No Pará, alimentos disparam mais de 15% e puxam inflação

Antes esquecida, carne de porco foi tão procurada nos dias de confinamento que preço bateu recorde, subindo quase 55%. Porém, nada se compara à inflação do óleo de cozinha: absurdos 125%. Carestia nos itens do carrinho contrasta com miserê total de 3 milhões de paraenses.

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Pandemia de coronavírus, distanciamento social e confinamento em casa para evitar dispersão da Covid-19 causada pelo vírus, ansiedade, fome redobrada. Nada foi fácil em 2020, a começar pelo preço dos itens essenciais de consumo. A alimentação do paraense ficou 15,77% mais cara e alguns produtos do gênero mais que turbinaram o preço ao longo do ano. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou os microindicadores do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) liberados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA é um dos parâmetros oficiais da inflação e, aqui no Pará, tem como referência os custos praticados na Região Metropolitana de Belém.

O campeão da inflação no carrinho de compras dos paraenses foi o óleo de soja, cujo preço acumula inflação de 125,69%. Na prática, entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2020, o valor do óleo comumente utilizado pela dona de casa para preparar o almoço mais que dobrou. O arroz branco vem em segundo lugar, com elevação de preços da ordem de 71,28%, acompanhado de perto do tomate, cuja alta foi de 66,68%.

Entre as carnes, a de porco — que aparentemente se tinha como a opção mais barata para os dias de confinamento que pareciam eternidade — viu o preço inflar tanto, na ordem de 54,8%, que chegou a crescer dez vezes mais que a cotação de um animal vivo. A costela bovina ficou bem atrás, ainda assim com crescimento de 35,87%, quase sete vezes mais que o crescimento da inflação geral em si, que foi de 5,45%.

Entre as verduras, a cenoura é a vilã do prato do paraense, já que subiu 53,6% na esteira de ser “aposta” natural em vitamina C para combater a Covid-19 e seus efeitos no organismo. Já no meio das frutas, a maçã, com alta de 53,13%, subiu mais. O queridinho dos brasileiros, o feijão, também se comportou mal. O grão preto ficou 43,91% mais caro, quase três vezes acima do grão rajado (o carioquinha), cuja valorização foi de 15,63%.

Fora da cesta de alimentos, os produtos que mais se destacaram na inflação paraense foram os materiais de construção, sobretudo o tijolo, que teve elevação de 27,83%, e a pá, de 27,6%. Com um estado ainda povoado por casas de madeira, a alta nos preços dos materiais se torna impraticável para a população de baixa renda que sonha com a casa própria de alvenaria. É que, impressionantemente, a inflação consegue galopar em velocidade ainda maior que a secular deterioração social do estado.