Prefeitura de Parauapebas vai comprar gêneros alimentícios por R$ 3 milhões

Semas justifica que aquisição mira pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Cidadania indica que 21 mil correm risco de passar fome todo dia no rico Parauapebas.

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Populares que integram projetos desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) não precisam se preocupar com comida. É que, na última terça-feira (30), a Prefeitura de Parauapebas deu início a uma licitação milionária por meio da qual registra preços para comprar gêneros alimentícios e alimentar usuários atendidos pela pasta.

Toneladas de frutas e legumes, mais suplementos alimentares, carnes, frios, resfriados, polpas e pães devem desembarcar nas unidades vinculadas à Semas, cujo titular, Jorge Antônio Benício, alega em texto anexo ao edital da licitação que as pessoas a quem se destina a alimentação se trata de público “em situação de vulnerabilidade socioeconômica e, portanto, deve ter seus direitos efetivados conforme as leis orgânicas de Assistência Social e de Segurança Alimentar e Nutricional”.

A licitação, que pode ser consultada aqui, tem valor estimado em R$ 3.068.525,15. Quem ganhar o certame vai se comprometer em entregar hortifrútis, leite e derivados ao menos duas vezes por semana; carnes e produtos congelados, ao menos três vezes por semana; produtos de panificação em até cinco dias da semana; e gêneros não-perecíveis até quatro vezes por mês.

Sintomas de pobreza no município rico

Esse grande volume de recursos dispendidos com alimentação de pessoas carentes só reforça estatísticas constantemente divulgadas aqui no Blog, segundo as quais a pobreza cresce de maneira galopante em Parauapebas. Em números atualizados em 8 de março, o Ministério da Cidadania aponta que exatos 62.900 parauapebenses sobrevivem com menos de meio salário mínimo por mês e, por isso, são classificados abaixo da linha de pobreza. Isso corresponde a um terço da população municipal. Esses números assustadores são contabilizados por meio do Cadastro Único, do Governo Federal.

Nos últimos dois anos, a pobreza aumentou turbinada pelo empobrecimento da população, notabilizado pelos números crescentes de demissões no mercado de trabalho local. A falta de oportunidade dá o tom do processo. Atualmente, 21 mil pessoas estão vulneráveis a passar fome diariamente no município e para acabar com essa situação seria necessária a injeção de recursos da ordem de R$ 103,1 milhões por ano.