Jacundá pretende gastar quase R$ 25 milhões com frota da prefeitura

Administração de Ismael Barbosa está disposta a gastar mais com manutenção de veículos do que, por exemplo, com o pagamento de profissionais do magistério ou com a saúde municipal.

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O prefeito Ismael Barbosa deu início no último dia 7 ao maior processo licitatório já visto no município de Jacundá. E não, não é para melhorar os indicadores de qualidade da educação muito menos para fazer ajustes promissores na saúde. Barbosa está de olho na aquisição de peças e na prestação de serviços de automecânica e autoelétrica para veículos leves e pesados da frota própria da prefeitura. O valor do registro de preços é de impressionantes R$ 24.825.414,64 (veja aqui), praticamente um terço da receita líquida de R$ 87.501.173,19 arrecadada ao longo do ano passado.

A licitação começou com um memorado da Secretaria Municipal de Planejamento ao Gabinete de Ismael Barbosa em outubro de 2018, solicitando autorização para serviços de manutenção corretiva e preventiva da frota. Daí por diante passou a se desenrolar, por meio de pesquisa de mercado para registro de preços até os quase R$ 25 milhões disponíveis para a empreitada. O parecer jurídico aprovou a licitação e sua publicação no Diário Oficial da União (DOU) ocorreu no dia 26 de fevereiro.

Curiosamente, o valor desse registro de preços — que mostra a disposição financeira da Prefeitura de Jacundá em gastar com peças — é maior que todo o gasto do governo de Ismael Barbosa com a saúde no ano passado: R$ 20,4 milhões. O valor é tão graúdo que chega a ser praticamente equivalente à arrecadação municipal do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), no valor total de R$ 25,6 milhões.

Jacundá, não é demais lembrar, vem de uma cansativa greve de educadores, que reivindicavam direitos e chegaram a ocupar o prédio da prefeitura. A despesa do governo com os profissionais do magistério, da ordem de R$ 19,9 milhões, é inferior ao dispêndio com as peças da frota oficial, que ninguém sabe por quantos veículos é composta. Enquanto isso, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, ao menos 25,6 mil jacundaenses vivem em condições de pobreza, passando sufoco com menos de meio salário mínimo por mês.