Bairro Pioneiro de Marabá faz pontes entre as Américas para defender a Amazônia

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Por Ulisses Pompeu – de marabá

Rios de Encontro, um projeto socioeducativo e eco-cultural enraizado na comunidade Cabelo Seco, em Marabá, realizou três dias de roda-oficinas na escola São Sebastião, na região de Caxiuanã, em Marajó, na segunda quinzena deste mês, como primeiro passo do projeto de colaboração internacional Lifelines – Aspectos Vitais: A convergência entre Artes, Ecologia e Cultura na Amazônia e Nova Inglaterra (EUA).

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Dan Baron, coordenador do Rios de Encontro e diretor artístico da colaboração entre as Américas, viajou 20 horas de barco e voadeira até a Estação Cientifica do Museu Emílio Goeldi, em Caxiuanã, para conhecer a coordenadora do projeto, Socorro Andrade, visitar uma escola ribeirinha e apresentar a seus alunos, os jovens artistas e arte-educadores do Coletivo Afro-Raiz de Cabelo Seco. “Eu fiquei emocionado pela experiência, tanto para vivenciar a beleza do Rio Anapu, quanto para conhecer pesquisadores amazônicos de tanta qualidade que se aliaram com Cabelo Seco e à sustentabilidade do Rio Tocantins. Nossas jovens dançarinas, percussionistas e criadores de vídeo foram chamados para formar os 33 jovens em artes amazônicas, mas estarão transformados para sempre pela convivência na floresta”, disse o coordenador.

Dan Baron, que idealizou o monumento em memória aos 19 sem terra em Eldorado do Carajás, realizou uma primeira roda com os 25 alunos de São Sebastião, trocando cantos, aprendendo com as histórias da vida cotidiana e escutando grandes sonhos profissionais de cada um. “A comunidade tem pouco acesso à medicina, justiça e à tomada de decisões sobre obras públicas que definem Amazônia, também não tem acesso ao ensino médio para se preparar para o ENEM. Estes jovens vão sensibilizar os visitantes de New York e Connecticut pela sua vida em comunidade, que segue os ritmos dos rios e das chuvas. Mas também vão surpreender nossos jovens artistas, pela sua gentileza e inteligência ecológica. Quando se encontrarem no final de novembro, todos os 120 jovens ribeirinhos que participam das Olimpíadas de Caxiuanã, ciência e esporte na floresta, vão responder a nossas oficinas e apresentações com uma sensibilidade de bem viver que a cidade está carecendo”.

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A visita à Escola São Sebastião incluiu uma oficina lúdica de retratos poéticos e fotográficos em preparação para a criação de desenhos sobre a vida ribeirinha, que seguirão a New York por Socorro Andrade em outubro e trocados com pinturas de uma escola urbana norte americana.

A oficina iniciou com timidez, explica Dan, mas em pouco tempo, estávamos rindo e tocando questões profundas sobre identidades e línguas indígenas, o significado da Amazônia para o mundo e a contribuição da escola ao nosso projeto Rios de Criatividade e à defesa do Pedral do Loureço”. Esta primeira colaboração encerrou com uma conversa com a coordenadora da Estação Cientifica, Socorro Andrade, e o grande pesquisador e professor Antônio Lola, da UFPA, sobre mudança climática na Amazônia brasileira. Preocupados com a gravidade da situação ecológica no Pará e no mundo, além de decretos recentes dos Ministérios do Meio Ambiente e da Educação, no Brasil, que colocam a Amazônia em extremo risco, os dois se comprometeram em participar do Festival de Beleza Amazônica 2016, que será realizado em Marabá.

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“Respostas à nossa carta-convite de mais de 24 países mostram que o mundo está de olho em Marabá. Cada candidato a vereador e prefeito deve responder à questão chave que surge de 150 anos de pesquisa, realizada por cientistas mundiais na Estação Científica de Caxiuanã. Por que não preservar a Amazônia e investir em energia solar, em vez de destrui-la através de projetos hidrelétricos, ineficientes e cegos? No próximo mês de novembro, jovens das Américas publicarão suas alternativas criativas”, antecipa Dan.

Mais informação sobre a colaboração e o Festival Beleza Amazônica e como escolas e projetos em Marabá e no sudeste do Pará podem se envolver, deve ser solicitada à Manoela Souza (94 99192-0171).