Projeto da Mina do Alemão tem prospecção arqueológica autorizada

Em relatório de 312 páginas, Vale prevê construir estrutura de grande porte para operação do projeto. No entanto, ninguém sabe quando é que o empreendimento vai virar realidade de fato.

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Uma medida discreta publicada na edição de ontem, segunda-feira (9), do Diário Oficial da União (DOU) dá demonstrações de como a mineradora multinacional Vale vem trabalhando silenciosamente para colocar mais projetos em funcionamento na região. Acontece que na página 131 do DOU o processo de número 01492.000047/2019-60 (veja aqui), que trata, entre outros, de prospecção arqueológica na área do projeto da Mina do Alemão, foi autorizado pelo Centro Nacional de Arqueologia do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização, órgão sob a guarda do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A missão, com prazo concedido pelo Iphan de cinco meses, tem apoio institucional do Núcleo de Arqueologia da Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM), maior referência em trabalhos do tipo no interior do Pará. Pode parecer uma notícia solta qualquer, mas o Blog do Zé Dudu resolveu aprofundar-se no processo divulgado por meio do DOU e constatou que a Vale aprontou estudos paralelos envolvendo a Mina do Alemão desde janeiro deste ano, por meio da empresa de consultoria Arcadis.

Em um documento de 312 páginas entregue ao Iphan, a Vale solicita permissão para execução do projeto de prospecção arqueológica nas áreas da Mina do Alemão, da estrada do Pojuca e da linha de transmissão de 69 quilovolts. Tudo isso fica dentro do município de Parauapebas. No relatório consta que a Mina do Alemão compreenderá a extração de minérios de cobre e ouro, utilizando o método de lavra subterrânea e beneficiamento, objetivando produzir concentrado de cobre, tendo o ouro como subproduto.

A atividade minerária será desenvolvida na área da Mina do Igarapé Bahia, operada pela Vale entre os anos de 1990 a 2002 e que se encontra com suas atividades de lavra suspensas. O projeto está dentro da Floresta Nacional de Carajás (Flonaca). Da cidade de Parauapebas até lá são cerca de 120 quilômetros, por meio da portaria de acesso à Carajás.

INFRAESTRUTURA

A Vale descreve no relatório sobre a Mina do Alemão que, além das operações inerentes a uma mina com estas características, o empreendimento também considera a implantação de usina de concentração; construção de unidades de apoio operacional e administrativo; diques de contenção e ampliação da barragem de captação de água existente no Igarapé Bahia. A empresa quer também a retificação da estrada do Pojuca; substituição da atual linha de transmissão de energia elétrica por uma de 230 quilovolts, mantendo o mesmo traçado; e transporte de concentrado por via rodoviária até as instalações de carregamento ferroviário em Parauapebas, de onde será embarcado para o porto de São Luís (MA).

Não se sabe, no entanto, se e quando a multinacional vai, de fato, colocar a Mina do Alemão em prática, já que seu maior foco comercial para os próximos anos é ampliar a capacidade de produção de minério de ferro no projeto S11D, em Canaã dos Carajás.