Parauapebas: aonde fica o planejamento estratégico?

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A postagem sobre a criação da Faculdade de Medicina no município de Marabá suscitou comentário de um assíduo leitor deste blog, que trás a baila um assunto pouco discutido pela atual gestão municipal e pela imprensa local: planejamento estratégico.

Sem estratégia alguma, com total ausência de compromisso e um desconhecimento cara de pau, além das sínicas contratações de pessoal pra lá de desqualificado, Parauapebas vive um desgoverno perigoso, que lança a todos nós, moradores , atrás dos muros intransponíveis do atraso, no quintal de uma pobreza social endêmica e incurável.”

O tema é delicioso: planejamento, estratégia, visão futurista e melhor aplicação dos recursos.

A Constituição Federal de 1988 consolidou a autonomia municipal e estabeleceu de forma rígida as competências dos entes federados, aumentando sensivelmente os poderes dos municípios brasileiros. As ferramentas administrativas até então vigentes não se mostraram adequadas ao atendimento da dinâmica das cidades, obrigando os gestores públicos a buscarem novas soluções para implementar as políticas públicas.

Neste contexto, surge o Planejamento Estratégico Municipal como ferramenta de auxílio ao gestor urbano, visando a integração sinérgica das ações municipais com os diversos interessados envolvidos no processo.

Levando-se em conta que Parauapebas é um município que já deveria ter alcançado a sua autogestão e autonomia em virtude da verdadeira fortuna que abastece mensalmente os cofres públicos municipais, o que se vê é que não somos sequer independentes financeiramente, quando deveríamos ser política e administrativamente.

Não há uma única ação municipal com começo, meio e fim. Os projetos parecem surgir de repente da cabeça dos “cientistas administrativos” que salvaguardam o prefeito e seus secretários, que em rompantes de Einstein começam a gastar os recursos sem que os projetos fossem ainda para o papel.

Um caso típico que elucidaria bem o tema é a reforma da Praça Mahatma Gandhi. Centenas de milhares de reais foram gastos para se fazer não se sabe ainda o que, mas é certo que ficou horrível. Como conclusão: obra sem utilidade para a população contribuinte e mais gastos para revitalizar a área.

O prefeito de Marabá, com todos os defeitos e restrições administrativas que a ele possam ser direcionadas, age de forma diferente, como bem mostrou com a assinatura de convênio para a instalação do curso de medicina naquele município.

A administração local e em especial o prefeito Darci Lermen, cita constantemente dezenas de obras que serão feitas em Parauapebas. Orla, Hospital, Centro Administrativo ( caso verídico de falta de planejamento), duplicação da Faruk Salmen, pontes, internet, asfalto e outras inúmeras obras nas zonas urbana e rural. Não sabe ele – que sob a embriaguez de um microfone nos palanques de 2004, prometera executar uma obra de 1 milhão de reais por mês aos seus futuros eleitores -  que nossos munícipes só querem ver os projetos concluídos. Bastaria que o novo prédio da PMP estivesse pronto, inaugurado e sendo usado. A população, satisfeita e orgulhosa com a bela obra ( não há de negar esse fato), esperaria, um a um, cada projeto que tivesse começo, meio e fim. Sabedora que é de que a promessa de uma obra por mês é apenas fruto da clássica leréia de um palanque eleitoral. 

Enquanto nossos vizinhos brigam por siderúrgica, porto, faculdade e alça viária, que duplicarão a geração de empregos, renda, ensinamentos e melhorias para o povo, aqui discutimos o que?

Parauapebas é de longe a galinha dos ovos de ouro. O quinto município exportador do Brasil e o primeiro no ranking da balança comercial brasileira. A mídia de fora o venera como município exemplar. Os políticos o enxergam como aquele filho que é bem de vida e quem não necessita da ajuda para se criar.

Na realidade o que temos? Um município sem a mínima infraestrutura, sem água, com energia elétrica no gargalo, impedindo os investimentos da iniciativa privada, com a saúde largada às cobras, LITERALMENTE, e sem a mínima chance no futuro. Um município totalmente dependente da Vale e de seus impostos. Administrado sem o mínimo planejamento, sem pulso e sem controle administrativo, voltado para o lucro de uns poucos que se beneficiam devido a ajuda política/financeira habitual das eleições.

Por quê?

Porque não há planejamento. Não há visão futurista. Não há vontade política de que a população se instrua, se liberte politicamente, se prepare para o mercado de trabalho e se torne argumentativa.

Não quero aqui jogar a culpa apenas no atual prefeito. Ele, por ser o gestor da receita municipal – que em 2009 chegou a quase 300 milhões de reais – leva sim a maior parte da culpa. Mas somos todos culpados: imprensa, vereadores, comerciantes, profissionais liberais, Ministério Público, magistrados e o eleitor. Somos anestesiados por políticos despreparados que sabem nos enganar no período eleitoral. Ai, quando acordamos da anestesia eleitoral, nos vemos a mercê de gestores incapazes, de vereadores analfabetos politicamente e subalternos às migalhas e favores do executivo, que olham apenas para os seus umbigos, incapazes de agir em prol do eleitor que o favoreceu com seu único trunfo, o voto.

Estamos todos preocupados com nossos afazeres e deixamos que a coisa pública navegue da maneira que quer o gestor, timoneiro desse pesado barco chamado Parauapebas e responsável pelas chaves do cofre. Não cobramos, não nos juntamos para reivindicar, somos, a grande maioria, omissos. E esse é o preço da omissão

Queremos sim todas as obras que o prefeito alega que irá fazer ainda em 2010. Queremos, junto com elas, uma melhor aplicação dos recursos, queremos poder levar nossos filhos às praças, queremos cursos superiores de nível, queremos segurança pública, saúde de boa qualidade, transparência nas contas públicas. Queremos ter orgulho de morar em uma cidade rica sim, mas com investimentos sérios voltados para a população.

Será isso possível?

13 comentários em “Parauapebas: aonde fica o planejamento estratégico?

  1. Rodrigues Responder

    Senhores,

    Diante de todos os comenários, me pergunto…?!?!?!?! Cadê o nosso ministério público que não se manifesta, afinal eles também são pagos pelo dinheiro público.

    2010 será um ano eleitoral, vamos mudar a cara politica de nosso municipio.

    Um forte abraço a todos!

  2. João Miranda Responder

    Caro Zé Dudu,

    parece ser muito dificíl seguir planejamento estratégico, plano diretor, código de postura e outros tantos documentos de vital importância para um município, os quais são elaborados, pelo menos no meu simplório entendimento, para garantir o recebimento de recursos de outras esferas govenamentais e devem ficar jogados em alguma gaveta inacessível impedindo sua devida aplicação.

    Tenho como grande exemplo a questão do abastecimento de água municipal, que possui, marco regulatório, lei tarifária…mas que não se aplicam em nosso cotidiano. Entendo como mote político a indicação de obras mensais de valores reais para a economia local, mas vejo que a gestão seja, neste caso, tão importante quanto as obras físicas. É constatado em todo o pais que sem um controle do consumo, bem como do desperdício, da água fornecida é impossível suprir a demanda da comunidade, mesmo dobrando ou até triplicando a capacidade de produção deste bem tão precioso.

    Concordo que é importante instalar hidrometros, mas sem a devida leitura e vistoria constante é jogar dinheiro público fora. O corte do fornecimento de água é necessário quando todas as outras opções se esgotam, mas cortar e não fiscalizar é um atestado de irresponsabilidade, pois geralmente estas economias são as que mais desperdiçam com lavagem de calçadas, de ruas, inclusive as asfaltadas, fazendo com que o sistema fique desmoralizado perante aqueles usuários que honram suas faturas.

    Sds,

    João

  3. Anônimo Responder

    Parabéns pela bela iniciativa da postagem, as vezes precisamos de um alerta como esse para nos fazer refletir um pouco mais acerca desse assunto que é antipatizado pela esmagaora parte da população, o que oportuniza essa falta de vergonha que está acontecendo na politica aqui em nossa querida Parauapebas.
    Contudo meus caros, quero lembrar que não vale só falar, (principalmente no blog que é pouco visto pela massa) é importante que aconteça uma mobilização para ir as ruas e fazer com que esse clamor por melhorias no governo municipal, aconteça realmente.
    O Marcel Nogueira muito fala e muito sabe mais infelizmente não tem forças de brigar sozinho.
    Vocês da imprensa, considerados o quato poder público, tem o papel não só de alertar, mas sobretudo de mobilizar a população.
    A radio Arara Azul seria o melhor canal para iniciar essa mobilização, porém, eles estão ganhando muito dinheiro para permanecerem inertes.
    Vamos fazer uma passeata, ou algo do tipo, para clamar ajuda do restante da população e mudar os rumos de nossa querida Parauapebas. Temos o respaudo do parecer de um Deputado Federal, a quem podemos pedir ajuda. Vamos em frente.

  4. Dr. Hipolito Reis Responder

    Caro Zé.
    Oportuno demais esse seu texto.

    Lembro que há um tempo atrás falava-se que o Brasil estava perdendo o bonde da história pela lentidão do crescimento econômico. Enquanto a China despontava, o nosso país timidamente trilhava o seu caminho.

    Curiosamente, existe íntima relacão entre a demanda de ferro da China com nossas exportações aqui de Parauapebas. Até por conta disso a cidade não pode perder a oportunidade de dar passos largos rumo ao progresso, com planejamento responsável, com envolvimento da população.

    Talvez devessemos seguir o exemplo de Maringá, no Paraná, que instituiu o OBSERVATÓRIO (www.sermaringa.org.br), um conjunto de entidades que trabalham até hoje na conscientizacão da populacão com relacão à gestão do dinheiro público. Desde a licitação até a execução das obras, a transparência é monitorada pela população através das entidades organizadas.

    Ao amigo do PT, que sente mágoa do seu partido, a verdade é que todos os partidos políticos padecem dessa carência, de querer e mesmo de saber planejar.

    Infelizmente somos vítimas dos oportunistas que se dizem políticos e de nós mesmos, que não tomamos as contra medidas para conter os maus governantes.

    É hora de começarmos a pensar e a fazer, nós ,cidadãos, o futuro de nossa cidade. Se quisermos exemplo melhor e educação que permita aos nossos filhos serem competitivos no nosso mundão, o momento de agir é agora.

    Que a partida seja dada.

    Eu participo.

  5. Marcel Nogueira Responder

    Muito pertinente o post sobre o que o município está fazendo (ou não está fazendo) visando o futuro. A verdade é que o município – pela inatividade do Poder Público – não passa de uma município carrapato, que depende única e exclusivamente dos tributos advindos do ferro de Carajás, sem se preocupar em criar novas alternativas.

    Essa filosofia de trabalho (ou da falta de trabalho) faz com que fiquemos completamente dependentes do dinheiro do imposto, não há uma preocupação com o futuro.

    É de esperar tudo isso, uma vez que a secretaria menos prestigiada é a de Planejamento.

    Marcel Nogueira

  6. AS Petista Responder

    O partido a que pertenço por tantos anos não é esse partido que administra esse município. Vergonha! Mesmo os que nada ganham ilicitamente, pecam por não denunciar a ineficácia e os favores. Meu vereador, homem probo, aquietou-se, já não levanta a sua voz rouca em prol de discutir a corrupção e a falta de planejamento. Deve estar na folha, que pena. rasgarei o meu título de eleitor.

  7. Osvaldo Pinheiro do Nascimento Responder

    Parabéns, muito bom o texto assim como os comentários a ele destinados.

    Arruda preso, corrupção estampada em todos os jornais e sites por esse Brasil a fora. Ponho-me a pensar que até para assaltar os cofres públicos ha de se planejar para não ver os proventos das maracutais politicas escafererem-se em pagamentos à caros advogados.

    A questão levantada pelo blogueiro nos leva a pensar em uma Parauapebas mais justa e equitativa, está no estatudo do PT, mesmo que o que pregam não seja o que fazem.

    Quem não conhece já deve ter ouvido falar de Minas Gerais e das terras onde foi fundada a CVRD e da situação em que hoje se encontra tais municípios de onde se retiraram todas as “riquezas minerais” e em troca foi dado apenas um sonoro “até las vista baby”.

    Para que isso não ocorra em Parauapebas, Curionópolis, Canaã e Marabá, as cidades da hora, é preciso planejar e pressionar a direção da Vale para que investimentos sejam feitos já, pra ontem, sob a pena de daqui a 40, 50 anos não estarmos choramingando ajuda do governo estadual e federal.

    Planejemos agora para não sofrermos amanhã. Este deverá ser o lema de hora em diante. Vamos passar a régua. Esquecer os desvios, os novos ricos e as incompetências para nos direcionarmos visando o futuro de nossos filhos e o nosso sustento.

  8. Zé Dudu Autor do postResponder

    Agradeço a atenção e preocupação deputado Zequinha Marinho. Sem dúvida se houvesse planejamento mínimo nas gestões municipais, o Pará e o Brasil seria outro.

    Wander, o caminho é esse, em detrimento a qualquer outro.

    Anônimo, Pelé foi muito questionado quando disse que o brasileiro não sabia votar. Quem sabe martelando nessa tecla consigamos reverter esse fato.

  9. Wander Nepomuceno Responder

    Quem não tem um caminho uma estratégica uma visão de futuro não chega a lugar algum!
    O assunto levantado no blog é muito oportuno, é o futuro de Parauapebas e a qualidade de vida de seu povo que esta em questão, este assunto tem uma razão muito especial de ser abordado. Eu particularmente, fico preocupado com o destino de Parauapebas, que tem fonte de recursos e poder aquisitivo, mas que não se preocupam com o futuro.

    Quem não sabe para onde vai , qualquer caminho serve!

  10. Anônimo Responder

    Preocupados “eles do governo” estão, mas é com suas contas recheadas de dinheiro publico. Será que ninguem percebe que a cada dia gente que não tinha onde cair morto ja anda pela cidade de carrão, casas e fazendas de fazer inveja a qualquer trabalhador de bem. Ou a população realmente não enchega isto ou a alienaçao é maior do que se imagina. E o ministerio publico onde anda? Ou não existe pra esse municipio!!!!!!!! Falta de dinheiro pra mostrar serviço não é ou será que é só incompetencia mesmo. Acho que é falta de compromisso, falta de gostar dessa terra e querer o melhor pra sua gente, falta de vergonha, falta de cobrança da população e principalmente falta de carater de uma “meia duzia” de corruptos e negligencia de outros tantos que veem o dinheiro publicos ser surrupiado e nada fazem. Pq saber que estamos sendo roubados muitos sabem e sabem inclusive os caminhos pra provar isto, basta que um comece……..

  11. ZEQUINHA MARINHO Responder

    Inicialmente gostaria de parabenizar o blog do zedudu por trazer a baila assuntos e materias da mais alta relevancia para nossa região, como a de hoje.

    Nosso comentarista, analisa que a cidade de Marabá, mesmo enfrentado suas dificuldades politicas e administrativas vive um momento muito especial quando se fala de investimentos e de futuro. A população acredita piamente na possibilidade da realização de grandes projetos que certamente irão transformar a cidade num dos centros urbanos mais importantes do Estado.

    A Faculdade de Medicina em Marabá faz parte de um velho sonho que vem sendo acalentado desde muito tempo. Acho importante, que as lideranças polticas deste momento tenham retomado o assunto e queiram consolidar de uma vez por todas aquilo que era apenas uma possibilidade.

    O comentario muito oportuno do blog, questionando a gestão de Parauapebas, tem uma razão muito especial de ser. Eu particularmente, fico preocupado não só com Parauapebas mas com todas as outras cidades do nosso Estado, que tem proporcionalmente o mesmo poder aquisitivo, mas que não se preocupam com o futuro. É um risco, com tantos recursos na mão, não se investir na diversificação da base econômica. Num mercado globalizado e altamente sensivel a qualquer fenomeno, é extremamente importante investir-se em diversas frentes de geração de renda e produção de riqueza, evitando ficar na dependencia de uma única fonte.

    Buscar planejar o futuro, criar estratégias e procurar alcançar metas de curto, medio e longo prazo é fundamental para consolidarmos um desenvolvimento sustentado. Se não soubermos fazer, no minimo, precisamos da humildade necessaria, para contratarmos alguem que saiba, ja que dinheiro não é problema. O que não podemos é deixar o futuro por conta do acaso. Parabenizamos mais uma vez o blog, porque também, este é o nosso sentimento.
    ZEQUINHA MARINHO
    Deputado Federal

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