Pará tem 700 mil mulheres desempregadas ou que gostariam de trabalhar

Em municípios como Parauapebas e Canaã dos Carajás, com forte presença de mão de obra masculina nos serviços da mineração, há quase o dobro de homens em relação às mulheres no mercado formal.

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Amanhã (8) é comemorado o Dia Internacional da Mulher, e o Blog do Zé Dudu foi buscar números em diversas fontes para traçar o panorama feminino no mercado de trabalho paraense. Em levantamento inédito e exclusivo, o Blog consultou e cruzou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio de sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PnadC-T), com os do Ministério da Economia, que se vale de balanços administrativos como o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), cada um com finalidade específica. Todo esse esforço traz uma conclusão assustadora: o Pará tem hoje 698 mil mulheres desempregadas, ou trabalhando na informalidade, ou que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar trabalho.

É como se três cidades do tamanho de Parauapebas, entupidas de mulheres em idade de trabalhar, estivessem ociosas por falta de oportunidade no estado. O batalhão chega a ser de 130 mil mulheres a mais que homens na mesma condição. Atualmente, segundo o IBGE, a taxa de desocupação entre as mulheres é de 13%, quase cinco pontos percentuais acima da taxa entre os homens, de 8,2%.

Este ano se iniciou, de acordo com o instituto, com 203 mil mulheres desocupadas no Pará, 183 mil vivendo de “bicos” (na informalidade) e 313 mil que se cansaram de procurar serviço ou que até encontraram, mas, por alguma razão, não quiseram assumir o posto.

Mulheres: apenas 440 mil no mercado

O Pará tem apenas 440 mil mulheres no mercado formal de trabalho, de acordo com a Rais mais recente, divulgada no último trimestre do ano passado. Os homens são 628 mil com vínculo formal, tanto por carteira assinada quanto no serviço público. Em confronto direto, há quase 200 mil homens a mais no mercado que as mulheres, diferença considerável num estado onde a informalidade supera 50% das ocupações.

A situação piora em alguns municípios, conforme levantamento do Blog. Em Parauapebas, as mulheres não representam sequer 60% dos homens que estão no mercado. Comparativamente, elas são praticamente metade do número deles. Há, no maior produtor de minério de ferro de alto teor do planeta, 27,1 mil homens empregados e apenas 15,9 mil mulheres na mesma situação. No vizinho de Canaã dos Carajás, são 7,1 mil homens e 4,2 mil mulheres devidamente formalizados.

Os municípios com maior presença feminina absoluta no mercado de trabalho são Belém (171,9 mil), Ananindeua (23,3 mil), Santarém (18,4 mil), Marabá (18,1 mil), Parauapebas (15,9 mil), Castanhal (11,8 mil), Barcarena (7,3 mil), Altamira (6,6 mil), Abaetetuba (6,5 mil) e Paragominas (6,5 mil).

Por outro lado, o município com menor contingente de mulheres na ativa é o pequeno São Caetano de Odivelas (54). Odivelas é seguido por Magalhães Barata (apenas 112 mulheres), Santa Cruz do Arari (124), Aveiro (138), São João da Ponta (150), Bannach (161), Terra Alta (193), Palestina do Pará (203), Santarém Novo (210) e Pau D’Arco (239).