Desespero leva Aurélio Goiano a fazer ‘mágica’ e lambança no portal da transparência

Após pressão de Câmara, imprensa e sociedade, pagamento de R$ 9.851.973,26 à Pavifênix que não constava do portal da transparência até 30 de abril apareceu misteriosamente ontem, com lançamentos feitos em 17 e 22 de abril para serviço que se diz ter sido executado entre 21/03 e 04/04

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Na aflição de fechar a prestação de contas do primeiro quadrimestre e enviar os balanços de seu governo desengonçado a órgãos de controle externo, a “equipe técnica” do prefeito Aurélio Goiano está cometendo erros amadores e deixando visíveis as marcas da incompetência, o que pode trazer sérias consequências ao neófito gestor.

Ontem (21), apareceram, enfim, pagamentos à empresa forasteira Pavifênix, protagonista da novela do criticado “asfalto Sonrisal”, que se desmancha ao menor sinal de gota d’água. Mais que pagar a primeira nota fiscal da empresa no valor de R$ 9.851.973,26 por serviços de qualidade duvidosa, o problema está nas datas, que, de forma mágica, surgiram ontem, na calada da noite, no Portal da Transparência do Município de Parauapebas. Os pagamentos foram os seguintes:

  • 17 de abril de 2025 — R$ 2.300.000,00
  • 17 de abril de 2025 — R$ 2.601.973,26
  • 17 de abril de 2025 — R$ 1.720.000,00
  • 22 de abril de 2025 — R$ 1.580.000,00
  • 22 de abril de 2025 — R$ 1.650.000,00

Esses pagamentos, todos feitos com recursos dos royalties de mineração, foram mascarados do portal da transparência a fim de iludir os cidadãos que exercem o controle social sobre os atos da administração municipal. Também foram ocultados para confundir a opinião pública e tentar enganar vereadores de oposição, que constantemente têm denunciado as falcatruas do governo de Aurélio Goiano, endossadas por seus “técnicos”.

No desespero para fechar a prestação de contas do quadrimestre encerrado em 30 de abril, a equipe de Goiano está trazendo à tona meio mundo de pagamentos que estavam escondidos feitos com recursos públicos. Diga-se de passagem, Aurélio sequer publicou o contrato de contabilidade pública de sua gestão e, por isso, forasteiros contratados por ele estão trabalhando na clandestinidade, embora já assinando relatórios sem qualquer documento tornado público que os ampare.

Cambalachos

Pelo calendário de obrigações do Tribunal de Contas dos Municípios do Pará (TCM-PA), Aurélio tem até o dia 31 deste mês para enviar a prestação de contas do primeiro quadrimestre e até o 5º dia útil de junho para remeter os relatórios de execução orçamentária e gestão fiscal, detalhando gastos, cumprimento de limites constitucionais e despesa com pessoal.

Ao revelar agora os cinco pagamentos milionários à Pavifênix, o “talentoso” grupo de Aurélio Goiano só não contava com prints das telas que comprovam que antes de 30 de abril não havia um centavo sequer lançado no portal da transparência como pagamento à empreiteira forasteira, cambalacho que ele certamente terá de explicar ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, uma vez que o contrato do Município de Parauapebas com a Pavifênix tornou-se alvo de ação judicial que tramita na Vara da Fazenda Pública e Execução Fiscal da Comarca de Parauapebas.

Contradições

Em seu prolixo plano de governo, que possui remendos e colagens de planos de outros lugares, o prefeito Aurélio Goiano cita a palavra “transparência” meia dúzia de vezes em meio às 40 páginas de promessa que sabidamente ele não cumprirá.

Numa parte do plano, o gestor prometeu “criar o portal da transparência mu­nicipal com inteligência artificial (visão legal) com painel no gabinete do prefei­to e nas salas dos secretários”, argumentando que seria “ins­talado software intuitivo e acessível com informações atualizados em tempo real”. É claro que nem quem colocou essa pérola no plano sabia o que estava escrevendo.

Atualmente, o que se vê é uma tentativa desesperada de proporcionar “cegueira legal” por meio de “esperteza artificial” para enganar os que buscam entender os gastos públicos do governo de Goiano no portal da transparência, que é acessado, aliás, por membros do MP, juízes, entre outras autoridades, na busca de elementos para consubstanciar processos e pautar decisões.

Fica claro, assim, que a “equipe técnica” de Aurélio Goiano tenta enganar não somente o cidadão comum, mas também os poderes constituídos, inclusive seus aliados na Câmara de Vereadores. A continuar nessa direção, o prefeito Aurélio Goiano vai se complicar com estilo e muita técnica por falta de transparência e por cercear o direito à informação sobre os atos administrativos, teleguiado por uma equipe que entrará para os anais do amadorismo.

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