Adepará faz levantamento de detecção da monilíase em lavouras de cacau de Pacajá

Além dos levantamentos, a Adepará realiza outras ações visando à prevenção da entrada da doença, como fiscalização do trânsito das amêndoas e educação sanitária. O objetivo é conter qualquer foco da doença na fase inicial, para evitar o comprometimento da lavoura paraense, que é a maior do país
Lavouras de cacau de Pacajá foram inspecionadas contra a monilíase do cacaueiro

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A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) realizou uma grande ação de inspeção em 20 propriedades produtoras de cacau, no município de Pacajá, no sudoeste do estado, objetivando fazer o levantamento de detecção e orientação dos produtores quanto à Monilíase do Cacaueiro (Moniliophthora roreri). A meta prevenir a doença, que pode comprometer toda a lavoura cacaueira onde é detectada.

Segundo a Adepará, em todos os plantios inspecionados constatou-se ausência do fungo, sendo detectada a presença de outras pragas comuns à cultura, entre elas, a podridão parda, vassoura de bruxa e cupim. Todas as ações foram registradas através do preenchimento das fichas de cadastro e inspeção, coleta de coordenadas geográficas e registro fotográfico.

“Durante o levantamento foi aplicada a metodologia para monitoramento da Monilíase, com inspeção de plantas e frutos, foram repassadas orientações quanto às principais características para identificação da praga, além das formas de prevenção e sanidade, principalmente através da conscientização do produtor quanto ao perigo de transporte de frutos infectados”, enfatizam Lorena Lira e Renata Lima, ambas Fiscais Estaduais Agropecuárias da Adepará, responsáveis pela ação, que foi realizada na semana passada.

Segundo a Adepará, essas ações são realizadas anualmente nos municípios produtores de cacau durante a época de maior frutificação da cultura. Além dos levantamentos, a Agência realiza outras ações visando à prevenção da entrada do fungo, como a fiscalização do trânsito do fruto e amêndoas e educação sanitária, para que, caso ocorra à entrada da praga, seja realizada a contenção através da identificação do foco inicial.

Na ocasião das ações de educação sanitária, foi realizada palestra para as equipes técnicas da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SEMDE) e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) de Pacajá, sobre como proceder em relação à doença e suas principais características, sintomas e formas de disseminação. De acordo com a Adepará, a doença ainda não está presente no Pará, no entanto é preciso que o agricultor conheça essa ameaça, para poder identificar, caso apareça na sua plantação de cacau, e faça a comunicação imediata à Agência.

A Adepará destaca que essas ações são de fundamental importância, pois recentemente foi identificado um foco da praga no estado do Acre, sendo a primeira vez que a monilíase é detectada oficialmente no Brasil. Monilíase é uma doença extremamente agressiva, que ataca os frutos do cacaueiro (Theobroma cacao), do cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) e de outras plantas do gênero Theobroma em qualquer fase de desenvolvimento.

Causada pelo fungo Moniliophthora roreri, é facilmente disseminada pelo vento e por materiais infectados como plantas, roupas, sementes e embalagens. Detectada na Bolívia e Peru, a doença ocorre também em outros países do continente americano, como Equador, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, México e Venezuela. A praga ocasiona perdas na produção que podem variar de 50% a 100% da produção.

Segundo estudo realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Embrapa, a monilíase está entre as 20 pragas quarentenárias ausentes do território brasileiro, consideradas prioritárias para ações de vigilância e pesquisa, em função do risco iminente de entrada no País e dos prejuízos econômicos que pode causar à agricultura nacional. Entre os critérios para atribuir o status de prioridade a uma praga, utilizados no estudo, estão o seu potencial de destruição e a ocorrência em áreas próximas do país, especialmente em regiões fronteiriças.

No dia 08 deste mês, o primeiro caso da doença foi informado oficialmente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O foco da monilíase foi registrado em área residencial urbana no município de Cruzeiro do Sul, interior do Acre. Por conta disso, o Mapa está adotando as medidas cabíveis de contingência, em conjunto com as demais instituições oficiais de Sanidade Vegetal e de pesquisa.

Equipes do governo irão ao local para a ampliação dos monitoramentos de detecção da praga, delimitação da área afetada e adoção imediata de ações de contenção e erradicação, visando evitar sua disseminação para as áreas cultivadas de cacau e cupuaçu no país.

“A presença de organismo quarentenário submete os produtos agrícolas a barreiras fitossanitárias impostas por parceiros comerciais, com redução das exportações e reflexos na economia do país, daí a importância do trabalho da Adepará, na orientação dos produtores, capacitando-os para que essa praga não chegue ao nosso estado. Porém, cabe ressaltar, que caso isso venha a ocorrer, estamos preparados para atuar e proteger as lavouras paraenses”, garante a diretora de Defesa e Inspeção Vegetal da Adepará, Lucionila Pimentel.

A diretora informa que somente três pragas quarentenárias ausentes do Brasil, consideradas de alto risco para a agricultura nacional, contam com plano de contingência em execução e uma delas é a monilíase do cacaueiro (Moniliophthora roreri). As demais são a mariposa-das-maçãs (Cydia pomonella) e o amarelecimento-letal-do-coqueiro (Candidatus Phytoplasma palmae).

Os planos de contingência são mecanismos de defesa fitossanitária, coordenados pelo Mapa, que buscam prevenir e reduzir os riscos de entrada de material infectado no país e aumentar as chances de erradicação do problema, em caso de ocorrência. O alcance desses objetivos envolve a execução de ações distintas para instituições de diferentes esferas governamentais, nos diversos estados, a exemplo desta realizada pela Adepará no município de Pacajá.

De acordo com a Adepará, as ações de contingência da monilíase estão em andamento desde 2012 e têm como principais prioridades os estudos de prospecção da doença, pesquisas para desenvolvimento de métodos de controle biológico e capacitações voltadas para a adoção de medidas para erradicação dos primeiros focos detectados.

“Hoje, temos uma série de protocolos que devem ser seguidos por fiscais da defesa vegetal na realização de medidas de contenção, desde a remoção de frutos infectados e o descarte de roupas utilizadas nesse processo, até a interdição da propriedade rural”, explica Lucionila Pimentel.

O Pará é o maior exportador de cacau do Brasil e vem adotando todas as medidas sanitárias de controle de pragas e outras medidas sanitárias, para evitar o comprometimento da produção no estado.

Tina DeBord-com dados da Adepará

Foto: Adepará