o Papel Moeda em Poder do Público (PMPP) saltou 28,9%, de R$ 210,227 bilhões para R$ 270,899 bilhões. Este é o maior valor da série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2001.

De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, o aumento do papel moeda nas mãos do público nos últimos meses foi causado pela demanda da população com a liberação do auxílio emergencial mensal de R$ 600 pelo governo, durante a pandemia.

Em meio à busca por dinheiro em papel na crise, o Ministério da Economia confirmou em 22 de julho que o Banco Central havia solicitado ao CMN um reforço de R$ 437,9 milhões para atendimento do meio circulante.

A nova cédula deverá entrar em circulação a partir do final de agosto. A previsão é que sejam impressas 450 milhões das novas cédulas em 2020, o equivalente a R$ 90 bilhões.

O Banco Central gastará R$ 113,8 milhões a mais do que o previsto no orçamento anual para a produção das novas notas e para a impressão de mais 170 milhões de cédulas de R$ 100.

“Com a pandemia, observamos o aumento do entesouramento [quando o dinheiro fica parado na mão das pessoas]. Com isso, estamos nos antecipando para atender demandas futuras,”, disse a diretora de Administração, Carolina Barros.

Segundo ela, as notas não entrarão em circulação todas de uma vez, mas de forma gradual. “Vamos observar a necessidade de papel-moeda e como serão as primeiras entregas.”

A nota de R$ 200 está em fase final de testes de impressão. A diretora afirmou que o BC já estudava criar a cédula e, mesmo após a normalização da demanda por cédulas, não pretende tirar o novo valor de face e circulação.

Segundo ela, não há falta de cédulas. “O BC entende que a quantidade de cédulas em circulação é adequada, não há falta de papel-moeda.”

Na prática o que se vê não bate com a afirmação da diretora do BC. Além das filas, a escassez de cédulas travou a liberação do auxílio emergencial em maio e levou a Caixa Econômica a limitar os saques. Até hoje, quem recebe benefícios emergenciais pelo aplicativo da instituição tem que aguardar alguns dias para fazer a retirada em dinheiro.

De acordo com o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o aumento da base monetária, que é a quantidade de dinheiro na economia, já vinha sendo observado nos últimos meses. “Com isso, aumentou a procura por papel-moeda, principalmente com o pagamento dos auxílios emergenciais”, pontuou.

Ele explicou que a medida não tem efeito inflacionário. “Não há relação direta da expansão da base com a inflação, que continua baixa, estável, sem que cause perspectiva de elevação”, avaliou.

Barros justificou que em pesquisa realizada em 2018, 60% da população alegou utilizar dinheiro físico como principal meio de pagamento (57% entre lojistas).

O lançamento da cédula não concorre com a agenda de inovações em meios de pagamentos do BC. “Se notarmos que a demanda por dinheiro diminuiu, vamos retirar papel-moeda de circulação gradualmente, como sempre foi feito.”

Em novembro começará a funcionar o sistema de pagamentos instantâneos da autoridade monetária, chamado de PIX, que tem como um dos objetivos diminuir o uso de dinheiro físico.

Lobo-guará

Sobre o design, a imagem impressa é captada por meio de foto, feita pela equipe do BC.

“Em 2001, fizemos uma enquete com a população com uma lista de animais em extinção para que elas escolhessem qual elas gostariam de ver estampados nas cédulas. Em primeiro lugar ficou a tartaruga-marinha, que está na nota de R$ 2, em segundo o mico-leão dourado, que foi para a de R$ 20 e em terceiro lugar ficou o lobo-guará,” contou Barros.

As imagens da cédula só serão divulgadas em agosto, no lançamento oficial, por questões de segurança.

Ao todo, são 8,32 bilhões de cédulas em circulação. Atualmente, o maior valor de face de nota de real é a de R$ 100, com 1,71 bilhão de unidades.

Desde 2002, com o lançamento da nota de R$ 20, o BC não havia colocado novos valores de face de cédulas em circulação.

Por Val-André Mutran – de Brasília

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