Saques do FGTS vão movimentar R$ 696 milhões no Pará

Apesar do volume, estado tem terceira pior taxa de recebimento por habitante, à frente apenas de Maranhão e Piauí. Desemprego e alta taxa de informalidade empurram-no para o fim da fila.

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Os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que serão liberados pela Caixa Econômica Federal vão fazer jorrar cerca de R$ 696 milhões na economia paraense, o suficiente para sustentar durante um ano os municípios de Altamira, Tucuruí e Pacajá juntos. Ao todo, R$ 39,8 bilhões serão liberados para saques do FGTS em todo o país.

Apesar do volume considerável de dinheiro que deve circular Pará adentro, o montante é proporcionalmente pequeno se comparado a estados menos populosos, porém mais dinâmicos economicamente, como Santa Catarina e Goiás. Esses lugares vão receber muito mais recursos do FGTS porque a quantidade de trabalhadores com vínculo celetista formal é de longe maior que no Pará.

Enquanto por aqui são 2,1 milhões de trabalhadores com direito ao FGTS, em Goiás são 3,42 milhões e em Santa Catarina, 4,35 milhões. Em valores, os trabalhadores de Santa Catarina poderão sacar R$ 1,802 bilhão, enquanto os de Goiás farão retiradas que totalizam até R$ 1,187 bilhão. Até Mato Grosso, que embora tenha menos trabalhadores (1,8 milhão) com carteira assinada que o Pará, vai morder uma fatia maior no FGTS: R$ 711 milhões.

Empobrecimento do Pará

Por detrás dos números, há um drama. O Pará ostenta indicadores muito ruins no mercado de trabalho. Além de 441 mil desempregados, há 558 mil que até trabalham, mas sem carteira assinada — e, portanto, sem direitos como o FGTS. Na fila do recebimento do Fundo de Garantia, o trabalhador paraense é praticamente quem está em menor presença em relação ao total da população. Apenas os trabalhadores maranhenses e piauienses ocupam “desvantagem pior”.

Só 25% dos paraenses terão direito a sacar o Fundo, enquanto em Goiás o benefício vai alcançar 50% da população. O estado de São Paulo, líder no segmento, tem 62% de sua população como beneficiados potenciais. Esse recorte demonstra que os estados mais ricos e socialmente bem-sucedidos, com alto grau de formalização no mercado de trabalho, estão em vantagem avassaladora em relação a lugares como o Pará, com baixo desenvolvimento social e precária capacidade de atração de investimentos e diversificação da economia, para gerar emprego e renda. O estado como um todo só perde.