São Geraldo do Araguaia: Estudantes de Arqueologia localizam 10 mil artefatos históricos

Indícios pré-coloniais encontrados na Vila Santa Cruz estão sendo catalogados pela Fundação Casa da Cultura de Marabá

Continua depois da publicidade

Nada menos que 10 mil artefatos foram descobertos em um sítio-escola na Vila Santa Cruz, região da Serra das Andorinhas, em São Geraldo do Araguaia, sudeste do Pará. A descoberta foi feita por estudantes do curso de Especialização em Cultura Material e Arqueologia da Universidade de Passo Fundo (RS), em parceria com a Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM).

“Foi um trabalho pra turma, que conseguiu, em cinco dias de trabalho, coletas em torno de 10 mil artefatos que agora estão sendo higienizados, catalogados e passando por uma triagem para saber se, de fato, todos eles são artefatos arqueológicos,” explica a arqueóloga Jacqueline Ahlert, coordenadora desta que é a terceira edição do curso.

Ainda de acordo com Ahlert, esses artefatos podem ajudar a explicar o processo de ocupação do território: “Na Vila de Santa Cruz, localizamos indícios pré-coloniais e também elementos da ocupação mais recente, que são todos processos da atividade do humano sobre o espaço, que é significativo para entender de que modo a paisagem foi se modelando e de que modo usamos os recursos naturais”.

O que fazer com as peças?

A professora Daiane Pereira, que veio do Instituto de Pesquisa Científica e Tecnológica do Amapá para ministrar a disciplina de Curadoria Arqueológica, explica que o momento atual é para discutir os métodos de preservação do material encontrado, tanto a preservação física quanto a conservação informacional, que está gerando pesquisa.

A partir disso, a missão é transformar essas informações em conhecimento para a população e para pesquisadores, a fim de que esse achado chegue a outros segmentos sociais, até para dar um retorno do que está sendo construído coletivamente no curso.

A turma é formada por 20 alunos formados em diversas áreas, como historiadores, engenheiros e geólogos, que irão poder atuar dentro da sua área. “É muito importante ter essa oportunidade porque o curso de Arqueologia não está presente em muitos lugares. A Arqueologia na Amazônia é muito presente; eu sempre brinco que a gente vive em cima de sítios arqueológicos, principalmente pré-coloniais,” afirma Pereira.

Sonho antigo

A parceria com a Universidade de Passo Fundo (RS) é o resultado de um sonho antigo da Fundação Casa da Cultura de Marabá, que desde 2017 vem tentando parceria para trazer esse tipo de especialização ao município. De lá para cá, houve muitas tentativas frustradas, mas agora deu certo.

De acordo com Vanda Américo Gomes, presidente da FCCM, a Região de Carajás precisa de mais literatura na área da Arqueologia, ao mesmo tempo que o mercado exige cada vez mais. “Nós temos que fazer um trabalho com nossos acervos, com a história da nossa região e precisamos de mais profissionais e, a partir dessa especialização, vamos ter profissionais em Marabá, Parauapebas e em outras áreas,” assegura.

Deixe seu comentário

Posts relacionados