Pela primeira vez em mais de 30 anos, a Prefeitura de Marabá arrecadou mais que a Prefeitura de Parauapebas em um mês. Foi em abril, quando Marabá registrou R$ 163,61 milhões e Parauapebas, R$ 158,73 milhões. Isso não acontecia desde 1993, quando a moeda brasileira ainda era o Cruzeiro Real. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu.
Esse acontecimento, que pode passar despercebido ou ser banal para muita gente, reflete algo que o Blog vem insistentemente alertando: as finanças públicas da Capital do Minério estão minguando e o município, nacionalmente reportado como rico por sua robusta produção mineral, está indo à falência. No lado oposto, Marabá está crescendo como nunca antes e, a continuar nesse ritmo, sua receita vai ultrapassar a de Parauapebas em até dez anos.
O balanço da receita é preliminar e carece de ajuste contábil, o que está sendo finalizado para entrega das contas do quadrimestre aos órgãos de controle externo, mas ainda assim é possível afirmar com segurança que, no acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, a arrecadação total de Marabá bateu recorde, enquanto a de Parauapebas caiu.
De janeiro a abril, a prefeitura comandada por Toni Cunha arrecadou cerca de R$ 550 milhões líquidos, 15% acima dos R$ 475 milhões arrecadados no mesmo período do ano passado. No mesmo período deste ano, a prefeitura comandada por Aurélio Goiano faturou R$ 763 milhões ante R$ 854 milhões no primeiro quadrimestre do ano passado, retração de 10,6%.
Na vizinhança, a Prefeitura de Canaã dos Carajás, comandada por Josemira Gadelha, também registrou queda na arrecadação, tendo acumulado R$ 612 milhões de receita líquida nos primeiros quatro meses de 2025 frente a R$ 627 milhões ano passado. A queda de 2,4%, no entanto, foi bem mais suave que a de Parauapebas.
Mesmas razões, efeitos distintos
A última vez em que Marabá teve receita maior que a de Parauapebas em abril foi há 32 anos. O Blog do Zé Dudu revirou os arquivos da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e revisitou prestações de contas antigas de ambos os municípios ao órgão máximo de contas.
Em valores convertidos em Real, a Prefeitura de Marabá recebeu em 1993 o equivalente a R$ 1,25 milhão, ao passado que a Prefeitura de Parauapebas embolsou R$ 1 milhão. Daí para frente, seja na comparação mensal, seja na anual, Marabá sempre ficou para trás.
Agora, a indústria extrativa mineral — a mesma que alçou Parauapebas ao apogeu ao longo de décadas — faz de Marabá um dos municípios brasileiros que mais prosperam em receitas em 2025, sobretudo em função do recebimento de royalties sobre a extração de minério de cobre. Neste mês de maio, por exemplo, o governo de Toni Cunha embolsou R$ 19,31 milhões em royalties.
Já Parauapebas, ex-líder da produção nacional de minério de ferro, vê seus royalties diminuírem à medida que a mineradora multinacional Vale reduz sua atividade no município para priorizar suas operações de minério de ferro em Canaã dos Carajás, atual maior produtor da commodity.
Além disso, o governo do neófito prefeito Aurélio Goiano pratica medidas de evasão de recursos, ao distribuir contratos a empresas forasteiras, fomentando uma quebradeira generalizada na Capital do Minério e agravando a situação das finanças públicas. Essa prática tem sido amplamente criticada pelos comerciantes locais, muitos dos quais estão em vias de fechar as portas.
O desprezo e a indiferença das medidas administrativas de Goiano à economia local conduzem Parauapebas a um cenário financeiro de muita incerteza, enquanto Toni Cunha, em Marabá, é ferrenho municipalista e briga para tornar seu município uma potência em desenvolvimento socioeconômico no país. São as visões de retrocesso e progresso separadas por apenas 170 quilômetros.
3 comentários em “Marabá bate Parauapebas em arrecadação pela primeira vez em três décadas”
Eu não atribuo todo o desacerto na arrecadação unicamente a maneira de Aurélio administrar Parauapebas. Também reflete a sua falta de experiência anterior. Temos que ver que o mercado do minério de ferro está em processo de desaceleração para o Brasil e o minério de cobre em crescimento de demanda mundial e com um preço muito acima do minério de ferro por tonelada.
Privilégio do Município de Marabá ser detentor de uma grande reserva do cobre.
ele e co responsavel pela crise pq esta canalizando recursos pra empresas de fora gerando impostos pra outros lugares.. e o ‘gestor’ mais sem visao de todos os tempos assessorado pela pior ‘equipe tecnica’ do brasil.. temos visto bem em qual ‘tecnica’ essa equipe e especializada.. gueeeeeenta, pebinha!!
É alarmante ver Parauapebas, por tanto tempo referência em arrecadação, ser ultrapassada por Marabá. Se continuarmos nessa rota de estagnação, corremos o sério risco de assistir de camarote ao nosso protagonismo escorrendo pelas mãos. É hora de acordar — ou ficaremos para trás.