Está explicado o porquê de o prefeito Aurélio Goiano contar tanta mentira e passar incontáveis vergonhas públicas quando, para justificar o fracasso de sua gestão, insiste em olhar para o retrovisor e acusar o governo anterior. Mas, ao menos desta vez, Aurélio não tem culpa no cartório: foi (má) orientado por estudo “financeiro” que falta com a verdade, produzido por sua “equipe técnica” de competência duvidosa e que diariamente leva Goiano a ser motivo de ignomínia.
No dia 24 do mês passado, a tal equipe técnica do prefeito publicou “estudo” no portal da Prefeitura de Parauapebas (acesse a íntegra aqui) intitulado “Análise e projeções consolidadas da arrecadação da Cfem em Parauapebas: 2024-2025”, cheio de valores, pirotecnias e até gráfico emperiquitado para causar impacto visual e impressionar o prefeito, leigo no assunto.
O documento aponta que a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), principal receita do município, caiu nos cinco primeiros meses de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024. Para ilustrar, a equipe retirou um arsenal de números do portal da Agência Nacional de Mineração (ANM) e estabeleceu relações e comparações. Entre as conclusões, a de que a receita dos royalties passou de R$ 436,9 milhões nos primeiros cinco meses de 2024 para R$ 275,5 milhões em 2025, o que implicaria queda de 37%.
A única verdade que o estudo traz é que a Cfem caiu. Ponto. E isso nem é novidade porque a receita da compensação vem se deteriorando em Parauapebas desde o pico do recolhimento, em 2021, acelerada pela “competição” de Parauapebas com Canaã dos Carajás, município que, devido à mina de S11D, se tornou prioridade número um da mineradora multinacional Vale, responsável maior pela geração dos royalties.
Depois da publicação, o prefeito Aurélio Goiano passou a alardear por aí, até quase chorando para tentar comover, que pegou um município afundado e que até a Cfem está caindo, porque era R$ 140 milhões por mês no ano passado e agora está R$ 40 milhões. Tudo parcialmente mentira, causada pelo uso incorreto de dados para compor o tal estudo.
Erro de base de comparação
A Cfem está caindo, vai cair muito mais, mas não é preciso criar estudo fake news para acelerar o processo. No ano passado, em mês algum, a Prefeitura de Parauapebas recebeu mais de R$ 100 milhões em royalties de mineração. E é muito fácil verificar: basta a “equipe técnica” de Aurélio Goiano ler o Blog do Zé Dudu, já que demonstrou grau acentuado de dificuldade em interpretar os dados da Agência Nacional de Mineração.
A equipe de Goiano simplesmente comparou os valores que a Prefeitura de Parauapebas recebeu em royalties em 2025 (o chamado “valor para distribuição”) com os valores que o município de Parauapebas produziu em 2024 sem o cálculo da distribuição (o chamado “valor por arrecadação”). São duas bases distintas, e o valor por arrecadação é o montante bruto dos royalties, que, depois, é fatiado pela ANM para distribuição aos entes governamentais, de maneira que a Prefeitura de Parauapebas recebe 60%.
É por isso que, guiado por um estudo fake, Aurélio replica a mentira da Cfem, dizendo por aí que os royalties passaram de mais de R$ 100 milhões por mês no governo anterior para R$ 40 milhões por mês no governo dele.
Em verdade, a Prefeitura de Parauapebas recebeu em valores exatos, de janeiro a maio deste ano, incluindo-se até mesmo a cota por ser afetado por atividades de mineração, R$ 275.787.213,73. De janeiro a maio do ano passado, foram na realidade R$ 324.996.436,51, bem menos que os R$ 506.081.597,25 reportados erroneamente no estudo do governo municipal — que, aliás, ainda comete outro erro grosseiro, dizendo ter sido, nesse período, R$ 436.959.547,79, montante que se refere ao valor de arrecadação bruta entre janeiro e abril.
O estudo ainda dimensiona que em 2024 a Prefeitura de Parauapebas recebeu R$ 1,295 bilhão em Cfem, o que também não é verdade. A receita da compensação totalizou R$ 763 milhões ao longo do ano passado, praticamente metade do que o documento imputa, incluindo-se o valor por ser afetado pelas operações da mina de Salobo, em Marabá.
A receita de Parauapebas exclusivamente por produção mineral somou R$ 761,9 milhões e pode muito bem ser checada aqui. Mas, por falta de “técnica”, a equipe de Goiano pegou o primeiro dado que viu (aqui) e jogou à plateia, plantando mentira como se fosse verdade.
Projeções que até assustam
A “equipe técnica” ainda se arrisca a fazer projeções de receita nada saudáveis e claramente equivocadas, o que demonstra a fragilidade administrativa a que o prefeito municipal está exposto, caso este resolva tomar decisões embasadas no que sua equipe orienta. Estudos com margem de erro envolvendo dezenas de milhões podem levar o gestor a criar medidas com graves efeitos financeiros amparadas em receita que não vem.
De acordo com a publicação, Parauapebas ainda vai receber este ano R$ 605,88 milhões em royalties, a contar deste mês até dezembro. Nos cálculos fajutos da equipe do prefeito, agora em junho seriam R$ 88,91 milhões, um verdadeiro absurdo que pode custar caro lá na frente. A real receita da Cfem deste mês é de R$ 46,8 milhões, conforme divulgado em primeira mão pelo Blog do Zé Dudu (relembre aqui) e inclusive antecipado em maio (veja aqui), antes mesmo do lançamento do fracassado estudo da prefeitura.
Enquanto o Blog acertou na mosca, a “equipe técnica” praticamente dobrou a aposta, passou muito longe da realidade e comeu mosca. E o pior é o que ela prevê para julho: R$ 91,77 milhões em compensação, um verdadeiro delírio. O Blog do Zé Dudu vai antecipar por estes dias o real valor da Cfem do mês que vem que entrará nos cofres da Prefeitura de Parauapebas, e o montante é desanimador, inferior até a parcela de junho.
Os absurdos se seguem para os meses de agosto (R$ 99,24 milhões), setembro (R$ 97,26 milhões), outubro (R$ 89,35 milhões), novembro (R$ 82,32 milhões) e, destoando de tudo, ainda assim mais próximo da realidade, dezembro (R$ 57,04 milhões). No frigir dos ovos, a equipe de Goiano projeta delirantemente R$ 881 milhões em royalties para 2025, o que só se concretizaria caso o preço do minério de ferro, atualmente em 100 dólares a tonelada, saltasse para 200 dólares, o que não está no radar dos próximos dois anos, ou, no melhor dos mundos, a Vale decidisse pagar diferenças de Cfem questionadas na justiça há anos.
Em resumo, o prefeito Aurélio Goiano precisa rever urgentemente a credibilidade de seus técnicos, que o induzem a falar abobrinhas, soltar iniquidades e destilar improbidades. A projeção de receita do governo municipal, caso feita por amadores e não levada a sério, pode trazer diversas consequências como falta de recursos para cumprir as obrigações milionárias que ele contraiu, necessidade de contingenciamento frequentemente e até prejuízos financeiros aos cofres públicos, inviabilizando políticas públicas.
E não haverá “governo passado” para ser bode expiatório das trapalhadas. É melhor Goiano começar a achar os culpados entre os seus, antes que seja tarde demais.

6 comentários em “Prefeito Aurélio Goiano tem ‘mentoria’ com estudo mentiroso de sua equipe técnica”
Parauapebas está em crise, essa é a verdade. A tendência é só piorar, infelizmente.
Esse pateta do Aurélio, se em uma frase o cara disser uma palavra que ele não conhece: “É técnico!”. E essa turma está só pavimentando o afastamento dele. Penso que a debandada dos vereadores vai começar agora, com as demissões, e com as muitas irregularidades escrachadas, não sei se esse mandato sobrevive.
O quadrilhão do Aurélio é infinitamente mais guloso que o quadrilhão do Darci. Só menino ‘curado’ e tudo forasteiro. Parauapebas parece que vive um filme de terror com tanta gente ruim no poder que nunca tem fim.
Acabou a mamata Zé,por isso vcs defendem tanto a corrupção do governo anterior,os fantasmas criaram corpo e estão aos berros, que diga os marajás.
Tem um advogado pila de Belém q tá orientando nas falcatruas .. tá levando o Aurélio pro buraco !!
Burros!!! Dá zero pra eles, Professor Girafales!!!