Ministério atualiza lista “secreta” de população urbana; veja maiores cidades do Pará

Blog fez levantamento completo do número de habitantes oficial nas cidades, algo desconhecido porque o IBGE não divulgada em suas estimativas anuais os recortes por situação de domicílio.

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Qual a população atual das cidades brasileiras e, em especial, das paraenses? Esta é uma pergunta que muitos pesquisadores e estudantes fazem, sem, contudo, ter base de referência oficial, uma vez que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até divulga anualmente a estimativa da população do país, mas se nega a divulgar informações acerca do número de habitantes por situação de domicílio (urbanos e rurais). O instituto só discrimina urbano e rural em censos demográficos, realizados geralmente em anos terminados em zero, e nas contagens de população, feitas em meio de décadas — embora na década atual não tenha havido em função de cortes injustificados no orçamento para a empreitada.

Mas o Blog do Zé Dudu fez um levantamento inédito e exclusivo com números oficiais do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), que “chupou” dados do IBGE para abastecimento do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Ou seja, o IBGE faz, sim, o recorte da população urbana sob encomenda de outros órgãos, valendo-se de percentuais registrados no censo anterior, no caso, o de 2010.

Os números mais recentes disponíveis são de 2017, quando o Pará tinha 8,37 milhões de habitantes, dos quais 5,71 milhões moravam em cidades ou em distritos considerados urbanos. A população rural paraense totalizava 2,66 milhões de pessoas, o que faz do Pará um dos estados com maior concentração de população camponesa do Brasil.

Belém e Ananindeua: as “mega”

Pelo menos oito cidades paraenses já tinham, dois anos atrás, população superior a 100 mil habitantes. A maior delas, Belém, contava com 1,44 milhão de habitantes. Pouco menos de 12.500 moradores da capital são considerados rurais. Belém é uma das maiores metrópoles brasileiras e ocupa a 11ª colocação, atualmente, em tamanho. Demograficamente falando, está espremida entre Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS), de acordo com a estimativa da população de 2018 do IBGE, a mais recente.

Mas os números estimados — que sofreram profunda revisão no ano passado em respeito à projeção para um horizonte até 2060 — são controversos. Belém, por exemplo, embora tenha 10 mil habitantes a menos que Goiânia, tem 13 mil eleitores a mais; e embora apareça 6 mil cidadãos maior que Porto Alegre, a capital gaúcha possui 110 mil eleitores à frente da paraense. No fim, apenas o censo demográfico de 2020 vai tirar as muitas dúvidas e lançar luz aos mistérios que envolvem o tamanho da população, que é um dos critérios para turbinar o caixa das prefeituras, estas as quais faturam mais do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), entre outras receitas, quanto maior for a população que tomar conta.

Depois da extremamente citadina capital do Pará, a maior população urbana é encontrada em Ananindeua (514,8 mil habitantes), com quem a metrópole se conurba para formar a Grande Belém (ou Região Metropolitana de Belém). Para fins de delimitação, apenas ruas e avenidas separam as cidades emendadas, que comungam dos mesmos problemas (como deficiência na infraestrutura e violência), mas bebem de fontes de receitas separadas — a Prefeitura de Belém fica com seus R$ 2,61 bilhões de arrecadação de um lado, enquanto a Prefeitura de Ananindeua patina com seus R$ 632 milhões de outro.

O crescimento de Parauapebas

Na sequência, aparecem Santarém (217,1 mil habitantes) e Marabá (216,5 mil habitantes), que duelam pelo título de terceira cidade mais populosa, com alta possibilidade da “Rainha do Tocantins” tomar o título da “Pérola do Tapajós” já no censo de 2020. No recenseamento de 2010, a cidade de Santarém tinha 19,5 mil moradores a mais que a cidade de Marabá.

Em 4º e 5º lugares aparecem Parauapebas (182,3 mil habitantes) e Castanhal (173 mil habitantes). Parauapebas, não é segredo, é a cidade do interior paraense que mais cresceu em número absoluto de moradores de 2010 para cá. Dentro da “Capital Nacional do Minério de Ferro”, nos últimos nove anos, ergueu-se praticamente uma cidade com quase 45 mil novos moradores — é como se uma área urbana do tamanho da riquíssima Barcarena tivesse emergido do nada dentro de Parauapebas, que ultrapassou Castanhal com folga.

Depois, ainda há a metropolitana Marituba (126,5 mil habitantes) e Tucuruí (105,2 mil), que completam o time das cidades com mais de 100 mil moradores. Essas cidades possuem consideráveis adensamentos urbanos e manchas interessantes quando vistas em mapas com recortes cartográficos, denotando o acelerado processo de expansão populacional, quase sempre — e frequentemente — desacompanhado de desenvolvimento e qualidade de vida no Pará.

O que estimativas não mostram

Entre 50 mil e 100 mil habitantes, há 12 outras cidades paraenses, algumas das quais espécie de muitas dúvidas quanto a seu real tamanho. Altamira, por exemplo, é o caso mais emblemático, por ter crescido desesperadamente à esteira da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, entre 2012 e 2015, quando se deu o pico das obras. É esperado que a cidade de Altamira ultrapasse a de Tucuruí em tamanho nos resultados finais do censo de 2020, assim como se espera que a população do município (e não da cidade) de São Félix do Xingu seja corrigida para menor em relação ao número absurdo conferido no censo de 2010.

Nas contas do IBGE, São Félix do Xingu teria hoje aproximadamente 125 mil habitantes, mas outras estatísticas oficiais e com apurações inclusive mensais (como de eleitorado, mercado de trabalho, pobreza, educação e receita) passam na contramão e ao largo do contingente voraz discriminado pelas estimativas do órgão, que poderá ter a chance de rever a população municipal e constatar que São Félix nunca chegou sequer a 100 mil habitantes.

A mesma justiça — porém, para mais — deve ser feita com Canaã dos Carajás, para quem o instituto insiste em atribuir menos de 40 mil habitantes, quando, em verdade, o município recebeu metade disso apenas entre 2014 e 2016, período do pico das obras do projeto S11D, da multinacional Vale. Atualmente, a cidade de Canaã dos Carajás se comporta como uma área urbana de 50 mil habitantes, mas, nas contas do IBGE, seriam apenas 28 mil moradores citadinos. Canaã dos Carajás, entre 2000 e 2010, em cujo entremeio foi erguido o projeto Sossego, já aparecia no listão dos dez municípios brasileiros com maior expansão populacional. Em 2020 não será diferente.

A menorzinha de mil e poucos

Muito longe da badalação e das polêmicas das cidades grandes e das que se acham como tais, três cidadezinhas do Pará estão quase invisíveis no mapa. O trio não tem sequer 2.000 moradores. São cidades menos populosas que 30 dos 55 bairros de Parauapebas. Elas são Santarém Novo (1.922 habitantes), Bannach (1.196 habitantes) e São João da Ponta (1.169 habitantes).

Embora Bannach seja sempre reportado como o município menos populoso do Pará (e é), sua cidade não é a menor. Isso acontece porque a população da cidade é apenas uma parte do todo, que é a população do município. Entre os três municípios citados, inclusive, Bannach é quem tem a maior taxa de população urbana: 37,5% — enquanto Santarém Novo tem 29,5% e São João da Ponta, 19,6%.

O município com mais elevada taxa de população urbana é Ananindeua (99,8%), seguido de Belém (99,1%), Marituba (99%), Tucuruí (95,2%), Redenção (92,7%), Soure (91,4%) e Parauapebas (90,1%).

Os menos urbanos são Chaves (11,9%), Água Azul do Norte (19,5%), São João da Ponta (19,6%) e São João do Araguaia (19,7%).

Em valores absolutos, os municípios com maiores contingentes de população vivendo no campo ou em povoados considerados rurais são Santarém (79,3 mil habitantes), Barcarena (77,1 mil), Cametá (75,4 mil), São Félix do Xingu (63,2 mil), Abaetetuba (63,2 mil), Marabá (55,1 mil) e Moju (51,1 mil).

Confira a lista completa abaixo.

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