O prefeito de Marabá, Toni Cunha, usou suas redes sociais para mandar indireta reta, a qual, no entendimento de analistas políticos de plantão, atinge em cheio o prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano. Na publicação que se inicia sem rodeios orientando que “o segredo é simples: não roubar”, Toni repercutiu reportagem inicialmente publicada no Blog do Zé Dudu (relembre aqui) dando conta de que a arrecadação da Capital Nacional do Cobre havia superado a da Capital do Minério, com base em dados dos portais de transparência de Marabá e Parauapebas.
Em aula “0800” de gestão a quem interessar possa, que deveria ser aprendida pelo prefeito Aurélio Goiano, Toni indicou outros segredos para uma administração ser próspera. “Gastar bem o dinheiro público, fazer os ajustes necessários e deixar a secretaria de arrecadação tributária trabalhar sem interferência política”, segundo ele, fazem parte do protocolo para não deixar a peteca — e a receita — cair.
Mas o prefeito Aurélio Goiano está longe de aprender a lição. Desde que assumiu o comando do município de Parauapebas, ele faz tudo o que não manda o figurino das legislações referentes à gestão fiscal, a licitações e contratos, bem como ao acesso à informação. Privilegiando empresas forasteiras, o prefeito de Parauapebas está protagonizando a maior exportação de recursos públicos que a Capital do Minério já viu, demonstrando que não sabe o que é “gastar bem o dinheiro público”.
Aurélio Goiano também inchou a folha de pagamento do município com contratações diretas, e seu primeiro ato foi fazer a Câmara de Vereadores engolir uma lei horrorosa e esdrúxula para criação de cabides de emprego sob a alcunha de “assessorias especiais” e “assessorias jurídicas”, distribuindo mais de 600 cargos a puxa-saco seus e de vereadores de sua base, uma afronta à visível necessidade inicial de “ajustes necessários” no município.
Ademais, Aurélio faz e permite vereadores aliados fazerem “interferência política” em todas as pastas, e cotidianamente o Diário Oficial do Município aparece recheado de exonerações e nomeações, na mais louca e desenfreada movimentação de pessoal da história de Parauapebas. Na última sexta-feira (30), por exemplo, o prefeito fez exoneraço na Central de Licitações e Contratos (CLC), órgão importante para tocar os processos de compras públicas do município. O troca-troca de servidores em áreas ditas técnicas faz a gestão andar em círculo e nunca acertar os passos para fazer Parauapebas ir para frente.
Transparência maquiada
Com a consolidação dos dados da arrecadação por ajustes contábeis, o Blog do Zé Dudu revisou os números, e Marabá acabou superada por Parauapebas em abril, não tendo quebrado, por enquanto, uma hegemonia que se arrasta desde 1993.
Essa reviravolta se deve ao fato de que o prefeito Aurélio Goiano anda malinando nos dados do portal da transparência, manipulando-os de forma escrachada para esconder informações que permitam o controle social e a análise crítica por parte da sociedade civil organizada. Em Marabá, por seu turno, o prefeito Toni Cunha faz questão de deixar tudo às claras, sem cortes e sem censura.
Mas, mesmo com a ocultação de números em abril por parte do governo de Parauapebas, que correu desesperadamente para desenterrar pagamentos milionários feitos a empresas forasteiras, a fim de concluir e enviar a prestação de contas oficial do primeiro quadrimestre aos órgãos de controle externo, o Blog do Zé Dudu praticamente gabaritou os indicadores gerais de arrecadação no período.
De janeiro a abril, Marabá prosperou em todos os meses, tendo arrecadado em valores líquidos R$ 544,01 milhões, 14,45% acima dos R$ 475,34 milhões do primeiro quadrimestre do ano passado. No município que mais produz cobre no Brasil, a receita de abril disparou 21,53% embalada por royalties de mineração sobre a extração do metal.
Já a receita líquida de Parauapebas caiu em todos os meses, mas o pior desempenho foi registrado em março, com baixa de 13,68%, seguido de fevereiro (-12,84%) e abril (-12,28%). O faturamento quadrimestral do segundo maior produtor de minério de ferro do país fechou em R$ 771,83 milhões, 9,64% abaixo dos R$ 854,17 milhões de 2024.
Para o período de 12 meses corridos, enquanto a receita de Parauapebas caiu 3,55%, de R$ 2,688 bilhões em 2024 para R$ 2,593 bilhões em 2025, a de Marabá saltou 12,81%, passando de R$ 1,369 bilhão no ano passado para R$ 1,545 bilhão neste ano.
As cifras, que dizem muito sobre o sucesso de Toni Cunha e o fracasso de Aurélio Goiano na gestão de seus respectivos municípios, também levantam questionamentos sobre a condução política e as diferentes estratégias adotadas pelos dois principais municípios do sudeste do Pará para lidarem com cenários econômicos adversos. Cunha defende Marabá com veneração, unhas e dentes, enquanto Aurélio, aparentemente com desprezo, lança Parauapebas às feras e às garras sedentas de forasteiros. Os resultados de ambas as estratégias são visíveis na praça.
2 comentários em “Prefeito de Marabá ensina segredo do sucesso a Aurélio Goiano: ‘não roubar’”
Vixe, deveria ter ensinado pro Darci, Aurélio vai roubar o quê, já roubaram tudo.
Uma lição simples, mas que falta ser aprendida em Parauapebas. A criação de centenas de cargos comissionados, os contratos sem transparência e as denúncias de favorecimento revelam um governo que precisa urgentemente rever seus rumos.
Governar é servir — não montar palanque. Que tal ouvir mais, agir com ética e deixar os resultados falarem por si?