Vereadora Eliene Soares quer metade das vagas da Uepa para estudantes de Parauapebas

Ela reivindica que 50% das futuras cadeiras em cursos de graduação da instituição no município sejam reservadas exclusivamente a candidatos que tenham cursado ensino médio em Parauapebas.

Continua depois da publicidade

Com a chegada de cursos da Universidade do Estado do Pará (Uepa) cada vez mais próxima, por meio de parceria entre a Prefeitura de Parauapebas e o Governo do Estado, a vereadora Eliene Soares fez uma indicação que movimentou a classe estudantil do município na última terça-feira (17): ela pediu ao Governo Municipal que, por meio de convênio e entendimento com a Universidade, estabeleça formalmente que metade das futuras vagas dos cursos da Uepa seja reservada a estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em Parauapebas.

A medida vai beneficiar diretamente 3.500 estudantes que anualmente concluem o ensino médio nas escolas das redes pública e privada do município. Mas também pode acabar contemplando outras pessoas que cursaram e concluíram o ensino médio no município e nunca antes puderam entrar na universidade. Ao todo, de acordo com dados levantados pela Assessoria de Gabinete da parlamentar, 60.700 pessoas em Parauapebas têm apenas o ensino médio completo.

A ideia de cotas regionais, como a proposta pela vereadora Eliene Soares, não é nova no Brasil. E o Ministério da Educação (MEC) diz não ter algo contra. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região deu ganho de causa à cota regional estabelecida por uma universidade federal na Bahia, quando questionada na justiça. A própria Uepa já abriu vestibular com cotas regionais por meio do Plano Territorial Participativo (PTP).

“Não podemos mais aceitar perder filhos de nossa terra para outros lugares simplesmente porque o curso que tanto desejam não está aqui”, destaca a parlamentar, revelando que a Uepa vai iniciar com três graduações (Enfermagem, Biologia e Matemática), vai se expandir e logo serão dez, vinte cursos. “Dessa maneira, adensaremos a cadeia universitária em nosso município, gerando trabalho, renda, conhecimento científico e prosperidade”, ressalta.

30% das vagas para municípios de Carajás

Além de reivindicar que 50% das vagas sejam para candidatos que tenham cursado todo o ensino médio em Parauapebas, a vereadora pede que 30% das futuras cadeiras sejam destinadas àqueles que comprovadamente tenham cursado todo o ensino médio em algum dos demais municípios que compõem a Região de Integração do Carajás (Bom Jesus do Tocantins, Brejo Grande do Araguaia, Canaã dos Carajás, Curionópolis, Eldorado do Carajás, Marabá, Palestina do Pará, Piçarra, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia e São João do Araguaia). O restante, 20%, vai para ampla concorrência.

“Esta é uma medida de reparação das perdas históricas de Parauapebas, que hoje é o lugar brasileiro com mais de 200 mil habitantes que possui a mais baixa densidade de estudante de ensino superior em relação ao total da população”, lembra a parlamentar, explicando que, gradativamente, com o avanço e a consolidação da Uepa em Parauapebas, será possível corrigir distorções que sempre deixaram os jovens locais à margem do acesso ao ensino superior público e gratuito.

Atualmente, segundo números do Censo Superior, Parauapebas possui apenas 5.700 matrículas em cursos de graduação e apenas 1.100 delas são em cursos gratuitos, concentrados majoritariamente na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e no Instituto Federal do Pará (IFPA). Há, todavia, quase 19 mil universitários que concluíram o ensino médio em Parauapebas fazendo faculdade fora do município. Só em Marabá são mais de 3.000.