Pará ganhou quase 50 mil novos desempregados no 1º trimestre deste ano, diz IBGE

Blog havia antecipado no início do mês que desemprego aumentaria, com base na tendência do Caged. Para piorar, a renda média do paraense, que já era ruim, estagnou.

Continua depois da publicidade

O número de desocupados saltou de 394 mil para 441 mil no Pará entre dezembro e março deste ano. É como se o estado tivesse ganhado a população inteira de Conceição do Araguaia apenas de desempregados. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PnadC-T), referente aos primeiros três meses deste ano, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na manhã desta quinta-feira (16).

A pesquisa está em linha com as projeções do Blog, que no Dia do Trabalhador, 1º de maio, antecipou que o desemprego no estado iria aumentar nos próximos indicadores de PnadC-T do IBGE (veja aqui), considerando-se análises próprias feitas a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Segundo o IBGE, a taxa de desocupação atual do Pará é de 11,5%, a maior desde abril de 2018.

Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, no entanto, o Pará teve bom desempenho: adicionou 20 mil pessoas ao mercado de trabalho. Mas, de todo caso, até o rendimento médio do trabalhador, de R$ 1.540, estagnou perante dezembro (R$ 1.537) e caiu em relação a março de 2018 (R$ 1.561). A renda média do trabalhador paraense só não é pior do que a de quem trabalha no Maranhão (R$ 1.414), no Piauí (R$ 1.508) e na Bahia (R$ 1.527). E, pela deterioração dos valores na série histórica, se nada for feito, é questão de poucos trimestres para o estado chegar ao troféu de pior renda do país.

Além do aumento do desemprego e da estagnação da renda do paraense, o estado concentra números de informalidade alarmantes. De acordo com o IBGE, o Pará está em terceiro lugar entre os estados na taxa de trabalhadores da iniciativa privada sem carteira assinada. Em cada grupo de 100 trabalhadores, pelo menos 46 trabalham sem ter vínculo celetista. 

Belém

Enquanto o Pará foi mal no geral, a capital paraense, Belém, seguiu na contramão no quesito renda. Sua melhora discreta, de meros R$ 55 entre março de 2018 e março de 2019, foi o suficiente para tirar duas capitais de seu caminho. Antes, Belém estava em 18º lugar em rendimento médio; agora, após derrubar Salvador (BA) e Boa Vista (RR), ocupa a 16ª colocação, vizinha a Goiânia (GO), uma das capitais mais prósperas do país. A atual renda média do trabalhador de Belém é de R$ 2.527, praticamente R$ 1 mil acima da média do estado.

Mas que ninguém se iluda: o desemprego na capital também aumentou, e muito acima da média. Belém saltou de 92 mil desempregados em dezembro para 114 mil em março. A metrópole paraense encerrou 2018 com taxa de desocupação de 12,2% e, desde então, viu o índice disparar para 14,8%. Agora, a capital entrou para a lista nada desejável das dez capitais com, proporcionalmente, mais desempregados do Brasil, liderada por Manaus (AM), Rio Branco (AC) e São Luís (MA), todas com taxas superiores a 17% — Manaus atinge 19,4%. Goiânia segue como a capital com menor taxa de desemprego: 7,2%.