Vereadora de Jacundá acusada de vender madeira doada para o município

Não é a primeira vez que Maria Marta Souza Costa, a "Marta do PT", se envolve em confusão. Em 2018, foi investigada pela Polícia Civil e denunciada pelo MP por nepotismo

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Uma carga de 22 metros cúbicos de madeira serrada e portais, em processo de doação para a Prefeitura de Jacundá, teria sido roubada e vendida por R$ 15 mil a um madeireiro de Anapu, município no oeste do estado. Segundo a Polícia Civil, a vereadora Maria Marta Souza Costa, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) jacundaense, é suspeita de ter intermediado a negociata, na qual também estaria envolvido Fernando Barbosa Martins, seu assessor.  

Avaliada em quase R$ 30 mil, a carga foi negociada por R$ 15 mil. Parte dessa quantia, R$ 10 mil, foi depositada na conta de Amaury Freitas Costa, sobrinho da vereadora.

Por meio de denúncia anônima, as polícias Civil e Militar, por volta de 23h chegaram ao local em que estava a madeira, um galpão na Rua Paraíba, ao lado da casa de Marta Costa. 

No momento, sete homens concluíam o trabalho de arrumar a carga na carroceria de um caminhão, que foi apreendido. O motorista, José Genival Gonçalves, foi preso em flagrante. “Na Depol, o motorista do caminhão informou que iria pagar R$ 15.000,00 para a vereadora Marta (PT) pela madeira e que um funcionário da prefeitura [ainda não identificado] teria garantido que a madeira poderia ser retirada do depósito da Secretaria de Educação,” informou em nota a 9ª Superintendência de Polícia Civil do Lago.

“A vereadora Marta não está sendo localizada no município para prestar esclarecimentos. Há suspeita de que esse ‘funcionário da Prefeitura’ seja, na verdade, um funcionário da Câmara Municipal de Jacundá,” afirma ainda a nota. O servidor seria Fernando Barbosa Martins, assessor da vereadora. Ele também não foi encontrado.

A carga de madeira foi apreendida pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do estado (Semas) em Marabá, no início deste ano, e estava em processo de doação à Prefeitura de Jacundá, onde seria utilizada pela Secretaria Municipal de Educação (Semed). “A Prefeitura estava na condição de fiel depositário, responsável pela carga, e não tem qualquer envolvimento com as pessoas citadas,” disse Eduardo Barth, secretário de Administração de Jacundá.

A PMJ apresentou a documentação da madeira, bem como que não havia autorizado a remoção do depósito da Secretaria de Educação. 

A nota divulgada pela Polícia Civil diz ainda que, “ante a não localização da vereadora e a necessidade de se investigar com maior profundidade esse caso, o motorista do caminhão será autuado pelo transporte irregular da madeira e terá o caminhão e a madeira apreendidos”.

“Um inquérito policial vai apurar com cautela as condutas da vereadora, do motorista do caminhão e do suposto agente público envolvido, pelos possíveis crimes de furto, majorado ou peculato,” encerra o comunicado. 

Reincidente

Não é a primeira vez que a vereadora Marta do PT se envolve em escândalos em Jacundá. Em 2018, ela foi investigada pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Civil pela prática de nepotismo na Secretaria Municipal de Meio Ambiente.Marta, inclusive, chegou a ser afastada da Câmara por ordem do Ministério Público Estadual. Segundo o MPPA, ela e a então secretária de Meio Ambiente, Necy Veiga, nomearam parentes para exercerem cargos públicos na secretaria, incluindo filhos, irmãos, irmãs, primos e até cunhados. Desse modo, o número de servidores da Secretaria de Meio Ambiente, que era de 19, saltou para 48 em apenas cinco meses. O processo, sob o número 0008194-17.2018.8.14.0026, tramita na Vara Única da Justiça Estadual em Jacundá.  (Antônio Barroso)

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