Fé, respeito, cultura e ancestralidade: Juventudes pela Revolução realiza o “1º Tambozarço da Resistência” em Canaã

Encontro reunião cerca de 80 pessoas e também celebrou o Dia da Consciência Negra
1º Tambozarço da Resistência, em Canaã dos Carajás

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O coletivo Juventudes pela Revolução realizou, no último domingo (30), às margens do Lago Municipal de Canaã dos Carajás, o 1º Tambozarço da Resistência. A iniciativa buscou dar visibilidade, representatividade e protagonismo às casas de religiões de matriz africana do município, fortalecendo a luta contra o preconceito, o racismo e a intolerância religiosa.

O encontro reuniu cerca de 80 pessoas, entre pais e mães de santo, filhos e filhas de santo, além de simpatizantes. Juntos, entoaram cânticos, realizaram danças tradicionais e tocaram atabaques em reverência à ancestralidade, à cultura e às tradições africanas.

Para a mãe de santo Yolanda Yo, o momento foi essencial para desconstruir estereótipos: “Quando se fala em religião de matriz africana, cria-se um estereótipo de que somos pessoas do mal. Estamos aqui para mostrar que não é isso. Somos pessoas como qualquer outra e temos uma cultura — e essa cultura é forte”.

A programação também marcou as celebrações do Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, reforçando o papel das religiões de matriz africana na preservação histórica, espiritual e cultural do povo negro.

“Precisamos mostrar ao público que nossa religião não é o que muitos pensam. Cultuamos voduns, caboclos, orixás. Nosso objetivo é combater o preconceito e o achismo sobre nossos cultos”, disse Pai André Gomes, destacando a importância do ato.

Coletivo ampliando lutas e construindo pontes

Fundado há pouco mais de um ano, o Juventudes pela Revolução atua na defesa da comunidade LGBTQIA+, das religiões de matriz africana e de direitos humanos historicamente negados a populações marginalizadas. Também desenvolve ações nas áreas de cultura, meio ambiente e educação.

Além do Tambozarço, o coletivo coordena um mapeamento dos terreiros de Canaã dos Carajás, iniciativa que já identificou cerca de 12 casas religiosas, levantando demandas e dialogando com o poder público em busca de políticas inclusivas.

O fundador do coletivo, Matheus Rodolfo, reconhece o evento como símbolo de força da união. “Esse momento não é meu, nem apenas do coletivo. Esse momento é nosso. Ele representa o resultado de um trabalho construído com verdade, transparência e coletividade. Nosso objetivo é mostrar à população que é somente através da união que nossas demandas podem ser atendidas pelo poder público, porque a força vem do povo”, disse.

Já a mãe de santo Michele de Oxum descreveu o Tambozarço como um marco: “É um momento histórico para nós, que já lutamos tanto para que nossa família de Axé pudesse se mostrar de forma plena dentro da cidade. É muito importante e gratificante”.

O Juventudes pela Revolução é um coletivo político apartidário e sem fins lucrativos, comprometido com a construção de uma Canaã dos Carajás mais inclusiva, diversa e respeitosa com todas as formas de expressão cultural, religiosa e identitária.

Carlos Magno, com informações de Luh Lima
Jornalista DRT/PA 2627

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