Quadrilha desviava minério de ouro de cobre do Salobo

Bando organizado desviou 20 carradas de minério de janeiro para cá. O produto do roubo era vendido em Arujá (SP). Prejuízo da Vale é estimado entre R$ 6 milhões e R$ 7 milhões

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Estão presos em Parauapebas, desde o início da noite de ontem, quinta-feira (25), seis integrantes de uma quadrilha que, desde janeiro passado, desviou 20 cargas de minério de cobre o ouro do Projeto Salobo, da Vale. Foram capturados Douglas dos Santos Borges, Marcione de Sousa Santos, José Ribamar Gomes Rocha, Michelangelo José de Albuquerque e André Luís Toretta Cattuso. Estão foragidos Vanderson da Silva Lima, José Ricardo Max Matias e Elenildo Rocha Silva.

O furto se dava quando dois condutores de caminhões que transportam minério para o embarque nos vagões do trem cargueiro, ao saírem da mina, faziam um desvio no trajeto e descarregavam a carga, entre 27 e 30 toneladas de minério, em uma fazenda.

Com o caminhão vazio, eles retomavam o trajeto, entravam no pátio ferroviário e, com a cumplicidade de um balanceiro, davam a volta e retornavam para a mina, a fim de apanhar nova carga. Ou seja, motoristas e balanceiro agiam como se a carga tivesse sido deixada para embarque no trem. Os dois motoristas, um preso e outro foragido, eram empregados da empresa Júlio Simões, que presta serviços de logística à Vale.    

Da fazenda, uma carreta, com o emprego de uma pá mecânica, era carregada e o minério, com nota fiscal falsa, tinha como destino a cidade de Arujá, em São Paulo.

Segundo o diretor da 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil, a Operação Pó Precioso, como foi denominada a ação policial, começou há 20 dias, com a colaboração da Prosegur, empresa que presta serviços de segurança patrimonial para a Vale.

A julgar pelo valor das cargas, entre R$ 350 mil e R$ 600 mil, a mineradora pode ter sofrido um prejuízo de R$ 6 milhões a R$ 7 milhões. O delegado Gabriel Henrique e sua equipe apuraram que a cada carga desviada e vendida, o motorista ganhava R$ 8 mil; o balanceiro R$ 2.500,00; e o dono da fazenda, R$ 800,00.

Um dos foragidos, Vanderson da Silva Lima, segundo o delegado Gabriel Henrique, é considerado a chefe da quadrilha, por isso é importante que seja logo capturado. Ele, inclusive, representou, na Justiça, pela prisão preventiva de Vanderson, dos demais foragidos e dos presos na noite de ontem.

Durante a oitiva, cinco dos seis presos confessaram os crimes e detalharam que cada um tinha uma atribuição no esquema de desvio de cobre o ouro do Projeto Salobo, que fica no território de Marabá, mas só tem acesso por Parauapebas. Apenas um dos presos não quis falar, reservando a si o direito de se pronunciar somente em juízo. Os seis foram autuados pelos crimes de furto continuado e formação de bando ou quadrilha.

(Caetano Silva)