Pela primeira vez em três anos, Parauapebas deixa “top 5” de exportadores

Canaã também experimentou queda brusca, mas Marabá ficou irreconhecível ao rolar da 4ª posição em fevereiro para a 84ª em março. É a Covid-19 mostrando as garrinhas na economia.

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As transações comerciais de março originadas em Parauapebas despencaram para o menor nível em dez meses e tiraram o maior produtor de minério de ferro do país de entre os cinco maiores exportadores brasileiros. Desde 2017, Parauapebas não deixava o pelotão principal e até havia sido ameaçado no mês passado, de forma inédita, pelos vizinhos Canaã dos Carajás e Marabá, ainda assim mantendo-se na 5ª posição.

Desta vez, no entanto, a queda foi geral. Parauapebas, com 308,26 milhões de dólares transacionados, ficou em 7º lugar; Canaã dos Carajás, com 282,08 milhões de dólares, ocupou a 11ª colocação; e Marabá, com 50,79 milhões de dólares, desabou para a 84ª colocação, o pior desempenho do município aniversariante da semana desde 2014. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou os microdados da balança comercial por município que acabam de ser divulgados pelo Ministério da Economia.

A principal explicação para um março tão ruim na cesta dos municípios paraenses está no temporal que une chuvas intensas do inverno amazônico sobre a província mineral de Carajás à pandemia da Covid-19, doença que levou à desaceleração econômica e tem afetado globalmente o consumo de commodities brasileiras, sobretudo pelas restrições de isolamento impostas por diversos países.

De Parauapebas foram embarcados 5,15 milhões de toneladas de minério de ferro, menor volume desde abril do ano passado. Canaã, por seu turno, enviou 4,38 milhões de toneladas, também a menor quantidade embarcada desde abril de 2019. Já Marabá viu os embarques de cobre despencarem ao segundo menor nível desde 2017. Foram apenas 12 mil toneladas vendidas. A tragédia na balança comercial só não foi ainda pior para Marabá porque, além de cobre, o município vende outras commodities, como manganês e carnes.

Impactos financeiros às prefeituras

As exportações podem parecer algo distante da vida dos milhares de habitantes desses municípios, porém se aproximam destes à medida que geram retornos financeiros como impostos e compensações. No caso de Parauapebas e Canaã dos Carajás, que sobrevivem de minério de ferro, as exportações de março sinalizam royalties de mineração que virão a galope desses embarques.

Os royalties das exportações de março vão ser creditados em julho e apontam para uma baixa à metade do que hoje as prefeituras desses lugares recebem. A situação de Marabá, que recebe royalties pela venda de cobre em concentrado, é ainda mais delicada, mas a prefeitura local talvez sinta menos porque não depende dessa compensação com a mesma intensidade que seus vizinhos produtores de ferro. A única certeza é de que a queda na compensação vai afetar duramente os governos de localidades mineradoras de todo o país.

Segundo o secretário de Fazenda de Parauapebas, Keniston Braga, esses são “reflexos negativos diretos e imediatos na econômica local, seguindo na esteira dos acontecimentos mundiais. O governo de Parauapebas, junto com o prefeito Darci Lermen, está avaliando o cenário para tomar decisões urgentes que possam primeiro preservar a vida, mantendo o sustento mínimo e minimizando os impactos a longo prazo”.