Filme Pureza encerra injetando R$ 1 milhão na economia de Marabá

Legado vai além da questão financeira. Qualidade de atores e técnicos locais levaram Dira Paes a pedir edital de cinema ao prefeito Tião Miranda

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Ontem, domingo, dia 15 de julho, encerraram as gravações do filme Pureza, em Marabá. As últimas cenas foram feitas na comunidade de Brejo do Meio e, daqui, diretores, atores e equipe técnica viajaram na madrugada para Brasília, onde serão feitas as gravações finais, durante esta semana.

O produtor executivo do Filme Pureza, Marcelo Goedert, revelou à Reportagem do blog que durante o período de produção do longa metragem foram injetados cerca de R$ 1 milhão na economia de Marabá, distribuídos em locação de imóvel, hotelaria, aluguel de veículos de passeio, caminhões e contratação de mão de obra. Entre atores, figurantes, passistas e técnicos da “Terra de Francisco Coelho” Marcelo conta que foram contratados cerca de 550 pessoas. “Criamos uma identidade muito forte com Marabá. Trouxemos vários atores de fora, mas as pessoas daqui também foram valorizadas, o que para nós foi muito importante”, sintetiza.

A estrela principal do filme, atriz Dira Paes, passou dois meses na cidade, dedicou mais de 10 horas por dia nas gravações – seis dias por semana – mas também encontrou tempo para participar da vida social de Marabá, assistindo aos festejos juninos, indo à Praia do Tucunaré e levando os filhos para brincar na Praça São Félix de Valois, como fez no último sábado, dia 14. Em todos os lugares por onde passou, Dira foi assediada por fãs e nunca deixou de parar sua atividade para posar em selfies com eles.

“Fui muito bem recebida. Não esperava que crianças e jovens tivessem uma conexão com minha figura como eles têm. Eu imaginava uma receptividade maior das pessoas que acompanharam as novelas. Vi que muita gente assistiu meu último trabalho, que foi Velho Chico, mas também os filmes, e sempre há referência a um personagem. Ator adora receber um elogio através de um personagem. Às vezes a pessoa gosta da pessoa famosa, mas é muito mais legal quando aprecia o trabalho da pessoa”, disse a atriz.

Em entrevista ao blog antes de viajar, Dira Paes revelou que quis fazer o filme Pureza por conta do significado da mulher que inspirou a produção cinematográfica (Pureza Lopes Loiola) no cenário brasileiro e mundial. “Em 1997 ela recebeu um prêmio internacional anti-escravidão e muitas pessoas a conhecem. Para mim é um envolvimento pessoal e profissional, o roteiro é muito bom porque o personagem é ótimo, não é fácil. Tudo difícil, trabalhoso, de verdade. Não inventamos nada, se estou tirando barro, faço isso de fato, na lida com a lenha, pegando facho de lenha, comida é comida. “Por isso que esse filme me emociona, porque não tem mentira”.

Questionada por que frequentou tantos lugares com água em Marabá, como igarapés e rios, a atriz deu uma risada e justificou com um argumento astrológico e lacônico: “Sou canceriana, sou da água, sou amazônida de cara e coração”.

Dira Paes contou ainda que gostou muito de ter celebrado seu aniversário de 49 anos em Marabá, no dia 30 de junho, com a presença de seus dois filhos – Martim, de 2 anos, e Inácio, de 10 – que vieram do Rio de Janeiro para Marabá durante quatro vezes durante o tempo de duração das gravações. “Foi emocionante para mim. Aqui, eles pintaram as ruas com cores da Copa do Mundo, e como gostam de água também, curtiram os rios Tocantins e Araguaia e fizeram amizades com crianças de Marabá”.

POTENCIAL LOCAL

A atriz, que já fez mais de 30 filmes em sua carreira, além de novelas, diz que os diretores do filme, e ela também, firmaram o compromisso de trazer “Pureza” para fazer uma pré-estreia em Marabá em 2019. “Agradeço muito ao prefeito Tião Miranda e ao secretário de cultura, José Scherer, pela acolhida. Espero que eles levem em conta minha sugestão para que seja publicado um edital de audiovisual em Marabá, de maneira urgente. Estou convicta de que Marabá tem um potencial imenso de ser um polo cinematográfico, assim como Belém. Podemos ter aqui um edital para longas metragens documental, ficção ou curta metragem, para que Marabá possa ser incluída nos festivais de cinema no futuro. Há uma equipe muito profissional que nos atendeu com filmagens de drone e eles têm potencial para produzir coisas grandiosas. Deixamos as pessoas já capacitadas”, garante.

TRAJETÓRIA DE PUREZA

A trabalhadora rural maranhense Pureza Lopes Loiola, agora com 73 anos de idade, recebeu em Londres o “Prêmio Anti-Escravidão 1997”, uma medalha oferecida anualmente pela Anti-Slavery International, organização não-governamental do Reino Unido que faz campanha contra o trabalho escravo.

Pureza Loiola foi a escolhida do ano, segundo a organização, por sua busca de três anos pelo filho Antônio Abel Lopes Loiola, 28, desaparecido em 1993, quando foi trabalhar em uma fazenda no sul do Pará.

Ela reencontrou o filho em maio de 1996, quando ele conseguiu fugir de uma fazenda onde era mantido em regime de escravidão, em Santana do Araguaia.

Loiola vendeu tudo o que tinha em Bacabal (MA) e saiu viajando em busca do filho depois que soube por amigos dele – que também tinham escapado de fazendas – que ele estava trabalhando no sul do Pará.

PUREZA – O FILME

Produção: Gaya Filmes – Brasília DF

Coprodução: Ligocki Entretenimento – Brasília DF

Produtor associado: Affonso Beato

Direção: Renato Barbieri

Produção executiva: Marcus Ligocki Júnior e Marcelo Goedert

Direção de fotografia: Felipe Reinheimer

Direção de Arte: Zé Luca

Figurinos: Inês Salgado

Direção de produção: Mariângela Furtado

Diretora de som: Zezé D’Alice

Ulisses Pompeu – de Marabá

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