Ele já deu show, fez lives, deu seta para a esquerda, pescou, viajou adoidado, consumiu 26 diárias Brasil adentro, deu aval a um monte de licitações suspeitas, caçou encrenca, prometeu, não cumpriu. Mas o que mais notabiliza Aurélio Goiano e seu governo sem rumo é a gastança diária em cinco meses incompletos de seu mandato: R$ 7,7 milhões sumidos de Parauapebas por dia útil até 15 de maio. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu.

Não é invenção, e qualquer cidadão pode fazer as contas, a partir dos lançamentos efetuados pela própria equipe de Aurélio Goiano no portal da transparência do município. Até 15 de maio, o governo de Goiano havia pago exatos R$ 695.303.480,32 em despesas. Nesse período de 135 dias, 90 foram dias úteis, descontados sábado, domingo, feriados e recessos. Por efeito, a média diária de gastos da administração de Goiano é de R$ 7.725.594,22 por dia útil.

Nenhum gestor antecessor conseguiu mais essa proeza alcançada por Aurélio Goiano, que, quando vereador, vendia discurso moralista de aplicação de recursos públicos em favor da população. Agora, aliás, a população se questiona sobre os rumos que essa dinheirama tomou, já que nada de extraordinário aconteceu em cinco meses de gestão a não ser muita confusão e trapalhada com contratação de empresas forasteiras, o que está levando Parauapebas à quebradeira.

Notas fiscais emitidas

Um dia após ser empossado prefeito, em 1º de janeiro, começaram a pipocar notas fiscais de serviços no governo Aurélio Goiano. Até o momento, as notas já lançadas em cinco meses totalizam R$ 175.687.722,84, mas há muito mais que isso, uma vez que a Prefeitura de Parauapebas anda escondendo informações dos cidadãos para evitar constrangimentos.

É o que ocorreu, por exemplo, com a nota fiscal de R$ 10.597.590,81 da empreiteira forasteira Pavifênix, que tem sede em Barcarena. O Blog do Zé Dudu revelou na semana passada (relembre aqui) que a nota fiscal referente ao “asfalto Sonrisal” estava prontinha, à espera do PIX, e a situação causou enorme repercussão e insatisfação nas redes sociais.

Sem demora, auxiliares do prefeito Aurélio Goiano correram e tiraram a nota do portal da transparência (veja aqui), a fim de tentar descredibilizar o Blog. Porém, para infelicidade dos cupinchas do governo, este portal de notícias já tinha baixado o documento para atestar e comprovar o que publicara.

Dezenas de milhões

Desde que ocupou a cadeira de prefeito, Aurélio Goiano já sorriu para, pelo menos, 42 notas fiscais de prestadores de serviços — a maioria de fora de Parauapebas — com valor superior a R$ 1 milhão. Meia dúzia dessas notas é de fornecedor que tirou a sorte grande de não precisar concorrer com quem quer que seja, já que o processo que originou a dívida a ser paga pela Prefeitura de Parauapebas foi dispensa de licitação ou inexigibilidade.

O governo de Goiano pode ser considerado a maior fábrica de milionários da história moderna de Parauapebas e região. E de quase milionários também, já que outras 30 notas fiscais foram emitidas com montantes entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão.

Ainda tem um detalhe: muitas das notas fiscais não foram efetivamente pagas. E aí mora o perigo porque empresas como a Pavifênix, que já emitiu R$ 20,5 milhões, vão querer receber mais cedo ou mais tarde. Até o último dia 15 de maio, a administração de Aurélio Goiano devia R$ 51,6 milhões na praça, decorrentes de R$ 746.894.607,46 liquidados, dos quais R$ 695.303.480,32 foram pagos.

As despesas contraídas por Goiano e seus comandados estão se tornando impagáveis, especialmente porque a receita, por mais bilionária que seja, se mantém em queda e não consegue acompanhar o ritmo das canetadas sem pudor, sem corte e sem censura do prefeito. Os empenhos já feitos por ele já passaram da casa do bilhão (exatamente R$ 1.106.908.757,82), ao passo que a receita não conseguiu chegar lá. O cenário é preocupante.

Para variar, enquanto empreiteiros forasteiros têm milhões para receber da prefeitura, o comércio de Parauapebas agoniza e não vislumbra perspectivas. Mas pensar no empreendedor local não parece estar no radar do prefeito, que vai buscar “soluções” caras e questionáveis lá fora e deixa as pratas da casa a chupar o dedo. Escolhas que o parauapebense vai ter, temporariamente, de engolir.