Pará ganha 90 mil novos moradores, segundo polêmica estimativa do IBGE

Em publicação de 21 de janeiro, quando antecipou dados populacionais do estado para 2019, Blog do Zé Dudu acertou na mosca o número de habitantes, que atualmente são 8.602.865.

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O Pará recebeu ou viu nascer 89.368 novos habitantes de 2018 para 2019, ou 245 por dia nesse período, ou dez por hora, ou um a cada seis minutos. É o que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de divulgar, por meio da última Estimativa da População 2019 desta década, com referência a 1º de julho.

A população atual do estado é de 8.602.865 habitantes, segundo o órgão — são 4.315.587 homens e 4.287.278 mulheres; a maior parte, 1.631.001, jovens com idade entre 15 e 29 anos. O Blog do Zé Dudu havia antecipado o dado com exatidão em publicação de 21 de janeiro (veja aqui), quando calculou o custo das assembleias legislativas do país. O Pará é o 9º estado mais populoso do Brasil, atrás de São Paulo (45.919.049 habitantes), Minas Gerais (21.168.791), Rio de Janeiro (17.264.943), Bahia (14.873.064), Paraná (11.433.957), Rio Grande do Sul (11.377.239), Pernambuco (9.557.071) e Ceará (9.132.078).

Essa é a última estimativa do IBGE antes da realização do censo demográfico de 2020, quando o Pará deverá conhecer, com mais fidelidade, quantos são, onde e como vivem seus habitantes. A estimativa, por exemplo, não fornece números sobre gênero (homens e mulheres) tampouco sobre a situação do domicílio (urbano ou rural). Além disso, os números das estimativas são polêmicos, principalmente em nível de município. O caso mais curioso e emblemático talvez seja o de Canaã dos Carajás, onde há mais eleitores que a população atual.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em julho Canaã tinha 38,9 mil eleitores, enquanto o IBGE registrou população total de 37,1 mil habitantes. Outra situação curiosa é quanto à população de São Félix do Xingu, a qual foi sobrecontada durante o censo de 2010 e o IBGE saiu arrastando os números em estimativas posteriores, de modo que em 2019 São Félix teria 128,5 mil, quando, em verdade, a população não passaria de 80 mil. Para se ter ideia da bizarrice nos dados populacionais, São Félix do Xingu tem hoje menos eleitores (35,4 mil) que Canaã dos Carajás.

Situação esdrúxula também foi apurada pelo Blog do Zé Dudu com relação à população do município de Jacareacanga. Na cabeça do IBGE, são, hoje, 8,2 mil pessoas. Mas é algo tão surreal que foi parar nos tribunais na Seção Judiciária de Itaituba. A população que a Prefeitura de Jacareacanga reconhece como legítima, e amparada em processo judicial, é de 41,5 mil habitantes. Jacareacanga, ressalte-se, é daquele mesmo caso de Canaã dos Carajás: mais eleitores que a população estimada (e equivocada) pelo IBGE. Naquele município da região do Tapajós, o TSE contabilizou em julho 10,5 mil eleitores.

Municípios

Em 1º de julho deste ano, mais um município paraense entrou para o pelotão dos “médio”, com mais de 200 mil habitantes. Foi Castanhal, que cravou 200,8 mil moradores. Ele se junta ao pelotão formado por Belém (1,493 milhão), Ananindeua (530,6 mil), Santarém (304,6 mil), Marabá (279,3 mil) e Parauapebas (208,3 mil).

Parauapebas, aliás, só perde para Belém em números absolutos de novos moradores por ano. De acordo com o IBGE, o município recebe ou vê nascer 15 novos moradores diariamente e quase 5.400 por ano. No entanto, o Blog do Zé Dudu calcula, com base na métrica de eleitorado, que a população atual do município de Parauapebas deva aparecer no censo de 2020 em cerca de 255 mil residentes. Caso se confirme, o município terá ganhado esta década 100 mil novos habitantes, dez mil anualmente. A população urbana de Parauapebas poderá surpreender até mesmo a de Marabá, que populacionalmente cresceu mais devagar esta década. A julgar pelo eleitorado, Marabá tem hoje somente 4.200 votantes a mais que Parauapebas, diferença muito pequena.

A disputa entre Parauapebas e Marabá só terá desfecho demográfico concreto no final da década que vem, quando Marabá, por conta da grande carteira de empreendimentos previstos para seu território, deverá polarizar o crescimento econômico no Pará, ao passo que Parauapebas deverá enfrentar consequências financeiras sérias em razão da exaustão das minas de ferro operadas pela Vale e pela concorrência natural com Canaã dos Carajás, que centralizará as atividades produtivas da empresa com uma futura expansão da mina de S11D.

No total, 129 municípios tiveram aumento na população, enquanto 15 registraram decréscimo, conforme pode ser visto no quadro elaborado pelo Blog do Zé Dudu. Sete dos que perderam habitantes estão no sudeste do estado, entre os quais Curionópolis, de quem o IBGE retirou 85 pessoas. Os números da estimativa são encaminhados ao Tribunal de Contas da União (TCU) para, entre outros critérios, estabelecer a partilha do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) do ano que vem.