A chuva

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Ela anunciou sua chegada arrastando móveis no andar de cima.
Todos precisavam lembrar que ela estava lá todo esse tempo, hibernando na barriga das nuvens, deixando-se vagabundear com os ventos magros.
Quando todos dobraram o pescoço pra cima, desabou numa alegria líquida. Caiu refrescando como um perdão.
A cidade pode libertar a respiração presa há quase três meses. Adolescentes passaram com as roupas pegadas no corpo, um sorriso de verdejar tudo. Passavam devagar como que aproveitando cada gota. Velha tia que nos veio visitar com piadas conhecidas e histórias deliciosas. Namorada antiga que nos surpreende com uma declaração de um amor que não morreu.
Nessa tarde, depois de sua ida, ninguém fará a sesta, ocupados que estaremos com a alegria de limpar a sujeira das goteiras e de tentar desfazer da cara esse sorriso bobo e insistente.

Fermina Daza

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3 comentários em “A chuva

  1. Bruno Monteiro Responder

    Estou com a garganta irritada, mas valeu a pena, afinal, não resisti e fui jogar uma bolinha com meu filho na chuva…

    Bruno Monteiro.

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