Presidente da Câmara mostra temor sobre projeto que será anunciado amanhã pela Vale

“Ao invés dele aumentar, diminuiu quase 7 vezes o valor. Será uma siderúrgica de verdade ou só uma laminadora?”, questiona Pedro Corrêa

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Ao usar a palavra na sessão ordinária desta quarta-feira, 22 de maio, o presidente da Câmara Municipal de Marabá, Pedro Corrêa Lima, comunicou que recebeu um convite para participar da FIPA (Feira da Indústria do Estado do Pará) na tarde de amanhã, 23, onde será realizada a assinatura do protocolo de intenções para a implantação da Usina de Laminação de Aço, em Marabá, com previsão de investimento de US$ 450 milhões.

O presidente do Poder Legislativo pediu que o ato seja realizado com maiores detalhes sobre o projeto, pela descrença da população local com esse tipo de anúncio. Ele lembrou que ainda em 2009 ocorreu em Marabá o lançamento do projeto ALPA (Aços Laminados do Pará), com a participação do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, da governadora do Estado daquele período, Ana Júlia Carepa, e do presidente da mineradora Vale, Roger Agneli. “Passaram-se 10 anos. A Alpa prometia o desenvolvimento da região, a verticalização do minério, que fomentaria a instalação de um polo metal mecânico e a revitalização do Distrito Industrial de Marabá.

Falavam que esse projeto teria 16 mil empregos na fase de implantação e 3 mil empregos com o empreendimento em funcionamento. Por conta disso, tivemos um grande crescimento demográfico e muitas mazelas foram criadas”, sintetiza.

Pedro Corrêa ainda rememorou que na época, o investimento anunciado para a implementação da Alpa de cerca US$ 3 bilhões. O presidente lembrou que em 2016 outro empreendimento do mesmo segmento foi anunciado pelo Governo do Estado, a Cevital, que teria um custo de US$ 2 bilhões. “Junto com várias lideranças de Marabá, ficamos só com a esperança desse projeto. Ele prometia produzir bobina de aço e gerar 2 mil empregos na fase de execução e 8 mil na construção. O resultado dessas é conhecido: decepção total”.

Para o vereador, a sociedade vai cobrar quais foram as providências tomadas pelo Executivo e Legislativo Municipal por não se concretizar a verticalizar do minério. “Temos de aproveitar esse momento, do anúncio do projeto, para cobrar e chamar a atenção do Governo do Estado para não termos mais promessa. Me preocupa muita essa questão. Sou cético, embora queira que ocorra. Entendo que o sinal amarelo tem que estar ligado. Estamos cansados de promessas. Circos como os que já foram montados não podemos mais aceitar. Por isso, estarei presente para verificar como está sendo planejado o projeto e, principalmente, para estarmos atentos ao que de fato o projeto prevê e se ocorrerá”, antecipou.

O vereador Ilker Moraes, vice-presidente do Poder Legislativo, disse comungar da mesma preocupação do presidente.  Para ele, os investimentos para a construção do projeto de verticalização mineral em Marabá só vêm encolhendo. “A promessa diminui de tamanho. Marabá vem encolhendo nesse sentido. Queremos oportunidade para o marabaense. Queremos que dessa vez isso saia do papel. A Vale tem gerado muitas expectativas e isso tem afetado a região. É torcer para que as coisas ocorram”.

O vereador Gilson Dias expressou a mesma preocupação dos colegas e avalia que a mineradora Vale tem grande participação nos problemas que afetam diretamente o município com a desistência dos projetos anunciados, deixando aqui a frustração, o desemprego e outras mazelas sociais. “A Vale foi quem criou todo esse problema na região. Estamos em um momento muito difícil. As cidades onde há projetos da Vale, as pessoas nem dormindo estão. Temos muitas preocupações com esses projetos que nunca vêm. Às vezes, é melhor ser igual a São Tomé, ver para crer”.

Pedro Corrêa ressaltou que o Governo do Estado precisa acompanhar de perto o projeto e ter a certeza de que não passa de mais uma estratégia da Vale para iludir a todos. “Ao invés do projeto aumentar, diminuiu quase 7 vezes o valor. Será uma siderúrgica de verdade ou só uma laminadora?”, questionou o vereador.

O presidente ainda conclamou para que os vereadores acreditem no projeto, mas com um olhar atento para acompanhar os desdobramentos. “Queremos a verticalização mineral. Mas, acima de tudo, um projeto que se alinhe às nossas necessidades. Temos uma Comissão Especial de Desenvolvimento, que vai se reunir em Belém com o secretário de Estado de Desenvolvimento ainda hoje, quarta-feira, para se acercar de dados sobre o projeto. Não podemos trazer essa questão para iludir a população que está sem emprego”.

Por fim, Pedro Corrêa informou que a Câmara vai convidar a mineradora Vale para expor os detalhes da implantação do projeto.