Após “rebelião”, MPPA pede mudanças no abrigo de crianças em Marabá

Crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade vivem em local gerido pela Prefeitura, mas com estrutura física precária, segundo promotora

Continua depois da publicidade

A promotora de Justiça Jane Cleide Silva Souza, titular da 10ª Promotoria de Justiça de Marabá, emitiu a Recomendação Ministerial direcionada à administração municipal, com o intuito de solucionar os problemas identificados no Espaço de Acolhimento Provisório de Marabá (EAP). A recomendação destaca a necessidade de providências imediatas para aprimorar as condições de funcionamento e segurança do local.

A Reportagem do Blog levantou que há cerca de dez dias, uma mini rebelião ocorreu no EAP, dias depois de a nova coordenadora assumir a função. Eles danificaram parte das casas onde residem, localizadas no Bairro Novo Horizonte, Núcleo Cidade Nova. Eles também ameaçaram servidores do local, que tiveram de sair correndo do espaço com bebês no colo.

Por causa disso, a nova coordenadora entregou a função na SEASPAC (Secretaria Municipal de Assistência Social e Comunitária).

De acordo com a recomendação do MPPA, foram identificados diversos problemas que comprometem a plena funcionalidade do EAP, afetando tanto a infraestrutura quanto a gestão do programa de acolhimento. Entre as principais questões destacadas estão:

Superlotação: A concentração de adolescentes nas casas lares tem causado superlotação e transtornos, inclusive com incidentes de vandalismo e danos ao patrimônio público.

Controle de entrada e saída: Falta de controle adequado sobre quem entra e sai do espaço, bem como a ausência de revistas nos acolhidos ao retornarem, o que possibilita a entrada de objetos não permitidos.

Estrutura física precária: Muros baixos, ausência de espaço pedagógico adequado e falta de salas de atendimento individual têm sido problemas recorrentes.

Equipe técnica insuficiente: A falta de profissionais qualificados para atender a demanda do EAP tem gerado sobrecarga de trabalho e dificuldades na gestão.

A recomendação também faz referência a uma Reunião realizada em junho de 2022, onde essas dificuldades foram discutidas, e a uma Recomendação Conjunta nº 003/2022 que já havia sido emitida, propondo medidas para solucionar esses problemas. No entanto, muitas dessas medidas ainda não foram cumpridas até o momento.

Além disso, a situação se agravou recentemente com comportamentos inadequados dos adolescentes acolhidos, culminando em danos ao patrimônio público e destruição de parte das instalações do EAP em agosto de 2023.

Diante desses desafios, a promotora de Justiça recomenda ao Prefeito Municipal e à Secretaria Municipal de Assistência Social as seguintes ações:

Contratação de mais profissionais para o EAP, incluindo técnicos psicólogos, com expertise em demandas complexas, para atender adequadamente os acolhidos.

Reabertura da Casa 04 para reorganizar os acolhidos e evitar superlotação nas outras casas.

Construção de ambiente pedagógico, alocação de sala de atendimento individual e ampliação da estrutura predial, conforme recomendações anteriores.

Aumento da altura do muro do EAP para garantir maior segurança.

Realização das manutenções indicadas no laudo técnico do MiniGati, incluindo substituição de vidros, reparos em portas e instalação de sistemas de segurança.

A recomendação foi emitida em 24 de agosto de 2023, com a expectativa de que as medidas sejam adotadas com urgência, visando à garantia do bem-estar e a segurança dos adolescentes acolhidos no Espaço de Acolhimento Provisório de Marabá.

A Prefeitura já está tentando contratar, às pressas, um psicólogo para o EAP, devendo, ainda esta semana, realizar seleção de profissionais para trabalhar no local.

Deixe seu comentário

Posts relacionados