18 mil ainda vivem em ruas de chão batido em Parauapebas

Ainda não se sabe se o prometido asfalto de qualidade vai chegar às ruas daqueles que atualmente recebem poeira no verão e lama no inverno. Mas só com tapa-buraco Aurélio Goiano já gastou mais de R$ 37 milhões, tornando a operação deste início de ano a mais cara e menos eficiente da história

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Dos 268 mil habitantes da Capital do Minério, cerca de 18 mil viviam em ruas sem pavimentação em 2022, ano em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) passou de porta em porta coletando dados para a Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios, um dos braços do censo demográfico. É como se uma cidade inteira do tamanho de Curionópolis vivesse dentro de Parauapebas em ruas de chão batido. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu.

Em 2025, já com cerca de 310 mil habitantes e 7,34% de sua população ainda vivendo em ruas sem asfalto ou outro tipo de calçamento, o total de habitantes beira 23 mil. A oferta de serviço de asfalto na Capital do Minério cresce em ritmo imensamente inferior ao aumento populacional, e mesmo Parauapebas sendo uma das cidades paraenses com maior percentual de ruas pavimentadas, ainda está longe de alcançar a universalização do serviço.

O prefeito Aurélio Goiano, que muito criticou a gestão passada por, segundo ele, usar asfalto de má qualidade nas ações de tapa-buraco e pavimentação de vias, agora é criticado nas redes sociais por fazer exatamente a mesma coisa — e usando empresas de fora que desconhecem a realidade local. No caríssimo tapa-buraco que Goiano está patrocinado, populares denunciam que se tapa um buraco pela manhã, mas à tarde aparecem dois, um deles o próprio buraco tapado mais cedo.

Nessa brincadeira, o orçamento previsto inicialmente para ações de pavimentação e recuperação das vias urbanas de Parauapebas saltou de R$ 69,5 milhões para R$ 112,9 milhões atualmente, de acordo com informações do portal da transparência. Desse total, o prefeito já ordenou empenhar incríveis R$ 51,94 milhões, dos quais R$ 37,15 milhões já foram efetivamente pagos. É a ação de tapa-buraco mais cara e menos eficiente da história.

Promessas de campanha

Mas para onde foi tanto dinheiro, se os buracos tapados pela manhã estão se abrindo em dimensões até maiores à tarde? Só Aurélio para explicar. Apoiadores dele tentam justificar que as condições climáticas do início do ano, quando um inverno chuvoso se abate sobre a Amazônia, não favorecem implantar um asfalto de qualidade, problema que sabidamente não é exclusividade de Parauapebas, mas de todas as cidades da Região Norte.

Quando o verão iniciar pulsante no mês do aniversário de Parauapebas, o governo de Aurélio Goiano vai ter menos R$ 37 milhões para gastar com pavimentação, mas os mesmos buracos para tapar e, ainda, ruas inteiras para asfaltar e tentar tirar da poeira e da lama mais de 23 mil cidadãos que hoje habitam vias desprovidas de infraestrutura. O desafio é colossal.

Em seu plano de governo, Aurélio Goiano destacou que os cidadãos de Parauapebas “querem ter a possibilidade de andar em ruas pavimentadas ao invés da buraqueira que se encontra por toda a cidade” e que “não adianta fazer maquiagem de última hora”. Ele também prometeu “ampliar a pavimentação das ruas através de uma infraestrutura adequada e de qualidade que suporte o asfalto por muito mais tempo”.

Se ainda é cedo — menos de quatro meses — para cumprir promessas, não o é para gastar milhões com a mesma “borra de café” jogada em crateras que o gestor criticou duramente tempos atrás.

R$ 13 milhões em vicinais

As promessas de Aurélio Goiano chamam atenção para o fato de que, no atual ritmo de gastança, vai ser preciso muito dinheiro para cumpri-las. Se ele seguir despejando dinheiro público em ações de serventia zero, em outubro Parauapebas estará sem buracos tapados, sem asfalto nas ruas que faltam e, pior, sem dinheiro.

E olha que o problema não se resume apenas ao tratamento dispensado às ruas da cidade. Nas vias de passagem da zona rural, o governo de Goiano também já gastou muitos milhões, mais precisamente R$ 13,07 milhões pagos de um total de R$ 17,5 milhões empenhados a pretexto de dar manutenção em pontes e vias rurais. É muito dinheiro, e o prefeito inclusive autorizou aumentar o orçamento com esse tipo de despesa, que passou de R$ 26 milhões inicialmente para R$ 33,33 milhões.

Milhão vai, milhão vem, e os resultados de cada centavo gasto nessas ações de infraestrutura ainda não estão chegando de fato ao cidadão comum. Com R$ 50 milhões já pagos para tratar ruas e estradas vicinais, o prefeito abafa os gastos, Parauapebas continua esburacada e a população, parte da qual acreditou em promessas de “tudo diferente”, espera o novo que não vem.

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