Prefeitura de Parauapebas é vice-campeã em folha de pagamento

Despesa com pessoal ainda continua gorda: meio bilhão em um ano. Porém, arrecadação bilionária e crescente confere certo ar de tranquilidade, pelo menos no momento.

Continua depois da publicidade

Entre maio de 2018 e abril de 2019, os servidores da Prefeitura de Parauapebas embolsaram juntos R$ 502.901.966,93. Isso mesmo, mais de meio bilhão de reais foram pagos em salários e penduricalhos no segundo município mais rico do Pará. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que também constatou que a administração de Darci Lermen é a segunda com a melhor gestão fiscal do estado, no tocante ao comprometimento da receita líquida com folha de pagamento.

Dados coletados pelo Blog junto à Secretaria do Tesouro Nacional (STN) na tarde desta segunda-feira (3) revelam que 64 prefeituras entregaram prestação de contas referentes à despesa com pessoal e que, entre elas, o governo de Parauapebas gastou 40,02% da receita com o funcionalismo. A receita corrente líquida apurada no período dos últimos 12 meses totalizou R$ 1.256.749.006,39, a maior da história do município, conforme o Blog já havia antecipado em primeira mão na última sexta (veja aqui).

Com esse percentual, a despesa com pessoal da Prefeitura de Parauapebas só não se tornou a menor do estado porque a Prefeitura de Santana do Araguaia encerrou o quadrimestre com percentual de 35,55% de comprometimento. No outro extremo, as prefeituras de Gurupá (83,93%), Aurora do Pará (74,84%) e Igarapé-Miri (73,43%) comprometeram muito mais que os 54% definidos como máximo pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para gastos com pessoal.

Folha pesada nas costas

Considerando-se valores absolutos dos últimos 12 meses, a maior folha de pagamento é a da Prefeitura de Belém, que totalizou R$ 1 bilhão e 294 milhões em salários. Se Parauapebas tivesse proporcionalmente o mesmo tamanho de Belém, sua folha poderia chegar a absurdos R$ 3,5 bilhões. A população da capital paraense é sete vezes maior que a da capital do minério, mas a folha de Belém é apenas pouco mais que o dobro da de Parauapebas. Outras folhas robustas entre os municípios são as de Marabá, com R$ 396,1 milhões em despesas com pessoal; Ananindeua, com R$ 318,8 milhões; e Santarém, com R$ 305,3 milhões.

O Blog do Zé Dudu preparou uma tabela com a evolução da despesa de pessoal da Prefeitura de Parauapebas no período consolidado entre janeiro de 2018 e abril de 2019 para dar dimensão da envergadura da folha de pagamento do município, que é sustentado atualmente pelas benesses advindas da indústria mineral instalada em seu território para extração de minério de ferro.

Sem royalties e impostos arrecadados, certamente Parauapebas teria uma receita corrente líquida inferior à de Castanhal (atualmente de R$ 398,9 milhões). E, sendo assim, uma pergunta fica no ar: como o município teria condições de quitar uma folha que consome hoje meio bilhão de reais sem ter sustentabilidade econômica ou se preparado para tal, já que é extremamente dependente de um produto finito (o minério de ferro)?