“Crescemos com o minério, mas nosso legado é para as pessoas”, afirmou a prefeita de Canaã dos Carajás, Josemira Gadelha, no painel “Cidades Sustentáveis: Inovação e Governança para o Desenvolvimento Local”, realizado no stand do Consórcio da Amazônia Legal (CAL), durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30). O evento contou com a mediação de Emerson Rocha, diretor executivo do Sindicato das Indústrias Minerais do Pará, e participação do prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano, e do professor Marcelo Moreno, diretor de licenciamento ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).
Em um dos espaços mais simbólicos da conferência, a Green Zone, voltada a soluções concretas e ao diálogo com a população, diante de um público formado por gestores, pesquisadores, organizações internacionais e movimentos da sociedade civil, Josemira apresentou Canaã como caso real de transição de uma economia extrativa para um modelo de desenvolvimento sustentável, ancorado em planejamento, indicadores e participação social.
Durante sua fala, a prefeita resgatou a trajetória de Canaã: município amazônico que nasceu da agricultura e ganhou projeção mundial com um dos maiores complexos de mineração em operação, mas que hoje organiza o futuro a partir do plano “Canaã dos Nossos Sonhos 2050”, estruturado no tripé sustentabilidade, prosperidade e felicidade.
Ela destacou que a gestão municipal trata a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) e as demais receitas como ferramentas de transformação, não como cheque em branco: investimentos em infraestrutura sustentável, políticas sociais, preservação ambiental e diversificação econômica. A mensagem central foi objetiva: “Não existe cidade inteligente se ela destrói o território em que está inserida”.
ODS 11 na prática: cidade viva, verde e inclusiva
Josemira apresentou um conjunto de ações que colocam Canaã dos Carajás como referência regional em alinhamento ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), saindo do discurso para entrega concreta à população. Entre os destaques:
- Ampliação de áreas verdes urbanas, criação e fortalecimento de bosques e parques lineares, conectando cidade e floresta;
- Programa robusto de arborização urbana e rural, com centenas de milhares de mudas plantadas e meta de chegar a 1,5 milhão até 2028, associado ao Plano Municipal de Arborização em sintonia com diretrizes nacionais;
- Mobilidade sustentável, com iluminação 100% em LED na zona urbana e rural, sistema de transporte coletivo implantado, calçadas acessíveis e mais de 50 km de ciclovias, incentivando modais limpos e seguros;
- Moradia digna, equipamentos públicos de qualidade e ocupação planejada do território, reduzindo desigualdades e garantindo acesso a serviços básicos, com atenção especial às pessoas em vulnerabilidade social e povos originários, como os indígenas da região.
A prefeita reforçou que o planejamento urbano de Canaã é construído com participação social e uso de dados, conectando decisões de hoje com metas de longo prazo para uma cidade mais resiliente às mudanças climáticas.
Salto no Índice de Progresso Social
Durante o painel, Josemira Gadelha apresentou resultados que ajudam a traduzir o discurso em números. Entre 2024 e 2025, Canaã dos Carajás registrou avanço consistente no Índice de Progresso Social (IPS Brasil), subindo posições no ranking nacional e consolidando-se entre os municípios com melhores indicadores do Pará, reflexo de políticas integradas em saúde, educação, meio ambiente e inclusão.
Segundo a prefeita, esse desempenho reforça que “cada investimento em infraestrutura verde, mobilidade, inclusão produtiva e educação é também uma política climática, porque protege gente, território e futuro ao mesmo tempo”.
Compromisso com “mutirão global” pelo clima
Em sintonia com a proposta da Green Zone de dar visibilidade a soluções amazônicas e aproximar a agenda climática da vida das pessoas, ela defendeu o protagonismo dos municípios da Amazônia Legal na COP30, destacando o papel do Consórcio da Amazônia Legal e das cidades mineradoras em apresentar projetos concretos que merecem acesso a financiamento climático internacional.
Encerrando sua participação, Gadelha lançou um chamado coletivo aos parceiros públicos, privados e multilaterais: “Mutirão é uma palavra tupi-guarani que significa fazer juntos, ação conjunta. E é assim que Canaã constrói o futuro: em cooperação com a região, com o Brasil e com o mundo, comprometida em reduzir emissões, ampliar áreas verdes, proteger nascentes e garantir que o desenvolvimento na Amazônia seja sinônimo de dignidade para quem vive aqui”.