Pará desbanca Amazonas e vira estado mais industrializado do Norte

Mas só em quantidade de unidades fabris e, ainda assim, com controvérsias: Amazonas segue gerando mais empregos, pagando maior volume de salários e faturando bem mais em vendas.

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A maior economia da Amazônia é o grande destaque de um estudo divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a industrialização no Brasil. Entre 2009 e 2018, o Pará ganhou 19,1 pontos percentuais na fatia da indústria entre os sete estados da Região Norte e assumiu a ponta como o mais industrializado, pelo menos no quesito quantidade de unidades locais. As informações estão disponíveis na Pesquisa Industrial Anual (PIA) lançada hoje e cujos microdados foram analisados pelo Blog do Zé Dudu.

Tradicionalmente considerado o mais industrializado do Norte do país, o estado do Amazonas viu sua Zona Franca perder força para a extração mineral concentrada notadamente em Carajás. Os municípios de Parauapebas, Canaã dos Carajás e Marabá, líderes nacionais na produção de minérios de ferro e cobre, sustentam o status paraense alcançado em 2018 como polo industrial. Segundo o IBGE, a indústria extrativa representa 79,8% da produção do Pará.

Hoje, o estado concentra 49,9% do movimento industrial da Região Norte, enquanto o Amazonas participa com 44,5%. O mais expressivo fora desses dois é a indústria de transformação de Rondônia. Em contexto de Brasil, entretanto, a participação paraense ainda é tímida, conforme apurou o Blog do Zé Dudu, em dados mais detalhados da pesquisa.

O estado tinha apenas 708 unidades industriais locais com mais de 30 empregados em 2018, sendo o 13º do ranking. Goiás, menos populoso que o Pará e sem a intensidade de produção mineral, tinha, por outro lado, 1.543 unidades, mais que o dobro. Além disso, as empresas industriais paraenses, por estarem altamente concentradas na indústria mineral, geram poucos empregos, superconcentrando o bolo da receita.

De acordo com o IBGE, apenas 82,1 mil trabalhadores estavam ocupados nessas 708 unidades locais, 14ª posição no ranking. No Amazonas, por exemplo, 87,6 mil pessoas trabalhavam na indústria local, mesmo ela tendo perdido participação proporcional. Na prática, o aumento da intensidade produtiva no Pará não implica necessariamente geração de emprego e renda a seu povo, o que condena o estado às condições perpétuas de subdesenvolvimento, bem como às diferenças internas de progresso, com linhas claras e preocupantes de mazelas separadas por alguns poucos quilômetros.

Movimento mediano

A indústria paraense movimentou em 2018 cerca de R$ 3,08 bilhões em salários (13º no ranking) e reportou vendas de R$ 75 bilhões naquele ano (10º). Esses valores consideram apenas as unidades com mais de 30 empregados. Já a indústria do vizinho Amazonas segue à frente, pagando salários que somam R$ 3,96 bilhões e reportando vendas de R$ 99,3 bilhões.

O estado de São Paulo, embora tendo perdido participação na fatia da indústria nacional, lidera com folga em todos os cenários, de modo que seu parque gerou vendas que superaram R$ 1 trilhão, mais de três vezes o movimento do segundo colocado, Minas Gerais, que vendeu R$ 328 bilhões, e mais de 8.000 vezes a produção do último no ranking, Roraima, que vendeu R$ 129 milhões.