O IFPA – Campus Conceição do Araguaia viveu 3 dias (9, 10 e 11/12) que marcaram a história da instituição na realização da Feira das Sementes e Saberes, sediada no Centro Experimental Agroecológico do Araguaia (Ceagro). O evento foi viabilizado em parceria com instituições como Vale, Sete, Embrapa e Funai, ganhando um valor ainda maior, pois uniu ciência, tradição e proteção cultural. Essa integração fortaleceu o diálogo entre conhecimentos ancestrais e pesquisas modernas, promovendo ações de conservação e valorização dos povos originários.
A Feira recebe aproximadamente 40 aldeias, inclusive do povo Kayapó-Mebêngôkre – que são conhecidos por sua forte organização social, cultura rica, protagonismo na luta por direitos indígenas e preservação da língua e da floresta, vivendo em aldeias circulares com agricultura sustentável e rituais complexos, apesar da influência moderna. Ela teve como mote a preservação da biodiversidade – incentivando o uso e a troca de sementes crioulas e nativas; combate a perda genética causada pela monocultura e pelas sementes industrializadas, além de garantir a autonomia produtiva às comunidades indígenas.
O IFPA foi anfitrião desse evento importantíssimo para a região do Araguaia Paraense e, dessa parceria ainda vai gerar muitos frutos. Os alunos do curso técnico de Agropecuária e do superior de Agronomia estiveram completamente envolvidos, sob a coordenação do professor Ricardo Alexandre, Zeca Sacramento e, do coordenador do Ceagro Prof. Raul Andrade. Durante a abertura da Feira, a diretora geral substituta Ana Costa colocou o IFPA à disposição e agradeceu a vinda de todos na construção e troca de tantos saberes no evento.



Roda de conversa
Durante uma Roda de Conversa a técnica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Terezinha Dias falou da importância da conservação das sementes através de um Banco de Sementes e do trabalho em conjunto para manter essas espécies no território indígena. “Esse trabalho de conservação das sementes tem uma importância gigantesca para a segurança alimentar, sustentabilidade e desenvolvimento agrícola do Brasil, pois ele conserva a diversidade genética de plantas (e também animais/microrganismos) para o futuro, protegendo espécies nativas, crioulas e adaptadas a climas extremos, servindo como “seguro” contra perdas por mudanças climáticas ou desastres, e fornecendo material para pesquisa e melhoramento genético, garantindo a resiliência da produção de alimentos,” destacou.
Os alunos do curso superior de Agronomia e do curso técnico de Agropecuária compartilharam conhecimentos e estiveram presentes na Feira de Sementes e Saberes com os Quadros artísticos com sementes no Stand de exposição delas. Lá, os indígenas puderam verificar as sementes de plantas árvores (nativas da floresta); sementes e mudas recalcitrantes de espécies nativas, sementes crioulas de plantas anuais (grãos e hortaliças); sementes de plantas perenes (frutíferas e medicinais) – numa Tenda instalada ao lado da quadra do Ceagro. O trabalho foi coordenado pelo professor doutor Ricardo Alexandre que proporcionou experiências e compartilhamentos gerando muito aprendizado.
Trocas de sementes
Os povos indígenas compartilharam técnicas de plantio, manejo e alimentação durante toda Feira de Sementes e Saberes. O conhecimento ancestral é reconhecido como ciência e patrimônio cultural e os jovens indígenas passam a valorizar e perpetuar a tradição de seus povos. Eles realizaram, primeiro o levantamento das sementes e fizeram trocas importantes entre os parentes – um momento importantíssimo de preservação da biodiversidade e a garantia futura de alimentos na mesa de todos.
Oficina de Biojoias
A Oficina Temática de Produção de biojoias com materiais naturais foi ministrada pela Maria Saraiva do Instituto Social Preciosa Amazônia. A produção de biojoias é uma prática que vai muito além do simples artesanato. Ela envolve cultura, economia criativa, sustentabilidade e valorização da biodiversidade brasileira. Feitas com materiais naturais — sementes, fibras, madeiras, escamas, conchas, cascas, entre outros — as biojoias se destacam como alternativa ecológica e socialmente responsável.
Pintura corporal
A pintura corporal marca quem a pessoa é dentro do grupo indígena. Ajuda a identificar: etnia e clã, funções sociais, estágios da vida (infância, juventude, maturidade), além dos papéis cerimoniais e de liderança. Ela diz: “Eu pertenço a este povo”. As pinturas corporais aconteceram pelo espaço da Feira e, pudemos ver, além dos indígenas, nossos alunos sendo marcados numa experiência vívida e única.
Torneio Esportivo
O Torneio esportivo Indígena de Futsal (Masculino e Feminino) durante a Feira de Sementes e Saberes do IFPA – Campus Conceição do Araguaia foi um espetáculo à parte. Os indígenas das rotas de Bannach, Ourilândia do Norte e São Félix do Xingu se enfrentaram mostrando o quanto eles valorizam o esporte, a saúde e a confraternização entre os parentes.
Manifestações culturais
As manifestações culturais do povo Kayapó-Mebêngôkre são fundamentais para a existência, identidade e continuidade desse povo. Para eles, cultura não é apenas tradição — é modo de viver, de se organizar e de se conectar com o território e com o sagrado. Cada canto, dança, pintura, ritual e adorno carrega conhecimento ancestral e fortalece a própria estrutura da comunidade. Durante a Feira de Saberes e Sementes eles se apresentaram conquistando a admiração e os aplausos dos presentes.
Exposição de artesanatos diversos
O evento também abrigou exposições de artesanato, cantos e danças, reafirmando a identidade dos povos indígenas, mostrando ao público externo a riqueza cultural indígena, além de combater preconceitos, estereótipos e invisibilização histórica.
A venda de artesanato, biojoias, sementes e produtos tradicionais aumentou a autonomia econômica das aldeias, valorizando o uso sustentável dos recursos naturais e incentivando cadeias produtivas que respeitem a floresta e a cultura.
Agronomia e Forma Pará
Nossos alunos da turma do curso superior de Agronomia do IFPA – Campus Conceição do Araguaia em parceria com o Programa Estadual “Forma Pará”, do distrito de Casa de Tábua, de Santa Maria das Barreiras – PA, estiveram presentes na Feira das Sementes e Saberes. Vieram de longe e aprenderam muito, compartilhando saberes e experiências com os indígenas.
Entrega dos certificados do curso FIC de produtor de cacau
O curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) de produtor de cacau ofertado pelo IFPA – Campus Conceição do Araguaia ao longo deste ano de 2025 ao povo indígena Kayapó-Mebêngôkre foi crucial, pois capacitou os participantes com conhecimentos e habilidades técnicas para profissionalizar a atividade cacaueira, visando aumentar a produtividade e a qualidade do produto.
Durante a Feira, os indígenas que concluíram o curso receberam o seu Certificado das mãos do Prof. Dr. Zeca Sacramento, do Prof. Esp. Raul Andrade, do Prof. Dr. Ricardo Alexandre, do diretor de Ensino Prof. Dr. Tomaz Filho e da diretora geral substituta Profa. Ma. Ana Costa.
Foi um momento solene e relevante em que o IFPA – Campus Conceição do Araguaia se destaca como uma instituição de ensino pública que, através desse curso, promoveu a adoção de práticas mais sustentáveis e o uso de novas tecnologias no cultivo, que é essencial para o futuro da produção agrícola na Amazônia, onde o cacau desponta como uma cadeia da bioeconomia.
(Viviane Fialho/ Ascom IFPA Conceição do Araguaia)







