Vestibular: nossos alunos estão preparados?

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Após a divulgação do listão do Processo Seletivo 2012 da Universidade Federal do Pará (UFPA), um dado divulgado pela instituição chamou atenção, o número de notas zero obtidas por parte dos candidatos nas provas aplicadas no ano passado: 135.612. A disciplina campeã, com o maior número de zeros, foi Química: 26.619.

A vice-campeã, com 20.961 zeros nas provas, foi Literatura, seguida de perto pela Física, com 19.617 zeros. Outros 14.498 candidatos obtiveram zero na prova de Filosofia e 12.187 zeros foram registrados na prova de Matemática. Sociologia registrou 11.322 zeros e Biologia, 10.705 zeros. Se a Língua Portuguesa, a oficial do país, atingiu 9.214 zeros, a prova de Língua Estrangeira é que não ficaria de fora, com 6.042 zeros. A prova de história completou a enxurrada, com 4.447 zeros.

Para o professor de química do Ensino Médio, Thomas Jefferson, a explicação para a disciplina ter sido aquela em que os estudantes mais fracassaram no processo seletivo da UFPA está na própria prova elaborada pela instituição. “A segunda fase da prova da UFPA foge a proposta do Enem. Não tem ainda uma ligação com o conteúdo exigido pelo Enem. Há um distanciamento entre da Universidade com o Ensino Médio”, avalia.

Para Thomas, atualmente falta comunicação e integração entre a UFPA e as escolas e professores do Ensino Médio. “Não existe mais a sala do professor. Não existe mais uma comunicação entre os professores da UFPA e do Ensino Médio para discutir as questões, conteúdo programático. A Universidade tem de entender que o Ensino Médio é globalizado e que dentro da Universidade esse conhecimento é aperfeiçoado e especializado”.

GREVE
O professor Thomas aponta fatores como a greve do ensino público, ocorrida ano passado, como um dos pontos desfavoráveis para os estudantes vindos da rede pública. A disciplina já é um problema para os alunos.

É preciso tomar cuidado, pois estes zeros não são do ensino particular. A maior parte provavelmente é do ensino público. A greve teve início um mês antes da prova do Enem. Os estudantes do ensino público não tiveram uma preparação adequada. Como passar se o aluno não tem aula? Na escola particular já se sabe que será uma prova difícil e tem toda uma preparação”, conclui.

Fonte: Diário do Pará

10 comentários em “Vestibular: nossos alunos estão preparados?

  1. José Benjamim Braga Responder

    . . .Além da ausência do estado, da pouca qualificação e remuneração do professor, das péssimas condições da estrutura física das escolas, temos que reconhecer que uma grande maioria dos pais mandam seus filhos para a escola na tentativa de receber conhecimento e, muito mais do que isso, educação que eles, os pais, não conseguem impor dentro de sua própria casa.
    Portanto, o professor da rede pública tem que ensinar o que sabe e devolver o aluno sabendo falar, discutir, respeitar, conviver socialmente, conhecer direitos e deveres, tudo isso que não aprendeu na sua casa.
    Os governos são incompetentes, irresponsáveis, mas os pais tem uma grande parcela de culpa na formação de seus filhos.
    Se alguém quer ver seu filho (a) no caminho certo, primeiro eduque ele dentro de sua própria casa.

  2. Castro Responder

    É uma vergonha a política brasileira para a educação. Atualmente o ensino é só cópia de internet, não há ensino de pesquisa qualitativa, as avaliações são fraquíssimas, todos preocupados em estudar apenas para passar de série, professores desestimuldos pela falta de uma política de remuneração e de cargos e salários, infraestruturas física e acadêmica falhas e fracas, governo estadual, federal, políticos e ministros sem nenhuma preocupação com o ensino de base. E ainda nos classificaam com a sexta maior potencia mundial…

  3. Clayton Santos Responder

    Tem de melhorar o conjunto todo: familia, professores, escolas e principalmente os alunos, pois quem busca sempre alcança seus objetivos não necessitando dos outros para cumprir seus objetivos.

  4. phbarros71@hotmail.com Responder

    Não sei que tanto prêmio é esse que a educação municipal de Parauapebas ganhar, já que as “vítimas” quer dizer alunos terminam o nível médio mau sabendo o que aconteceu no primeiro.

  5. Senna Responder

    Tem várias formas de abordar a questão.
    Se quisermos ser simplistas teremos respostas assim: é culpa do sistema, ou, é culpa da família que não acompanha os filhos na escola, ou, é culpa da escola que não cumpre os 200 dias letivos; ou, é culpa do professor que ministra aulas sem aprofundar conteúdos ou, falta muito e não repõe conteúdo; ou, etc., etc.
    Se quisermos discutir com seriedade a questão verificamos que desde a formação do professor na Academia, até sua plena regência de sala de aula existem situações a serem ajustadas – não se forma um bom professor só com os conteúdos acadêmicos, muito menos com pouco tempo de estágio; se contarmos com a tal desvalorização profissional, o problema ganha contornos sociais relevantes – o que se verifica é que poucos estudantes querem enveredar pelo caminho do magistério; se verificarmos pelo lado da formação continuada, esta imprescindível, a situação fica ainda mais complicada…
    A questão abordada pelo professor é pertinente; e não é apenas a falta de diálogo entre academia e ensino médio, é, também, a desarticulação metodológica, enquanto o ENEM cobra conhecimentos pelo viés da competência e da habilidade nos conteúdos, as escolas ainda trabalham conteúdos sem esses quesitos e muitas nem sabem bem o que é isso… Não e preciso dizer que cá pro Norte a situação é bem pior.
    Como se vê a educação pública no Brasil (e, diga-se não só esta) padece de um mal maior que envolve compromisso com instrumentalização de boas academias e dos próprios professores que não podem se descuidar de sua preparação sempre. Claro, os governos colaboram com esse problema, quando não tratam de instrumentalizar as escolas com espaços pedagógicos que possibilitem boas aulas, como é o caso dos laboratórios multidisciplinar, de informática e da biblioteca, imprescindíveis para a melhoria da educação em nosso País…
    Para completar este quadro não existem professores suficientes para suprir a quantidade de horas-aulas disponíveis, conclusão: fica-se tapando o sol com a peneira – é o professor de biologia que ministra química, é o professor de matemática que ministra física, e assim por diante.
    Como disse a professora: “querem que eu salve a educação do Brasil com um pedaço de giz e a minha garganta?…”
    O que devemos fazer? Sociedade civil, famílias, trabalhadores e parceiros na educação deste país, uní-vos! Sem mais verbas para inestimento na educação e sem gestão eficiente, a educação continua seu caminho na direção do fundo do poço.

  6. bruno monteiro Responder

    Caro Zedudu, acho que a resposta dada pelo professor para justificar a quantidade de zero é um pouco romantica e não verdadeira.Na minha humilde opinião deve existir mesmo esse distanciamento das escolas, principalmente pública, das universidades. As escolas privadas estão mais próximas da universidades, pq há interesse em se aproximar para aprovar em massa e atrair novos alunos pra essas escolas particulares.Acaba sendo um tráfico de influência na educação refletido no vazamento de questões como ocorrido no vazamento da prova do enem desse ano no colégio crhistus de fortaleza-CE. Acho que os professores precisam recuperar a auto-estimo do professor da rede pública e refletir isso em aprovação em massa nas federais e não essa garapa do enem q só serve de propaganda para o governo federal.É preciso q os professores público se atualizarem como os particulares e se aproximem das federais.
    Vale lembrar q existe diferença entre professor e educador da mesma forma q há entre curriulum e contra-cheque.Essa relação entre escola publico e privado parece a preocupaçao q um pai tem com um filho q começa a namorar.
    Você deixaria seu ou sua filha namorar com um q tenho envolvimento ou com um q tenha comprometimento ?
    Bruno Moraes

  7. Parauapebas Júnior Responder

    O caso da educação de segundo grau a cargo do governo estadual, tem duas formas de ser analisado, uma detalhadamente, o que consumiria muito tempo, espaço, trabalho e dedicação de especialistas. A outra resumidamente em poucas palavras, equivalentes e complementares: DESCASO, IRRESPONSABILIDADE , INSENSIBILIDADE, deste governo e seus antecessores, e…….. ponto.

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