Rio: Cinco PMs presos por crimes cometidos durante a megaoperação de outubro

Imagens de câmeras corporais mostram policiais furtando um fuzil e peças de um automóvel

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A Corregedoria da Polícia Militar prendeu, na manhã desta sexta-feira, 28, cinco agentes do Batalhão de Choque suspeitos de cometer crimes durante a megaoperação realizada nos complexos da Penha e do Alemão. A ação, que aconteceu no último dia 28 de outubro, terminou com 122 mortos, entre eles cinco policiais. A ofensiva interna ocorre exatamente um mês após a operação de segurança mais letal já registrada no Rio.

Além dos mandados de prisão, os corregedores cumprem outros dez mandados de busca e apreensão. Os policiais do Choque são alvos da investigação conduzida pela 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM).

Uma das suspeitas levantadas pela Corregedoria, com base na análise das imagens das câmeras operacionais portáteis, é o furto de um fuzil durante a ação — arma que, segundo a apuração, seria revendida a criminosos. As imagens serviram de base para indicar indícios de crimes militares cometidos durante o serviço.

Os PMs presos na operação desta sexta-feira foram: subtenente Marcelo Luiz do Amaral e os sargentos Eduardo de Oliveira Coutinho, Charles William Gomes dos Santos, Marcus Vinicius Ferreira Silva Vieira e Diogo da Silva Souza.

As câmeras operacionais também flagraram uma conversa entre os cinco policiais em que o sargento Souza diz: “tem que ir para um lugar deserto, colocar na caçamba”. Logo depois, o PM Coutinho responde: “Eu vou montar é novamente”. Na sequência, Souza complementa: “lá pra cima, umas ruas desertas dessas aí”.

Dentro da comunidade, os policiais foram filmados próximos a um veículo. Em uma das gravações, Coutinho mexe em um carro e diz: “Estou precisando bem de um farol”.

Nas filmagens, Coutinho chega perto do subtenente e diz: “tem uma pecinha aqui que eu preciso”. E o subtenente Amaral responde: “A hora é essa”.

As câmeras corporais flagraram o momento em que o sargento Coutinho retira a tampa de cobertura do motor, o farol dianteiro e capas de retrovisores. O material teria sido colocado na viatura com a ciência do subtenente Amaral.

Em nota, a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que a operação desta sexta é decorrente dessas análises e reforçou que a corporação “não compactua com possíveis desvios de conduta ou cometimento de crimes praticados por seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos”.

A megaoperação de 28 de outubro mobilizou efetivos das polícias Civil e Militar e gerou questionamentos de entidades de direitos humanos e de moradores devido ao elevado número de mortos. Agora, as apurações internas buscam esclarecer eventuais excessos e ilícitos cometidos por agentes que participaram da ação.

(Fonte: O Globo)