Nasce o primeiro bebê de paciente transplantada no Hospital Regional de Santarém

A mãe descobriu que tinha insuficiência renal em sua primeira gravidez, aos 19 anos, durante a realização do pré-natal.

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“Uma vida que surgiu a partir do resgate de outra vida, de alguém que estava com um diagnóstico difícil, de insuficiência renal crônica. Nossa paciente não apenas voltou a viver, como gerou uma nova vida. É a representação mais pura do significado de vida”. Essa foi a definição dada pelo médico nefrologista, Emanuel Esposito, responsável técnico pelo serviço de Transplante no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), e que acompanhou toda a gravidez de Daiane Teixeira de Sousa, 22 anos, primeira transplantada a engravidar e dar à luz a uma bebê na região Oeste do Pará.

Daiane descobriu que tinha insuficiência renal em sua primeira gravidez, aos 19 anos, durante a realização do pré-natal. Por consequência da doença, perdeu o primeiro bebê. Natural de Oriximiná, a jovem se mudou para Santarém para fazer as sessões de hemodiálise, no Centro de Terapia Renal Substitutiva do HRBA, referência no atendimento na região Norte do País e gerenciado pela Pró-Saúde, uma das maiores instituições do País na gestão hospitalar e com mais de 50 anos de experiência.

Transplante realizado com sucesso

Após um ano da descoberta da insuficiência renal crônica, Daiane passou por transplante de rim no dia 30 de julho de 2018, no Hospital Regional, unidade que pertence ao Governo do Pará, credenciado para realizar transplantes de rins desde novembro de 2016.

Até o momento, o hospital já realizou 57 transplantes de rins. Daiane foi a 26ª pessoa a realizar o procedimento. “Essa paciente recebeu transplante de doador vivo. O próprio irmão foi o autor deste gesto de amor. Ela passou por várias intercorrências. Mesmo após o transplante, teve reincidência da doença, melhorou e então surgiu a gravidez”, afirma o médico nefrologista que acompanhou a paciente durante todo o pré-natal, realizado no Regional do Baixo Amazonas.

O nefrologista explica que a recomendação é que paciente transplantada não engravide, pois trata-se de uma gestação de risco, pelo fato de possuir um importante órgão comprometido. Entre os riscos possíveis estão: parto prematuro, descolamento de placenta e má formação do bebê. Apesar dos riscos, a paciente foi devidamente assistida pela equipe do Regional.

O médico obstetra Joaquim Fernandes, que fez o parto da jovem, explicou que antes do transplante, o risco era muito maior. “O nascimento dessa criança foi uma superação. O parto foi um sucesso e a criança é super saudável. Vamos seguir fazendo acompanhamento e montar um bom planejamento familiar junto aos médicos nefrologistas”, afirma.

“Esse é um dos poucos casos registrados no Pará. Ver essa criança saudável é a prova de que a terapia do transplante recobra todas as atividades de uma pessoa normal. Foi um sucesso! Trouxemos uma paciente de volta à sociedade, permitindo que mesmo transplantada, ela possa desfrutar plenamente de sua vida, possa realizar sonhos. O transplante trouxe uma nova oportunidade para Daiane trabalhar, viajar, para viver sem estar ligada a uma máquina, três vezes por semana, durante quatro horas”, reforça o médico Emanuel Esposito.

O Hospital Regional do Baixo Amazonas é uma unidade de saúde especializada em casos de média e alta complexidades, reconhecido como um dos dez melhores hospitais públicos do Brasil, sendo referência para uma população de 1,3 milhão de pessoas residentes em 28 municípios do Oeste do Pará. A instituição é certificada pela Organização Nacional de Acreditação com o nível máximo de qualidade, a ONA 3 – Acreditado com Excelência.

Uma vitória na vida, outra no nome

Pesando 2,5 kg e medindo 46 centímetros, Emanuela Vitória Sousa Batista nasceu no dia 3 de março de 2020. Para sempre, a pequena vai carregar no nome, o resultado da luta pela vida, que Daiane viveu. O segundo nome da bebê, Vitória, foi escolha da avó, que sempre acompanhou a filha durante as sessões de hemodiálises. “Minha mãe disse que se ela nascesse saudável, porque era uma gravidez de risco, seria uma vitória para todos nós, por causa de tudo que passei. Então foi isso, a vitória na luta pela minha vida, e da minha bebê”, reforça.

Para o diretor Hospitalar, Hebert Moreschi, é uma satisfação enorme do Hospital Regional poder contribuir com esta história e com novos avanços na medicina. “Temos um hospital muito bem estruturado e gerenciado, com profissionais competentes para fazer todo serviço que envolve transplante. É uma realização para todos nós esse nascimento da pequena Vitória e mostra que estamos cumprindo nosso papel de servir os pacientes, de trazer resolutividade, qualidade e humanização em nossos atendimentos, restabelecendo a saúde em um sentido ainda mais amplo, além do físico e também no social”, conclui.