A mina do Salobo, no Pará, é um dos pilares da produção de um insumo cada vez mais estratégico: o cobre. Considerado um mineral crítico, ele é indispensável para a transição energética, presente em painéis solares, turbinas eólicas, baterias e sistemas elétricos. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a demanda global por cobre deve crescer quase 40% até 2040, impulsionada pela eletrificação de veículos e pela expansão de redes elétricas mais eficientes.
Com alta condutividade — inferior apenas à da prata —, o cobre é essencial na fabricação de fios, cabos e transformadores. Essa importância se reflete no desempenho de Salobo, um dos maiores projetos da Vale e peça central na cadeia global de metais.
“Salobo é a maior mina de cobre do Brasil, com projeção de ampliar sua produção nos próximos anos, em um contexto global de queda de produtividade das minas”, afirma Alfredo Santana, diretor da Vale Metais Básicos, eleita a melhor empresa do setor de mineração e cimento.
Atualmente, uma tonelada de minério de ferro custa cerca de 100 dólares (aproximadamente 538 reais), enquanto a mesma quantidade de cobre chega a valer 10 mil dólares (cerca de 53.800 reais). A diferença explica o desempenho expressivo da operação: em 2024, a Vale Metais Básicos faturou 15,9 bilhões de reais, com lucro líquido de 4,7 bilhões.
A Vale projeta produzir 280 mil toneladas de cobre em 2025, avançando para 350 mil toneladas até 2030 e 600 mil até 2035 — mais que o dobro da capacidade atual. O concentrado extraído em Salobo é transportado até o terminal logístico de Parauapebas e segue pela Estrada de Ferro Carajás até o Porto de Ponta da Madeira, em São Luís (MA), de onde é exportado. Após o refino, o concentrado dá origem a fios e placas de cobre, alcançando pureza máxima e tornando-se apto para uso em equipamentos e baterias de alta performance.
O Brasil, porém, ainda não possui capacidade de refino para o cobre que produz — diferentemente de outras nações mineradoras. O país exporta o concentrado para regiões com maior estrutura industrial, principalmente a China, responsável por metade da capacidade global de refino.
“O país também não figura entre as maiores reservas confirmadas de cobre. Chile, Peru, República Democrática do Congo e Austrália lideram esse ranking”, observa Lucas Luquim, sócio da consultoria BCG.
Ele cita a Indonésia como exemplo de nação que mudou sua posição no mercado ao exigir que o refino fosse realizado internamente.
“Essa política atraiu investimentos estrangeiros e estimulou o desenvolvimento da cadeia local”, afirma.
Um dos fatores que sustentam o aumento da produtividade nas minas da Vale, incluindo Salobo, é a mineração circular — tema que deve ganhar destaque na COP 30. A prática busca reaproveitar resíduos do processo minerário com o apoio de tecnologias capazes de identificar teores aproveitáveis em materiais antes classificados como rejeitos.
“Em qualquer mina, o teor do minério tende a cair com o tempo. A tecnologia torna viável reprocessar as pilhas de baixo teor que antes seriam descartadas”, explica Alfredo Santana.
A combinação de tecnologia, reaproveitamento e expansão da capacidade produtiva coloca a Vale entre os protagonistas da corrida global por metais críticos. Em um mundo cada vez mais eletrificado, o cobre se consolida como um recurso estratégico — e a eficiência em sua extração torna-se um diferencial competitivo capaz de definir o papel do Brasil na nova economia verde.
(Com informações da Veja Negócios)







